Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, fica geograficamente no centro do estado. Mas as propostas para o meio ambiente não são centrais no debate e nos programas de governo de todos os candidatos e candidatas à prefeitura da cidade de 125 anos. Seguindo nossa série de relatar o que consta nos planos de governo dos candidatos à prefeitura das capitais do país, ((o))eco analisou as propostas para o meio ambiente dos quatro postulantes mais bem colocados nas pesquisas eleitorais: a atual prefeita, que concorre à reeleição, Adriane Lopes (PP); a ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul, Rose Modesto (União Brasil); a deputada federal Camila Jara (PT); e o também deputado federal Beto Pereira (PSDB).
A cidade, que tem cor de sua terra como sentido para o apelido de Cidade Morena, precisa de atenção especial para suas águas. O bioma que ocorre no município de cerca de 900 mil habitantes é o Cerrado. E sua importância é fornecer água, seja ela subterrânea, seja pelas nascentes de diversos rios que contribuem para importantes bacias hidrográficas do país.
A capital do Mato Grosso do Sul está localizada sobre os aquíferos Caiuá, Serra Geral e Guarani – este último considerado uma das maiores reservas subterrâneas de água doce do planeta. E desde 2009, há o programa Córrego Limpo, Cidade Viva sob gestão da SEMADUR (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Os objetivos do programa são monitorar a qualidade da água dos córregos e do rio Anhanduí, divulgar os resultados obtidos, intensificar a fiscalização de fontes de poluição e promover ações de educação ambiental. Mas, segundo o professor Dr. Rubens Silvestrini, da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), esse trabalho ainda padece de ações efetivas para proteção das águas que fluem por Campo Grande, 15 anos depois da sua criação.
“Já existem trabalhos sendo feitos nos córregos, nos corpos hídricos. Só dentro da área urbana da cidade de Campo Grande nós temos 39 cursos de água. Mas a grande maioria deles está sendo sufocada, pela perda de mata ciliar, pela sujeira, pelo lixo da própria cidade e pelo carregamento de sedimentos. E por que que o programa Córrego Limpo ainda está longe do ideal? Porque simplesmente não há um trabalho efetivo. Começando pela falta de ações de educação ambiental e a falta de ação da prefeitura replantando árvores nas matas ciliares, ou seja, no entorno desses cursos d’água, e os protegendo”, explica.
Efeitos do clima
Sentidos pelo calor extremo de mais de 40º que faz em Campo Grande, os efeitos das mudanças climáticas e como enfrentá-los estão presentes em todos os programas de governo analisados. No dia da eleição, 6 de outubro, vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), um órgão que atua transversalmente para levar a todas as secretarias as demandas para implementação de um plano de descarbonização, mas o grupo só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. A prefeita Adriane Lopes (PP) defende em seu programa a continuidade dos trabalhos do comitê e priorizar o financiamento para as ações e projetos contidos no Plano de Descarbonização de Campo Grande, que tem por objetivo zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Beto Pereira (PSDB) promete colocar Campo Grande na agenda MS Carbono Neutro, do governo do estado do Mato Grosso do Sul, e desencadear projetos e ações de mitigação, e adaptação às mudanças climáticas e que contribuam para a neutralização do carbono no estado até 2030.
Rose Modesto (União Brasil) defende a atualização do Plano Municipal de Arborização, para ampliar os viveiros para aumentar os plantios de árvores na cidade. Além disso, a candidata diz que vai estabelecer parcerias com instituições de pesquisa e monitoramento climático para aprimorar os sistemas de alerta precoce e previsão de eventos externos.
O programa de governo mais detalhado e objetivo neste ponto é o de Camila Jara (PT). A candidata propõe criar lei específica para que a cidade de Campo Grande seja Carbono Neutro até 2032. Defende a adoção de medidas de adaptação às mudanças climáticas para reduzir as emissões de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa, quer estimular a adoção de sistemas de produção de energia limpa nas residências e comércio, e de construção sustentável, com incentivos tributários para os que aderirem, praticando o princípio do provedor recebedor e do usuário-pagador e tem um meta ousada para conservar e preservar os remanescentes da flora, melhorando a relação e a qualidade de áreas verdes por habitante, com o plantio de 1 milhão de árvores no perímetro urbano da cidade, com acompanhamento para o seu estabelecimento e sequestro de carbono, ocupando espaços públicos com pequenos ambientes arborizados.
