Depois de 5 horas de trilha e ter ido às alturas com o Pico do Andaraí Maior, da Tijuca Mirim, da Tijuca, do Archer e do Papagaio − retratados na matéria “Um circuito nas alturas (parte 1)”, − o Circuito Externo continua. Ainda faltam quatro cumes para o passeio ficar completo!
Uma placa aponta a próxima subida e o novo destino: Cocanha. O nome significa “em abundância” e faz referência ao que indica ter sido uma grande plantação de árvores frutíferas na região, feita pelo antigo proprietário das terras no entorno do morro. No topo existe uma pedra, para subi-la é preciso levar uma corda ou uma escadinha para prender no gancho, ou contornar a pedra e escalar a árvore que leva pela fenda até o cume da pedra. É do alto dessa pedra que se tem a verdadeira vista do Mirante.
Não sei se foi porque o meu queixo tinha caído com essa exuberante floresta ou se estava ofegante, mas o dito já diz que é só “em boca fechada” que não entra mosca, e eu tive o bônus nutritivo de engolir um mosquito. Alimentada, o Circuito Externo continua… Para concluir o circuito a descida é pelo outro lado, na chamada trilha da Cocanha invertida. É por lá que chega-se no Platô do Céu, local de onde começa a trilha para o Morro da Taquara.
O Morro da Taquara e seus Castelos são ignorados pela maioria dos visitantes do Parque Nacional da Tijuca. Poucos sabem a beleza desse recanto. No mirante dá para ver bem todas as praias, desde São Conrado até o comecinho da Reserva do Recreio dos Bandeirantes. O que impressiona mesmo são os Castelos da Taquara, que ficam ali do lado, acessíveis por uma pequena e tranquila trilha. Lá as pedras gigantes desafiam à escalada, que fica mais fácil com a ajuda de um cabo de aço instalado na rocha. O nome do lugar faz pensar que ali em cima é uma torre vigia de um castelo, de fato, que guarda as entradas desse patrimônio natural.
Após sete horas de trilha, ainda falta um último mirante, o “nanico” do Circuito Externo, o Mirante da Cascatinha, com “só” 517 metros de altitude. Para chegar lá é preciso abandonar os Castelos e encarar uma descida leve, num antigo caminho colonial bem preservado. A trilha cruza uma ponte pênsil e encontra com o Circuito Interno do PNT. Os trechos comuns divergem com o fim do Caminho da Cova da Onça. A partir daí são cerca de 20 minutos de subida tranquila, para enfim, chegar no Mirante que dá vista para a impressionante Cascatinha. O diminutivo parece até equivocado de tão volumosa e poderosa que parece a queda d’água, mesmo à distância.
Nove picos. Nove vezes no topo. Cada cume tem o poder de te dar uma nova perspectiva sobre o Rio de Janeiro e sobre si. No alto de cada um desses gigantes, somos tão grandes e ao mesmo tempo, percebemos o quanto somos pequenos, formiguinhas no asfalto, na praia ou na floresta. O Circuito Externo convida o visitante para brincar de ser dono do Rio e, como bom dono, a cuidar das riquezas que a natureza generosamente concedeu aos cariocas.
Um circuito nas alturas (parte 1)
A beleza interior do Parque Nacional da Tijuca
O primeiro caminho oficial da Transcarioca
Leia também
Entrando no Clima#41 – COP29: O jogo só acaba quando termina
A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar. →
Supremo garante a proteção de manguezais no país todo
Decisão do STF proíbe criação de camarão em manguezais, ecossistemas de rica biodiversidade, berçários de variadas espécies e que estocam grandes quantidades de carbono →
A Floresta vista da favela
Turismo de base comunitária nas favelas do Guararapes e Cerro-Corá, no Rio de Janeiro, mostra a relação direta dos moradores com a Floresta da Tijuca →