O ano era 1970 e fazia 65 anos desde que o pequeno primata com juba de leão e pelos pretos havia sido documentado pela ciência. A longa ausência de registros fazia com que fosse considerado como provavelmente extinto. Foi, portanto, com um misto de comemoração e alívio que os ambientalistas da época receberam a notícia da redescoberta da espécie, chamada popularmente de mico-leão-preto. A sensação de alegria, porém, foi rapidamente substituída por um senso de urgência. O ritmo acelerado da destruição das florestas paulistas, o habitat deste animal, poderia tornar a extinção em um destino próximo. O alerta marcou o começo de uma história com muitos nomes e mãos, que deu outro futuro a este macaco que um dia já foi considerado extinto.
O pequeno macaco, que vive apenas na Mata Atlântica do estado de São Paulo, viu sua sorte mudar com a chegada do primatólogo Adelmar Coimbra-Filho, responsável pela redescoberta da espécie na década de 70. A partir daí, o mico-leão-preto ganhou visibilidade e, em mais um golpe de sorte, encontrou as pessoas certas na hora certa que se uniram com um objetivo comum: salvar a espécie – de vez – do risco de extinção. Assim nasceu, em 1984, o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto.
Ao longo dessas quatro décadas, a iniciativa foi responsável pela criação de novas unidades de conservação, pela restauração de mais de 4 mil hectares de Mata Atlântica, pela identificação de novas populações de micos-leões-pretos no estado e pela redução do nível de ameaça da espécie (atualmente classificada como Em Perigo na avaliação nacional), entre outras ações numa longa lista de conquistas.
“E a criação do IPÊ, em 1992, é consequência direta do programa do mico-leão-preto”, acrescenta o biólogo Claudio Valladares-Padua, fundador do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) ao lado da esposa, Suzana Padua, ambos peças fundamentais na iniciativa em prol do mico paulista.
Com mais do que bons motivos para comemorar, o Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto celebrou seu 40º aniversário nos dias 12 e 13 de outubro, no município de Teodoro Sampaio, no sudoeste de São Paulo, onde está a sede do IPÊ. Além de palestras e uma visita técnica para observar os micos na natureza, o evento teve, claro, uma festa, que reuniu cerca de 90 pessoas, entre profissionais do IPÊ e colaboradores diversos, como antigos assistentes de campo.
“Celebrar os 40 anos é celebrar um processo, uma história que foi sendo construída a muitas mãos e que envolveu muito aprendizado. Quando olhamos para trás, conseguimos identificar, ao longo da história, esses marcos que fizeram com que a gente avançasse na conservação da espécie. E esses marcos só foram possíveis porque houve um processo de aprendizado e houve pessoas que estabeleceram uma base em cima da qual nós fomos construindo. Pessoas que acreditaram que poderiam fazer a diferença. Esse é o grande ponto da celebração dos 40 anos”, resume a bióloga Gabriela Rezende, coordenadora de projetos do IPÊ responsável pelo Programa do Mico-Leão-Preto.
Como outras histórias de conservação, as quatro décadas do programa são escritas com muitos nomes. E o primeiro deles, sem dúvida, é o do cearense Adelmar Coimbra-Filho, considerado também o pai da primatologia do país.
Era uma vez o mico-leão-preto
O mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) foi descrito pela ciência no início do século 19, resultado das primeiras grandes excursões de naturalistas pelo país. Foi em uma delas, no ano de 1822, que o austríaco Johann Natterer coletou os primeiros indivíduos deste então desconhecido primata. Ao todo, foram coletados oito espécimes em duas diferentes localidades do estado de São Paulo, Vargem Grande [atual município Vargem Grande Paulista] e São João de Ipanema [onde hoje existe a Floresta Nacional de Ipanema]. Os animais foram enviados para Europa onde, no ano seguinte, a espécie foi oficialmente descrita pelo naturalista Johann Mikan, com nada além de um nome científico e algumas informações morfológicas.
As lacunas de conhecimento continuaram nas décadas que se seguiram, com apenas outros dois registros documentados da espécie, em 1902 e 1905. Depois disso, o mico-leão-preto sumiu do radar da ciência.
