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À semelhança da agricultura orgânica, a agroecologia despreza a monocultura e rejeita produtos químicos. A diferença é que ela abraça as técnicas típicas da cultura de plantio local e as difunde promovendo encontros entre camponeses. A agroecologia é ideal para regiões em desenvolvimento. Quem diz isso é a ONU, na análise Agroecologia e o direito à comida (em inglês). Por abolir o uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos e preconizar a troca de informações entre os camponeses, a agroecologia pode produzir com custos mais baixos e integrar sociedades que vivem afastadas, muitas vezes isoladas de contatos com centros urbanos maiores. O documento também afirma que, se suficientemente apoiada, a produção de alimentos feita com esses princípios pode dobrar em 10 anos e reduzir a pobreza rural.
No Brasil, essas possibilidades poderiam empacar exatamente no “suficientemente apoiada”. Entretanto, ao contrário, a perspectiva é mais otimista, pois o governo federal parece poder dar indiretamente um empurrão no assunto. A ferramenta é o plano nacional de assistência técnica e extensão rural (Ater), que tem como objetivo universalizar as técnicas agrícolas para núcleos de agricultura familiar.
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Com esse cartão de visitas, boa parte das instituições civis está participando dos editais para oferta de Ater. Já ganharam vários, como o próprio Centro Sabiá, que atenderá 3.160 famílias. A cearense Cetra – Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador venceu licitação e será responsável pela Ater em 900 comunidades da região de Itapipoca. No segundo resultado da chamada pública de serviços de Ater, no Ministério do Desenvolvimento Agrário, ONGs que fazem parte da ASA estão lá disputando edital a edital com outras instituições, entre elas empresas estaduais especializadas, como a Emater. A Diaconia, por exemplo, levou o 1º lugar em um dos editais de Pernambuco e ficou em 3º lugar no Rio Grande do Norte. Essa ONG trabalha na implantação de cisternas do P1MC, colabora com a construção de banheiros fora das residências e contribui na cimentação da área interna de casas de gente simples.
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O agrônomo Luciano Marçal, da ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, lembra que um dos princípios da agroecologia é a diversificação tanto das colheitas quanto dos mercados. A proximidade é o critério tanto para que os camponeses possam fazer vendas institucionais (à prefeitura, às instituições de acolhimento de idosos, às creches) ou para organizar pequenos mercadinhos e feiras públicas.
Cristina, da Cetra, aponta como um diferencial das feiras agroecológicas a possibilidade do consumidor conversar com o produtor do seu alimento. “Existe um valor nessa relação, na chance que o comprador tem de falar com o homem que trabalhou a terra”.
É jogo de ganha-ganha. Os homens do campo até então desassistidos recebem Ater, os consumidores têm a chance de adquirir alimentos mais saudáveis e o meio ambiente recebe menos fertilizantes, sementes transgênicas e herbicidas.
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