Outras propostas para diminuir a emissão de CO2 aparecem nos planos de governo. A unanimidade entre os quatro candidatos é a criação de ciclovias, como alternativa para mobilidade urbana. Rose Modesto (União Brasil) promete construir e ampliar a rede de ciclovias e ciclofaixas, com a interligação das malhas estratégicas, incentivando o uso de transporte sustentável e saudável. A candidata, se eleita, quer promover o desenvolvimento de bairros inteligentes que integrem habitação, infraestrutura, empregos, serviços e áreas verdes, criando espaços urbanos conectados e sustentáveis
Beto Pereira (PSDB) defende a ideia de implantar ciclovias nas principais vias do município. A atual prefeita cita a construção e adequação de ciclovias em seu plano de governo em trechos sobre mobilidade urbana e melhoria para os bairros da cidade. Já a proposta de Camila Jara (PT) é mais ampla. Ela cita o Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana e o defende como documento orientador para interligar, ampliar a rede cicloviária, além de reformar a infraestrutura de bicicletários e pontos de descanso e apoio ao ciclista. A candidata também defende a implementação de um sistema compartilhado de bicicleta, em especial na região central, bem como bicicletários em todos os terminais, de modo a incentivar a integração e uso de diferentes meios de transporte e afirma que ônibus elétricos devem fazer parte da malha que oferece serviços de transporte público na cidade.
Campo Grande tem 6 Unidades de Conservação dentro dos seus limites, sendo duas sob gestão do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul (Parque Estadual Matas do Segredo e Parque Estadual do Prosa e uma sob gestão do Governo Federal (Reserva Particular de Patrimônio Natural da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (RPPN UFMS). O próximo prefeito(a) terá ainda sob sua responsabilidade três Unidades de Conservação. São elas: a Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Córrego Guariroba – APA Guariroba, a Área de Proteção Ambiental da Bacia do Córrego Ceroula – APA do Ceroula e a Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Córrego Lajeado – APA Lajeado.
Para que Campo Grande se torne uma cidade mais sustentável, o professor Rubens Silvestrini defende um conjunto de ações.
“Faltam praças, faltam calçadas que tenham infiltração, calçadas mais largas, com faixas de grama, para que a própria água da chuva seja infiltrada nas calçadas. Se fala muito hoje na técnica de cidades esponja, então, você pode criar aí alguns bolsões de parques, de bosques, jardins, para que a água não vá para a parte mais baixa da cidade, já seria uma maravilha”, diz ele.
Campo Grande tem 8 candidatos na disputa pela próxima gestão da Prefeitura da cidade, são eles: Adriane Lopes (PP), Beto Figueiró (NOVO), Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT), Jorge Batista (PCO), Luso de Queiroz (PSOL), Rose Modesto (União Brasil) e Ubirajara Martins (DC).
Em entrevista a ((o))eco os quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas detalham propostas para o meio ambiente e para prevenir eventos climáticos extremos. Veja box:
Entrevistas com os candidatos
Adriane Lopes (PP)
Adriane Lopes (PP) – Atual prefeita é natural de Grandes Rios (PR) e tem 47 anos. Formada em direito pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), também tem formação em teologia e pós-graduação em administração pública e gerência de cidades. Forma a chapa com a odontóloga Camila Nascimento de Oliveira, do Avante, partido que junto ao PRD e PP integram a coligação “Sem medo de fazer o certo”. Adriane herdou o comando da cidade de Marquinhos Trad, então prefeito que renunciou para disputar o governo de Mato Grosso do Sul em 2022.
((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?
Os efeitos das mudanças climáticas são evidentes em Campo Grande, com a elevação das temperaturas em 2,2°C nos últimos 60 anos. A arborização tem desempenhado um papel importante na mitigação, mas as ilhas de calor ainda são um desafio a ser enfrentado. Na nossa gestão, implementamos o Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), que está à frente de um plano de descarbonização com apoio internacional, além de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Nosso plano para enfrentar eventos climáticos extremos é reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero até 2050. Para isso, desenvolvemos um Inventário de Carbono e o Plano de Descarbonização de Campo Grande. Além disso, estamos concentrados na obtenção de financiamento para iniciativas de adaptação, como a criação de corredores verdes e a implementação de soluções baseadas na natureza, que ajudam a mitigar os efeitos das ondas de calor e melhoram a gestão hídrica. Projetos como o Parque dos Ipês incluem biofiltração e jardins de chuva, sistemas que capturam e tratam a água da chuva, reduzindo enchentes e preservando a qualidade da água.
