Pelo segundo ano consecutivo, o Pantanal se torna a arena de um dos maiores eventos de esportes radicais do Brasil, o Pantanal Extremo – Jogos de Aventura. Realizado na semana passada, entre os dias 13 e 16 de novembro, em Corumbá/MS, o evento reuniu 780 atletas inscritos – quase 300 a mais do que no ano passado, quando foi realizado sua primeira edição.
São sete modalidades esportivas praticadas ao ar livre, em contato com a riqueza e os desafios naturais do bioma: Stand Up Paddle, Mountain Bike, Corrida de Orientação, Maratona Aquática, Voo Livre, Canoagem e Corrida de trilha. Esta última sendo a grande inovação dessa edição, batizada como “7 milhas do Pantanal” – uma motivação a mais para os amantes da natureza, aventura e superação.
Mônica Salustiano, 41, coordenadora da maratona aquática, explicou a importância do evento para os participantes: “Os benefícios do Pantanal Extremo vem da integração social na promoção da saúde e no incentivo do esporte em sintonia com a conservação da paisagem pantaneira”, afirmou.
Todas as competições são brindadas com um cenário pra lá de especial, regado a muita adrenalina. O morro do Urucum, o rio Paraguai, trilhas rurais e urbanas nos arredores da cidade são utilizados pelos atletas e para os Festivais de Paraquedismo. Durante as competições, equipes formadas por médicos, bombeiros, com apoio do SAMU e da Marinha do Brasil garantem a segurança, o conforto e a tranquilidade aos atletas e visitantes. “O diferencial do evento é deixar um legado para Corumbá tanto de infraestrutura quanto de conscientização, é um outro tipo de turismo: o turismo preocupado em conservar e interagir com o espaço, de conscientização ambiental”, afirma Rodrigo Terra, idealizador e coordenador geral do evento.
Grandes nomes dos esportes de aventura estiveram presentes na cidade, como Dudu Jacintho e Carmen Lúcia da Silva, respectivamente recordista mundial de voo livre que chegou a percorrer 580 quilômetros no nordeste de asa-delta e hexacampeã brasileira de Canoagem. Jacintho elogiou e destacou a potencialidade de Corumbá para entrar como uma das etapas de circuitos nacionais de competição devido às condições climáticas e estruturais que favorecem o esporte na região. O Morro do Urucum, local escolhido para as modalidades de voo, é rico em minérios como ferro e manganês, o que propicia as termais – ar aquecido pelo sol e pelo solo que têm como efeito ser combustíveis para atletas de voo livre.
O atleta paranaense de Rio Negro, Juscelino Karnikowski, de 37 anos, veio a Corumbá pela segunda vez para participar do Pantanal Extremo. Na primeira edição, Karnikowski ficou em segundo lugar na modalidade de Corrida de Orientação. Segundo ele, essa foi a prova mais organizada que ele participou, não ocorreu falhas. “Vim no primeiro ano, voltei e quero participar de todas as edições do evento”, exclamou. Os atletas da corrida de orientação têm que estar munidos de bússola e lanterna para fazer a prova, que é dividida em diferentes etapas: noturnas e diurnas.
Terra explica que o Pantanal Extremo tem mostrado Corumbá ao Brasil e ao mundo como um destino turístico de esporte de aventura em um dos biomas mais conservados do país. Na visão do coordenador Rodrigo Terra, o Stand Up Paddle é o grande favorito do evento para os atletas corumbaenses “pois reunimos no estado os maiores atletas da modalidade de todo o país, isso porque o campeonato brasileiro ocorre em Corumbá, o que faz com que a cidade se torne, nesse fim de semana, o centro do Stand Up Paddle brasileiro”. Para competir por esse esporte, inscreveram-se atletas do Amazonas, Bahia, Tocantins, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Além das competições, ao final de cada dia a programação ofereceu ao público palestras sobre segurança em esportes de aventura e apresentações culturais com shows de bandas da região. O Pantanal Extremo é promovido pela Prefeitura da cidade e é visto como um investimento para promover a cultura esportiva e diversificar a economia e o turismo na região, comumente focado na pesca profissional e amadora. “Nosso foco é aliar a importância da conservação do Pantanal, bioma considerado Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO, com o turismo de esporte de aventura: pra haver aventura é preciso conservar”, afirmou Terra. A advogada Beatriz Segantini mora em Campo Grande e foi vivenciar a experiência de se exercitar em interação com a natureza. Ela elogiou a iniciativa “está demais aqui! Vieram atletas do país inteiro. Ontem, conversei com um mineiro que nunca tinha vindo ao Mato Grosso do Sul e veio só por causa do evento, está encantado com a cidade e tudo aqui”, animou-se.
Os 22 hotéis da cidade se prepararam para receber o alto número de visitantes que chegam. Na visão de Jaime Amorim, recepcionista do hotel Nacional Palace, o movimento no setor hoteleiro foi altíssimo “saímos de uma média de 40 a 50 hóspedes por dia para 220 por dia durante o Pantanal Extremo. E isso se repetiu em todos os hotéis da cidade, a gente percebeu um salto enorme no movimento e um público bem diferente do que o de costume na cidade”, afirmou.
Muito mais do que um roteiro de pesca esportiva, o Pantanal é o cenário perfeito para integrar esportes, conservação e cultura em Mato Grosso do Sul. Corumbá passa a ser conhecida como um importante polo de ecoturismo no eixo nacional e internacional.
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