Em paralelo ao “desaparecimento” do primata, outro elemento primordial sumia em São Paulo: a Mata Atlântica. Em 1907, apenas dois anos depois do então último registro conhecido do mico-leão-preto, a cobertura florestal do estado já havia sido reduzida em quase um quarto da sua extensão original.
Movido pelo café, pela expansão das ferrovias e pelo crescimento das cidades e sua demanda por madeira, o desmatamento devorava a Mata Atlântica num ritmo acelerado, o que fez com que os pesquisadores apontassem a possível extinção do primata.
Com seu porte pequeno e ágil, associado à pelagem toda preta que o camufla nas sombras da floresta e às baixas densidades populacionais em que normalmente ocorre, o mico-leão-preto tornou-se um fantasma nas matas paulistas. Mesmo invisível, porém, o animal resistia.
A sorte do macaco paulista começou a mudar na década de 60, quando o seu “primo” do Rio de Janeiro, o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), ganhou fama pelos esforços de Adelmar Coimbra-Filho, que se tornava uma referência em micos-leões. Foi quando outro pioneiro no campo da primatologia, Álvaro Aguirre, contou para Coimbra-Filho que havia encontrado dois micos taxidermizados numa loja de armas na cidade paulista de Presidente Venceslau, e a descrição dos animais batia com a dos micos-leões-pretos.
Quando finalmente pôde ir até a loja, entretanto, os animais já haviam sido vendidos. Sem desistir, Coimbra mapeou os fragmentos de floresta que restavam na região e foi parar no Morro do Diabo, na época uma reserva florestal e o maior remanescente do sudoeste de São Paulo.
“Finalmente, no dia 14 de maio de 1970, por volta das 16 horas, após um hiato de 65 anos, reencontramos a espécie, quando nossa atenção voltou-se para um pequeno símio escuro que se deslocava pelos ramos mais baixos das frondes das árvores”, detalhou o próprio Adelmar Coimbra-Filho em texto publicado na Revista Brasileira de Biologia em 1970. “Ao nos aproximarmos, conseguimos identificá-los como sendo L. chrysopygus”. Reaparecia, enfim, o mico-leão-preto.
Ainda na década de 70, uma primeira estimativa calculava que haveria apenas cem micos-leões-pretos remanescentes nas matas de São Paulo.
O que restou do habitat do mico-leão-preto
O mico-leão-preto vive na Mata Atlântica de baixada do interior do estado de São Paulo, entre os rios do Tietê (ao norte), Paranapanema (ao sul) e Paraná (a oeste). Em extensão, a área de ocorrência equivale a aproximadamente metade do território do estado. A maior parte desse habitat, entretanto, foi destruída – hoje restam apenas cerca de 6,4% de habitat – ou está isolada em fragmentos, o que hoje é a principal ameaça à espécie.
A região do Pontal do Paranapanema, no extremo sudoeste do estado, foi um dos grandes maciços remanescentes de Mata Atlântica paulista, em parte devido ao difícil acesso e a baixa ocupação. Na década de 40, um movimento pela preservação dessas áreas culminou na criação de três reservas florestais, uma delas a do Morro do Diabo, atual parque estadual. Com cerca de 34 mil hectares, a unidade de conservação abriga hoje a maior e única população de micos-leões-pretos viável no longo prazo.
O estopim
Com a redescoberta da espécie, em 70, o mico-leão-preto ganhou notoriedade. Ainda faltava, entretanto, um empurrãozinho para essa comoção em prol do macaco ganhar tração de verdade. E o estopim veio de (mais) um alerta.
Em 1983, o governo anunciava o plano de construção da Usina Hidrelétrica de Rosana, no rio Paranapanema, quando outra pioneira da conservação no Brasil, Maria Tereza Jorge Pádua, na época chefe do Departamento de Meio Ambiente da Companhia de Energia de São Paulo (CESP), chamou atenção ao fato de que a barragem do reservatório causaria a inundação de 10% da Reserva Florestal do Morro do Diabo, o principal refúgio dos micos-leões.
