O Institudo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) marcou para o dia 27 de agosto reunião para criar o primeiro grupo de resgate de baleias do litoral do Rio de Janeiro. Será um projeto piloto. Dando certo, será exportado para outras regiões da costa brasileira. “Essa é uma iniciativa sensacional. Vamos ter pessoas preparadas e bem equipadas para tentar inverter ou melhorar uma estatística superdura para as baleias. Em 40 encalhes recentes na costa brasileira, só três se salvaram”, diz a bióloga marinha e professora Liliana Loddi, que ajudou a escrever uma dessas três histórias que tiveram finais felizes. Aconteceu em 1991, em Saquarema, quando uma jovem baleia, como a Jubarte que no início deste mês encalhou em Niterói, deu com os burros n’água e logo se viu cercada por heróis amadores.
Alguns tentavam empurrar a bichinha de 10 mil quilos usando o muque. As crianças jogavam água em seu respirador e uns malucos planejaram usar uma retroescavadeira para desencalhar a pobrezona. Isso para não mencionar os dois ou três sujeitos que logo surgiram com seus facões. A sorte da monstra foi a chegada dos técnicos e de equipamento adequado. “Para se desencalhar uma baleia, é preciso usar redes acolchoadas e de malhas bem grossas, de tecido. O nylon das redes normais rasga a pele do animal, que, ao contráriodo que se pensa, é fina como um ovo cozido”, explica Liliane.
A esperança das encalhadas é o novo grupo de resgate. E a biológa conta que ele deverá ser multidisciplinar, reunindo baleeiros, no bom sentido, de várias especialidades. “Temos que ter engenheiros, pois salvar um bicho desses exige planejamento de obra, uso de rebocadores, cabos, conhecimento de resistência de materiais, física. Precisamos contar com biólogos, veterinários e, claro os bombeiros, que são muito atenciosos e bem-intencionados, mas não têm o preparo e o equipamento necessários para uma operação desse tipo”, afirma. Afinal, uma baleia pesa 12 mil vezes mais que um pingüim.
Há 21 anos Liliane pesquisa mamíferos marinhos e é fundadora da ONG ECOMAMA (www.ecomama.com.br). No dia 7 de agosto ela foi chamada para ajudar no resgate da adolescente da espécie Jubarte, que encalhou em Niterói. Normalmente uma baleia pesa em torno de 10 a 15 toneladas de carne, gordura e ossos. O equivalente aos tubos de ferro usado em emissários submarinos de esgoto. Raciocinando assim, friamente, dá para perceber que o salvamento de uma baleia encalhada tem mais a ver com obra de engenharia do que com romance.
Resgatar baleias não é como salvar gatinhos no alto de árvores. E a comoção que um bicho gigante desses provoca nas pessoas pode, em vez de ajudar, aumentar o sofrimento do animal. Como explica a bióloga Liliane em seu baleiês fluente: “Em Niterói, os bombeiros, muito bem-intencionados, chegaram e primeiro queriam rebocá-la pela cauda. Isso partiria a espinha do animal”. E não foi tudo: dezenas de pessoas se aproximaram demais da baleia, fazendo uma algazarra que deve ter apenas aumentado ainda mais a agonia de um bicho que tem ouvidos sensibilíssimos.
O equipamento empregado também era inadequado. As redes usadas para o resgate eram finas demais, o que transformou cada tentativa de reboque em mais ferimentos na pele do cetáceo. Um experiente pescador da região chegou a oferecer uma rede adequada, mas seria preciso alguém se responsabilizar pelo custo do material, cerca de U$ 15 mil. Como não havia meios de assegurar o reembolso da rede, a utilização dela foi descartada.