Investimos também em tecnologias de monitoramento avançadas para prevenir desastres climáticos, como enchentes, além de aprimorar o saneamento básico, o que contribui para a adaptação da cidade a novos desafios climáticos. Com uma gestão que equilibra as necessidades sociais, econômicas e ambientais, Campo Grande está se preparando para um futuro mais sustentável e seguro.
De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?
O Programa Córrego Limpo, que existe desde 2009, é um pilar importante na preservação dos nossos recursos hídricos. Estamos intensificando as ações de monitoramento da qualidade da água, com 83 pontos de coleta distribuídos em 21 córregos, incluindo o Segredo, Prosa e Imbirussu, que representam 64% da malha de drenagem da cidade. Além disso, ampliamos a fiscalização para identificar irregularidades, como o lançamento inadequado de esgoto, e trabalhamos para assegurar que mais pontos apresentem boa qualidade da água.
Estamos investindo também na infraestrutura para mitigar alagamentos, como as bacias de amortecimento no Córrego Reveilleau, que eliminaram os alagamentos na Via Park. A expansão da rede de esgoto e drenagem é uma prioridade, com a meta de cobrir 95% da cidade até o final do ano, mitigando enchentes e preservando a qualidade de vida da população.
Além das obras, estamos implementando práticas ambientais mais sustentáveis, como a preservação de áreas verdes e o uso de energias renováveis, assegurando que o Programa Córrego Limpo seja um instrumento eficaz para garantir o equilíbrio ambiental de Campo Grande.
Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?
O Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) é uma iniciativa essencial para enfrentarmos os desafios climáticos em Campo Grande, mas reconhecemos que sua atuação precisa ser acelerada e integrada às políticas públicas. Para isso, nossa gestão planeja fortalecer a sinergia entre o COMEC e a Gerência de Políticas Ambientais e Mudanças Climáticas da Planurb, garantindo que suas recomendações sejam rapidamente transformadas em ações concretas e em consonância com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA).
Além disso, vamos aumentar a cooperação com o ICLEI, aproveitando ao máximo as capacitações e intercâmbios para aplicar as melhores práticas globais em sustentabilidade. Estamos implementando um sistema de monitoramento para acompanhar os impactos das ações do COMEC, permitindo ajustes eficientes nas políticas e garantindo maior eficácia nas iniciativas climáticas.
Por fim, a participação da sociedade civil será fundamental. Pretendemos ampliar o diálogo com a população e garantir que as políticas climáticas sejam amplamente compreendidas e apoiadas, promovendo uma verdadeira mobilização social em prol de um futuro sustentável.
Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?
Nossa proposta é implementar corredores verdes e soluções baseadas na natureza, promovendo a ocupação ordenada dos fundos de vale e outros espaços ociosos. Essas áreas revitalizadas terão função dupla: preservar o meio ambiente e mitigar as ondas de calor, enquanto oferecem à população espaços saudáveis para lazer, atividade física e convivência comunitária.
Um exemplo concreto é o projeto “Parque dos Ipês”, na região do Imbirussu, que será um parque urbano com infraestruturas verdes, como biofiltração e jardins de chuva. Esses sistemas capturam e tratam a água da chuva, reduzindo o risco de enchentes e melhorando a qualidade da água, além de promover um ambiente natural equilibrado e agradável para os moradores.
Com essas iniciativas, a gestão municipal reforça o compromisso com a sustentabilidade e a preservação das Áreas de Proteção Ambiental (APA), garantindo o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação.
Beto Pereira (PSDB)
Beto Pereira é ex-prefeito de Terenos (MS), deputado federal pelo PSDB em segundo mandato. Aos 46 anos, já foi vereador de Campo Grande, deputado estadual e senador pelo Mato Grosso do Sul. Filiado ao PSDB tem como candidata a vice-prefeita a coronel Neidy Centurião, do PL, sigla que junto ao PSD, PSB, Podemos, MDB, Solidariedade e Republicanos, formam coligação Juntos pela Mudança.
((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?