“E para entender a situação, a Maria Tereza convidou o Coimbra-Filho, que já era referência pros micos-leões, e o Célio Valle [que trabalhava com os muriquis] para ir ao Morro do Diabo fazer um parecer e entender o que poderia ser feito”, lembra Claudio Padua. “Eu já trabalhava com o Coimbra no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro [CPRJ] e ele me chamou para ir junto. E fomos, nos últimos dias de dezembro de 1983”, completa.
A viagem selou seu destino junto ao do mico-leão-preto. “Nesse momento eu fiquei 100% envolvido com o mico-leão-preto e passou a ser a história da minha vida”, reforça o biólogo, que acabou passando a virada de ano dentro do Morro do Diabo e, em 1984, começou a liderar os esforços para proteger o primata.
“A minha missão não era a dos outros. Os outros queriam resolver o problema da área de alagação, mas eu queria resolver o problema do mico-leão-preto”, lembra Claudio.
A força-tarefa do então intitulado “Projeto Salvamento do Mico-Leão-Dourado”, voltado para salvar os macacos do alagamento da represa, envolvia a CESP, o Instituto Florestal, a IUCN, a WWF e a Fundação Brasileira para Conservação da Natureza, e foi o ponto de partida para o programa de conservação.
Como resultado, ficou definido que seria realizado um levantamento dos micos na área que seria alagada e que os animais seriam resgatados antes do fechamento da barragem. Ao todo foram identificados oito grupos na área, que acabaram enviados ao CPRJ e ao Zoológico de São Paulo.
A retirada dos micos marcou também o início das ações de manejo populacional do programa de conservação. Nos anos seguintes seriam feitas outras translocações, em especial para garantir a diversidade genética de micos-leões isolados em fragmentos. Esse manejo, pensado de forma integrada entre o cativeiro (ex situ) e a natureza (in situ), foi pioneiro de uma estratégia que tornou-se padrão para diversas espécies de primatas ameaçados e, em março deste ano, o próprio mico-leão-preto ganhou um Programa de Manejo Integrado, reconhecido pelo ICMBio e coordenado pelo IPÊ.
A Usina Hidrelétrica de Rosana foi concluída em 1986 e no mesmo ano a então reserva florestal foi transformada no Parque Estadual Morro do Diabo.
O episódio é considerado o primeiro caso de compensação ambiental do país, numa época em que a legislação nem mencionava o conceito. “Existiu porque teve todo esse movimento da Maria Tereza e graças a esse recurso, foi possível construir toda a infraestrutura do parque, elaborar plano de manejo, contratar funcionários”, pontua Gabriela Rezende.
A bióloga também é autora do livro “Mico-Leão-Preto: a história de sucesso na conservação de uma espécie ameaçada”, publicado em 2014, por ocasião dos 30 anos da iniciativa. Na obra, Gabriela, que pertence à terceira geração de pesquisadores do programa, narra a história por trás dos esforços de conservação da espécie e destaca outro ponto de virada para o estabelecimento do programa: a ida do casal Padua para o Pontal do Paranapanema.
Da teoria à prática
O ano era 1987, e Claudio Vallares-Padua havia acabado de concluir seu mestrado na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, o biólogo foi de mala, cuia e família, junto com sua esposa, Suzana Padua, e seus três filhos, para morar no Morro do Diabo. Na época, seu objetivo era aprofundar a pesquisa sobre a ecologia e comportamento do mico-leão-preto.
“Eu fiz um plano de pesquisa e no final tinha itens de ação. Porque eu estava convencido naquela época que eu era capaz de salvar o mico-leão-preto se eu tivesse um corpo de conhecimento científico bem feito. E poucos anos depois, eu descobri que isso não ia resolver”, admite o biólogo.