Em 1991, em Saquarema, Liliane viu a baleia encalhada ser devolvida com vida ao mar graças à utilização do equipamento certo. “Para se desencalhar uma baleia, é preciso usar redes acolchoadas e de malhas bem grossas, de tecido. O nylon das redes normais rasga a pele do animal, que, ao contrário do que se pensa, é fina como um ovo cozido”, explica . Por isso Liliana está otimista com a criação do Grupo de Salvamento de Baleias, que deve ser multidisciplinar e reunir especialistas de diferentes áreas. “Temos que ter engenheiros, pois salvar um bicho desses exige planejamento de obra, uso de rebocadores, cabos, conhecimento de resistência de materiais e física. Precisamos contar com biólogos, veterinários e, claro os bombeiros, que são muito atenciosos e bem-intencionados, mas não têm o preparo e os equipamentos necessários para uma operação desse tipo”.
Um dos mistérios que envolvem as baleias, é a razão pela qual algumas delas nadam, nadam e morrem na praia. Para Liliane, existe um oceano de explicações. Mas, como boa pesquisadora, ela busca na estatística uma teoria interessante. “De todas as baleias que encalharam em nossa costa, apenas uma não pôde ser considerada jovem. Mesmo essa não era um espécime totalmente adulto. Enfim, todas as baleias que vêm dar na praia são adolescentes. Inexperientes e cheias de curiosidade. Vêm nadando, atrás de coisas novas, aventuras, e depois se vêem na roubada. Igual a qualquer criança que mete o dedo em tomada ou a todo adolescente que faz besteira pela primeira vez”, explica. A diferença é uma questão de15 toneladas. Esse peso, em grande parte, basta para condená-las à morte no caso de um encalhe. É muito difícil, mesmo que se tenha à mão as pessoas e os instrumentos certos, devolver uma baleia ao mar.
Além da idéia da criação do grupo para salvar as baleias que se perderem na costa brasileira, Liliane pescou outro lado positivo do episódio em Niterói: a repercussão do caso. “Isso é um sinal claro de que as pessoas estão mais ligadas no meio ambiente. De repente, todo mundo virou Baleia Futebol Clube, foi uma torcida imensa pela salvação do animal. Mesmo que não tenha dado certo, aumentou a consciência ambiental das pessoas.” Disse ela. Outro motivo que ajudou a diminuir a tristeza dos amigos das baleias foi o aparecimento de quatro espécies diferentes num só dia no litoral carioca uma semana depois do encalhe em Niterói. ” Foi um fato inédito. Tivemos orcas; uma baleia jubarte; uma franca e uma baleia de bryde. Todas em um único dia, numa mesma cidade. Que eu saiba, isso nunca tinha acontecido por aqui. É algo que nos anima mais ainda a correr atrás e criar a equipe de resgate”, afirma a bióloga.
Mas enquanto a equipe não é formada, Liliana deu algumas dicas sobre o que fazer quando uma baleia encalha. Primeiro, não tentar arrastá-la pela cauda. Também não se deve jogar água pelo respirador do animal porque isso pode afogá-lo. É preciso isolar completamente a área até a chegada de equipes ou técnicos especializados e fazer silêncio. As baleias têm uma audição muito sensível e o barulho pode estressá-las ainda mais. A pele dela deve ser coberta com panos ou toalhas claras para evitar queimaduras. Essas toalhas e panos têm de ser mantidos molhados. Por fim, a área em volta das nadadeiras deve ser escavada, pois é por ali que o animal dissipa o calor.
Fotos: Liliana Loddi
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Cara Liliane,
Sou Engenheiro Civil, moro em Manaus-AM, tenho bastante experiência em transportes e logística na Amazônia, principalmente na movimentação de cargas excessivas, sejam por peso ou dimensão, o que entendo ser o caso das baleias.
Tenho acompanhado as matérias jornalísticas sobre a limitação dos equipamentos, técnicas, e pessoal para o resgate desses cetáceos. Estou em pesquisa buscando conhecimento do que existe hoje para esta mega operação de salvamento, pois pretendo apresentar um invento, como forte aliado no salvamento destes gigantes e queridos animais.
Boa noite senhor Antonio Leão, aceita receber o meu Sistema de Desencalhe e Salvamento de baleias ?