![]() |
A mineração de ouro na Guiana é importante para a economia do país, onde o setor minerário responde por 11% do PIB. Entretanto, cobra um alto preço da floresta. O uso do mercúrio, ainda que comece a cair, continua a produzir consequências nefastas para o meio ambiente e a saúde da população.
“Na Guiana, a degradação das florestas é causada principalmente pelas atividades de mineração, exploração seletiva de madeira de corte e incêndios florestais”, afirmou a ((o))eco, Robert Persaud, ministro dos Recursos Naturais. A área total de florestas na Guiana em 2011 foi estimada pelo governo em 18.39 milhões de hectares, dos quais 15.5 milhões são administrados pelo Estado.
O ministro disse ainda que mineiros de pequeno e médio porte produzem 100% do ouro na Guiana. Em 2011, essa produção foi de aproximadamente 10,2 toneladas, realizada por um número estimado entre 15.000 e 20.000 mineiros. Enfatizou que é difícil controlar essa atividade, pois, na Guiana, ela está espalhada por uma vasta área que, na maior parte, é desabitada e fica em territórios de florestas densas.
Em outubro de 2012, o preço do ouro chegou a USD$1.700 (R$3.400) por onça (28,34 gramas), um aumento de 5 vezes em uma década. Embora atividades mineradoras ocorram na Guiana há mais de um século, a disparada do preço iniciou uma nova corrida ao ouro, que atraiu grupos de outras ocupações, tais como fazendeiros, pescadores e operadores de maquinário pesado, que eram moradores urbanos.
“Para minimizar a degradação das florestas, o aumento no interesse pela mineração de ouro vem sendo monitorado de perto, com salvaguardas ambientais mais fortes e exploração sustentável de madeiras de corte para minimizar a degradação das florestas”, disse Persaud. Entre as medidas, está o fortalecimento das agências reguladoras, como a Comissão Florestal da Guiana e a Comissão de Geologia e Minas da Guiana (CGMG).
![]() |
O ministro afirmou que a Comissão de Geologia e Minas recebeu poderes de fiscalizar com maior rigor as licenças, permissões e concessões de mineração, inclusive as operações de pequeno e médio porte. As áreas-alvo mais importantes são Port Kaituma, Puruni e Mahdia, pois são intensamente mineradas.
Mercúrio
Segundo Robert Persaud, a mineração feita na Guiana requer o uso de mercúrio. “Porém”, disse, “estamos pesquisando outras tecnologias que o substituam. Os próprios mineiros têm buscado alternativas”. Ele também afirmou que o governo da Guiana está usando seus meios legais para disciplinar o uso do mercúrio e reduzir seus impactos.
Em conversa com ((o))eco, o pesquisador Calvin Bernardo afirmou que “a atividade de mineração corresponde a 50% de toda a devastação florestal da Guiana” e concordou que a mineração ilegal de ouro ocorre numa escala tão pequena que localizá-la e fiscalizá-la são tarefas duras.
![]() |
Bernard alertou para os perigos do metal. “A forma com que separam o mercúrio do ouro libera o mercúrio elemental que fica impregnado nos cursos d’água e na vegetação. Os mineiros o inalam e ele é também absorvido pelos peixes”. Os peixes carnívoros são os maiores acumuladores de mercúrio. “O mercúrio é bio-ampliado nos predadores por se alimentarem de outros peixes”, disse. A forma mais nociva do mercúrio é o metil-mercúrio, pois produz efeitos fisiológicos que podem levar à morte.
Segundo Bernard, a quantidade de ouro extraída legalmente está aumentando, porém ainda há muitos mineradores ilegais operando na floresta. Devido aos altos lucros que obtêm, podem fugir abandonando seus equipamentos quando a fiscalização chega. Ele se preocupa com o fato de que não há esforços suficientes para assegurar que as áreas de mineração esgotadas sejam recobertas por vegetação. “Isso acaba ficando a cargo da própria natureza”.
Peru: protestos contra mineração se intensificam
Efeitos da mineração no meio ambiente
Amazônia colombiana: Santos cria zona estratégica de mineração
Leia também

A saga para salvar Curumim, um boto ferido no coração da Amazônia
Com arpão alojado no olho, boto-cor-de-rosa aguarda cirurgia há mais de 10 dias no interior do Amazonas. Cetáceo pode ter sido vítima de caça ilegal →

Brasil comercializou 7,3 bilhões de m³ de madeira de espécies ameaçadas entre 2010 e 2020
Mercado nacional foi responsável por 94% do consumo, que representa 6% de toda madeira comercializada no período, mostra estudo inédito →

Sociedade pede por nova área protegida na Grande São Paulo
Campanha pela criação do Parque Estadual do Morro Grande visa garantir proteção de um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica na Região Metropolitana de SP →