O Japão deixou a reunião anual da Comissão Internacional de Baleias (IWC, na sigla em inglês), realizada entre os dias 20 e 24 de junho na Coréia do Sul, de cabeça baixa. A Noruega e a Islândia também. Os países baleeiros queriam o fim da moratória à caça às baleias e aumentar o número de espécimes abatidos de 440 para 850. Obtiveram dois “não!” como resposta. Mas não terminou por aí. Ainda receberam uma carta assinada por 25 países, incluindo o Brasil, repudiando as pesquisas nipônicas que exigem a morte de animais para fins científicos.
A Embaixada do Japão no Brasil afirmou que lamenta a derrota de suas propostas e que vai aumentar a cota de animais mortos de qualquer jeito devido a demanda de seus trabalhos. O secretário da Embaixada, Noritaka Akiyama, afirmou que a quantidade de baleias capturadas é baseada em dados estatísticos e que os estudos realizados por seu país são elogiados pela IWC.
Segundo José Truda, integrante da delegação brasileira na reunião e colunista de O Eco, o argumento é “balela de embaixada”. A Comissão Científica da IWC apresentou um documento este ano, assinado por 63 cientistas de 19 países, contra a pesquisa letal. Além disso, foi vetada a proposta japonesa de por fim ao Santuário Antártico.
A vitória dos conservacionistas foi comemorada por Truda, mas ele confessou que o aumento da cota científica não depende da comissão. “Cada país auto-regulamenta as suas cotas, por isso a IWC não pode punir ninguém.” Truda disse que para barrar os japoneses alguns países estão pensando em entrar na justiça internacional. “Os países vão alegar abuso político e econômico da ciência”, diz.
Mas o Brasil ganhou uma batalha quase que pessoal contra o Japão. Há cinco anos, o Itamaraty propõe junto com Argentina e África do Sul a criação de um Santuário do Atlântico Sul. O que significa proibir a caça de baleias em todo o oceano. Neste ano, a proposta foi aprovada por maioria simples: 29 votos contra 26. Ainda assim não passou. Pelas regras da Comissão, a criação de santuários necessita de ¾ dos votos. Ou seja, 41 países dizendo sim, somos contra a pesca no Atlântico Sul. Mas as delegações a favor da proposta não desanimaram, pois consideraram o resultado uma arma política contra a pressão dos países caçadores. “Essa vitória mostra que a vontade das nações conservacionistas deve ser preservada. Mesmo que a moratória seja abolida, vão ter que respeitar as nossas decisões,” disse Truda.
Outra votação em que o Japão saiu derrotado foi a do voto secreto. O país queria que a estratégia fosse adotada para reduzir a pressão ao seus apoiadores. Os protetores das baleias afirmam que o Japão está comprando votos de países pobres, como Nauru, Togo, Gâmbia e Camarões, que aderiram à matança de baleias este ano. Truda afirmou que o voto desses países é mais por política do que por ideais ambientais. Ele citou o Panamá como exemplo prático. O governo mudou e com ele o alinhamento com os caçadores também.
A próxima reunião acontece em maio de 2006 na lha caribenha de St. Kit’s & Nevis.
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