Notícias

Países caçadores barram proposta de Santuário para baleias

Brasil falha em defender sua proposta de criar um santuário para as baleias no Atlântico Sul. Votos contra foram liderados pelo Japão.

Vandré Fonseca ·
3 de julho de 2012 · 12 anos atrás
A caça quase exterminou as baleias. O turismo de observação as deixa livres e gera renda para comunidades costeiras. Foto: José Truda
A caça quase exterminou as baleias. O turismo de observação as deixa livres e gera renda para comunidades costeiras. Foto: José Truda

Os 38 votos a favor não foram suficientes para transformar o Atlântico Sul em um santuário para baleias. Liderados pelo Japão, votaram contra 21 países. O número é baixo, quase a metade do número de países a favor, mas suficiente para impedir que se alcançasse o patamar de 75% de votos favoráveis,  necessário para aprovação da proposta. A decisão ocorreu ontem (2) durante a 64ª quarta reunião anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), realizada no Panamá.

O Brasil apresentou a proposta do Santuário em 1998, co-patrocinada pela Argentina e pelo Uruguai. Ela também teve o apoio dos demais países latino-americanos e dos Estados Unidos. A resistência principal é do Japão, que tem como aliados importantes países como a Rússia, Islândia e Noruega.

Para a presidente do Instituto Baleia Jubarte, Márcia Engel, que acompanha as discussões, perdeu-se uma oportunidade ímpar de livrar o Atlântico Sul da caça. “Esta é uma região em que a atividade [caça às baleias] já não é praticada e na qual o turismo de observação e a pesquisa crescem todos os anos. Eles têm um enorme potencial de geração de renda para as comunidades costeiras”, afirmou.

Apesar de líder da proposta, o Brasil não participou das reuniões prévias. A representação do país na reunião é feita por Marcos Pinta Gama, diplomata experiente em política internacional, na opinião de Márcia Engel, mas sem conhecimento profundo das questões relacionadas às baleias. Ele conta com apoio de dois técnicos do Ministério do Meio Ambiente, que não têm experiência prévia em reuniões da CIB ou em conservação de baleias.

No ano passado, quando a proposta foi retirada da votação, também faltaram representantes da área ambiental do governo brasileiro. Na reunião de 2011, a proposta tinha chance de ser aprovada, mas não chegou a ser votada, devido a uma manobra do Japão e de outros países contrários a idéia.

O Brasil deve buscar apoio de países africanos, defende Engel. Principalmente aqueles com quem mantém vínculo econômico, para conseguir aprovar a proposta na próxima oportunidade. “O voto favorável do Gabão à proposta do santuário este ano é um resultado do trabalho diplomático, pois historicamente este país sempre votou contra os interesses do Brasil”, disse. “Falta convencer outros, o que é factível”.

Votos a favor do Santuário Votos contrários ao Santuário Abstenções
África do Sul
Alemanha
Argentina
Austrália
Áustria
Bélgica
Brasil
Chile
Chipre
Colômbia
Costa Rica
Dinamarca
Equador
Eslovênia
Espanha
Estônia
EUA
Finlândia
França
Gabão
Holanda
Índia
Irlanda
Itália
Luxemburgo
México
Mônaco
Nova Zelândia
Panamá
Peru
Polônia
Suécia
Suíça
Reino Unido
República Tcheca
Uruguai
Antígua
Benim
Camboja
China
Coréia
Gana
Granada
Islândia
Japão
Kiribati
Laos
Mongólia
Nauru
Noruega
Palao
Rússia
St. Kitts
Sta. Lucia
Tanzânia
Togo
Tuvalu
Marrocos
St. Vincent
 


* Nota editada em 04/07/2012 às 16 horas.

 

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.