Minha gestão dará prioridade à revitalização, ampliação e manutenção de parques e praças, com um foco significativo na arborização urbana. Vamos intensificar o plantio de árvores nativas em áreas públicas e nas margens de rios, o que ajudará a combater o aumento das temperaturas e a melhorar a qualidade do ar. A arborização será essencial para expandir as áreas verdes, trazendo mais sombra e conforto térmico para as ruas e avenidas da cidade.
Além disso, cuidaremos das nascentes e cursos d’água, implantando projetos de recuperação e proteção em regiões degradadas.
Para garantir o envolvimento da comunidade, ações de educação ambiental e campanhas de conscientização sobre a importância de preservar esses espaços serão implantadas em escolas e bairros.
De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?
A cidade possui córregos que deveriam ser símbolos de vida, mas muitos, como o Córrego Prosa, estão degradados e cheios de lixo, prejudicando a saúde pública e o meio ambiente. Vamos limpar e revitalizar esses córregos, devolvendo à população áreas livres de poluição e com manutenção regular. Além disso, cuidaremos da proteção das nascentes e córregos para evitar sua destruição com o crescimento urbano.
Para isso, vamos investir nas ações previstas no programa “Córrego Limpo, Cidade Viva”, principalmente na ampliação dos pontos de monitoramento da qualidade da água dos mananciais, que hoje são apenas pouco mais de 80 para todos os cursos d’água da Capital.
Nosso objetivo é fazer Campo Grande crescer com responsabilidade ambiental, preservando os recursos naturais e ampliando os espaços verdes.
Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?
Minha gestão pretende dar ao COMEC o protagonismo que ele merece na definição de políticas ambientais em Campo Grande. Para isso, vamos estabelecer uma agenda de reuniões periódicas e garantir que o comitê tenha um papel ativo na elaboração de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Além disso, fortaleceremos a atuação do COMEC com a participação direta da sociedade civil, especialistas e ONGs ambientais. Acelerar o processo de implementação de políticas discutidas no comitê será uma prioridade, começando com a elaboração de um plano de ação com metas claras e prazos definidos.
O comitê será fundamental para garantir que todas as políticas públicas municipais contemplem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.
Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?
A fiscalização das áreas de proteção será intensificada, com aplicação rigorosa de multas para quem desrespeitar as regras. Campanhas educativas e parcerias com a Guarda Civil Metropolitana e o Corpo de Bombeiros também farão parte das medidas preventivas.
Rose Modesto (União Brasil)
Rose Modesto (União Brasil) é ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Ela tem 46 anos e já foi vereadora em Campo Grande, secretária estadual de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho e deputada federal. O advogado Roberto Oshiro é seu candidato a vice-prefeito. Eles formam a federação “Unidos por Campo Grande” do União Brasil com o PDT.
((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?
Uma das soluções para esse problema é plantar árvores. Elas absorvem gases da atmosfera que causam o efeito estufa. A cidade tem cerca de 180 mil árvores, 30 mil plantadas nos últimos 10 anos. Precisamos intensificar plantios nos bairros e, principalmente, refazer a mata ciliar que protege córregos e nascentes. Vamos colocar em prática o Plano Diretor de Arborização Urbana.
Vamos revitalizar o viveiro municipal. Custo estimado para revitalização e maquinário do viveiro é de cerca de R$ 1 milhão. Vamos envolver as escolas e mostrar a importância da arborização.
Também vamos implantar bacias de contenção de águas, de forma interligada, com monitoramento em parceria com universidades, para prevenir enchentes e alagamentos. Vamos estabelecer parcerias com instituições de pesquisa e monitoramento climático para aprimorar os sistemas de alerta precoce e previsão de eventos externos.
De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?
Potencializar o Projeto Córrego Limpo, com 99 pontos de monitoramento da qualidade da água dos 33 córregos, pra evitar poluição. Vamos aumentar a transparência nos resultados e ampliar monitoramento dos mananciais de abastecimento superficiais – APA do Ceroula, APA Lageado e APA do Guariroba.
Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?
Nossa gestão irá estimular e ampliar a participação, não apenas do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), mas de todos os comitês e conselhos municipais. O controle social é importante e queremos retomar a importância que os conselhos e comitês tinham antigamente. O comitê é de extrema importância para auxiliar o Poder Executivo na elaboração de políticas públicas eficazes.
Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?
