A Petrobras arrematou nesta quinta-feira (28) o bloco AC-T-8, uma das 9 áreas loteadas na fronteira do Acre com o Amazonas para exploração de gás e petróleo. Trata-se de uma concessão de 1.630,01 quilômetros quadrados no meio da Floresta Amazônia. Dentro do bloco está a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Japiim-Pentecoste, um dos ecossistemas mais vulneráveis da Amazônia, conforme parecer técnico da Secretaria do Estado do Meio Ambiente do Acre.
O trecho em questão é repleto de microbacias e espécies endêmicas. O conjunto de mata sobre areia branca é considerado “ecologicamente único”, segundo o documento. No parecer, o Instituto do Meio Ambiente do Acre recomenda que a área da Unidade de Conservação Japiim-Pentecoste seja excluída da exploração e aponta que as atividades podem “provocar impactos negativos nos conjuntos de ecossistemas locais, tendo como consequências prejuízos aos comunitários locais, que utilizam de forma sustentável os recursos disponíveis para subsistência”.
Além da área de preservação localizada no bloco em si, outras reservas diferentes e até uma terra indígena estão no conjunto de blocos que a Agência Nacional do Petróleo, Gas Natural e Biocombustíveis colocou em oferta. O Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas, órgão subordinado à Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, apontou, também em parecer técnico, todas as áreas de preservação e possíveis impactos. Tais áreas ainda podem ser leiloadas e há pressão política para que isso aconteça. Ao comemorar a concessão para a Petrobras, o governador do Acre, Tião Viana (PT), afirmou que “ter um bloco já contratado significa investimento no curto prazo e espaço para interesse de futuras empresas nos próximos leilões”.
Confira no infográfico abaixo os principais pontos relacionados à nova concessão:
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