Criar programa de arborização nas margens dos córregos, com frutíferas e nativas. Eles são corredores ecológicos, aves e animais andam por ele e precisam ser interligados por vegetação. O Plano Diretor de Arborização Urbana será colocado em prática com o auxílio do viveiro municipal.
Camila Jara (PT)
Camila Jara (PT) tem 29 anos, é deputada federal, sendo eleita com 56.552 votos. Formada em ciências sociais pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), foi eleita vereadora de Campo Grande, em 2020. Tem como candidato a vice-prefeito o ex-governador e atual deputado federal, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. O partido encabeça a federação com PCdoB e PV.
((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?
A tragédia no sul do Brasil é um alerta para todas as cidades brasileiras sobre a urgência de adotarmos políticas mais robustas para enfrentar as catástrofes ambientais, que tendem a aumentar com as mudanças climáticas.
O nosso plano de governo é pautado por uma agenda ambiental bastante ambiciosa, com o objetivo de tornar Campo Grande uma cidade carbono neutro até 2032. Temos como prioridade a implementação de um plano de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, que prevê ações concretas para reduzir o impacto de eventos climáticos extremos, como inundações e ondas de calor.
Para alcançar essa meta, estamos focados em várias frentes de ação. Uma delas é a expansão do transporte coletivo sustentável. Vamos investir na implementação de veículos elétricos que vão desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de CO₂.
Também estamos comprometidos com a implementação de um plano de ação climático, que inclui medidas de prevenção contra alagamentos e ondas de calor, através da melhoria da drenagem urbana e da arborização das áreas mais vulneráveis da cidade.
Com essas ações integradas, vamos trabalhar para que Campo Grande se torne uma cidade mais resiliente, preparada para enfrentar os desafios ambientais e garantir a qualidade de vida para as próximas gerações.
De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?
Vamos ampliar e reforçar o programa Córrego Limpo, Cidade Viva, focando na despoluição e recuperação de córregos urbanos de Campo Grande. A proposta inclui um trabalho integrado com comunidades locais para conscientização ambiental e projetos de reflorestamento nas margens dos rios.
Além disso, planejamos integrar esse programa com outras políticas de desenvolvimento sustentável, visando transformar essas áreas em espaços de convivência e lazer, promovendo qualidade de vida para a população.
Na nossa gestão, a preservação de córregos será feita por meio de programas de monitoramento e melhorias no esgotamento sanitário, além de ações para prevenir alagamentos históricos e proteger nascentes.
Precisamos de um investimento constante, não há dispositivos de drenagem que atendam inteiramente às necessidades da cidade, ocorrendo eventualmente problemas de enchente ou acúmulo de águas pluviais em alguns pontos na época de maior precipitação, porque a rede é insuficiente e também possui problemas de entupimento das bocas de lobo por dejetos (lixo) jogados nas ruas que são carreados para as bocas de lobo pelas águas das chuvas e o serviço de limpeza do sistema não acompanha a demanda.
Obviamente que algumas ações paliativas são urgentes para evitar os transtornos causados pelas enchentes. No entanto, Campo Grande precisa de um grande estudo para identificar os pontos de acúmulo de água e entendê-los para que o município possa estudar soluções definitivas para isso. São necessários estudos técnicos aprofundados e planejamento para não passarmos todo verão pelo problema de água dentro das casas das pessoas e impedindo o trânsito de veículos prejudicando a mobilidade.
Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?
Vemos o COMEC como um órgão essencial para o enfrentamento das mudanças climáticas e pretendemos garantir que suas ações sejam ágeis e efetivas. Para isso, nossa gestão irá garantir reuniões regulares e fortalecer o papel consultivo do comitê, com a participação ativa da sociedade civil, especialistas e representantes do setor público.
Vamos investir na proteção dos nossos recursos naturais, intensificando o combate ao desmatamento e incentivando práticas sustentáveis na agricultura e na pecuária, que são essenciais para a economia da nossa região.
Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?
Nossa proposta é uma gestão integrada e participativa para as Áreas de Proteção Ambiental (APA), que envolve a proteção desses ecossistemas críticos para a biodiversidade local.
Defendemos a criação de conselhos gestores para cada APA, com participação da comunidade, ONGs e especialistas, além de fomentar a educação ambiental e o ecoturismo sustentável.
Também planejamos destinar mais recursos para a fiscalização dessas áreas e para a recuperação de áreas degradadas, com o objetivo de garantir a preservação ambiental de longo prazo em Campo Grande.
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