A descoberta foi dura, como ele próprio reconhece. “Existiam micos num fragmento dentro da fazenda de um proprietário conhecido e eu sempre pedia para ele por favor não desmatar aquela área, ou então, se fosse desmatar, me chamar para eu tirar os micos antes. E um dia os guarda-parques vieram me acordar porque tinham desmatado a área e os micos estavam todos pendurados numa única árvore. Aí fui lá com meus auxiliares e consegui resgatar os micos e enviá-los para um zoológico. E esse momento foi muito marcante para mim e para cair a ficha de que se eu não me envolvesse com outras coisas além da ecologia e do comportamento do bicho, eu não iria conseguir fazer nada. E daí para frente começamos a tomar um outro rumo”, lembra Claudio.
O novo rumo veio com ajuda fundamental da sua esposa, Suzana, que começou a coordenar um esforço de educação ambiental na região para sensibilizar e envolver a comunidade local para trazê-la para o lado do mico-leão-preto e da conservação da natureza.
Com essas duas frentes – a pesquisa e a educação ambiental – o programa de conservação do mico-leão-preto começou de fato a se estruturar, com um plano de longo prazo e objetivos bem definidos.
Cinco anos depois, em 1992, nascia o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, fundado pelo casal Padua para expandir as ações em prol da conservação da natureza, indo além dos limites do mico-leão-preto e do Pontal. Garantir o futuro do primata, entretanto, segue como uma das missões centrais da ONG.
O mico-leão-preto sai da invisibilidade
Uma das ações prioritárias na frente de pesquisa era atualizar o levantamento populacional de micos-leões-pretos na natureza. Apoiados pela expertise adquirida e o maior conhecimento sobre o comportamento e ecologia da espécie, as equipes do programa foram a campo em busca de novas populações – e encontraram.
Se na década de 70, a estimativa era de 100 indivíduos em uma única localidade – o Morro do Diabo –, o segundo censo, em 1997, já apontava dez vezes mais micos distribuídos em sete localidades. Em 2006, a conta já incluía novas populações encontradas no Alto Paranapanema, mais ao leste do estado, e um total de 11 locais e 1.600 micos.
De acordo com o último censo, realizado em 2020, existem hoje 1.900 micos-leões-pretos na natureza, distribuídos em 20 localidades do estado. Além do Parque Estadual do Morro do Diabo, criado em 1986, outras quatro unidades de conservação públicas abrigam grupos do primata, uma delas a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, criada pelo IBAMA em 2002, após mobilização do IPÊ.
Os números traduzem não apenas um maior esforço amostral em busca dos animais, mas também as quatro décadas de trabalho para garantir a proteção, restauração e expansão do seu habitat.
Em 2002, plantar florestas tornou-se um dos pilares estratégicos do IPÊ com o início do projeto “Corredores da Mata Atlântica”, embrião do atual Corredores de Vida. A iniciativa tem como um dos seus objetivos tirar do papel o “Mapa dos Sonhos”, que aponta as áreas prioritárias de restauração para conectar os fragmentos com presença do mico.
Junto com o plantio nasceu toda uma cadeia alternativa de renda promovida pelo IPÊ, com a estruturação de dez viveiros comunitários, onze empresas de plantio e duas equipes de monitoramento e manutenção que somam 172 pessoas diretamente envolvidas.
Em pouco mais de duas décadas, já foram plantadas 8 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica na região do Pontal do Paranapanema. Ao todo, são cerca de 4.200 hectares em processo de restauração nos municípios de Anhumas, Euclides da Cunha Paulista, Marabá Paulista, Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio, Rosana e Teodoro Sampaio.
“O Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto é uma referência e um exemplo para projetos de conservação de espécies ameaçadas, não só de primatas. Porque o programa trabalha com várias vertentes, desde a pesquisa básica sobre a espécie, até a educação ambiental, o manejo populacional e o manejo de paisagens com o mico como espécie bandeira – com a proteção de habitat, restauração e criação de corredores. É muito completa a abordagem do programa, mesmo com toda a complexidade de interlocução que isso exige. Além da formação de profissionais, alguns que se tornaram grandes lideranças na conservação da natureza”, exalta o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB/ICMBio), Leandro Jerusalinsky.
Hoje o mico-leão-preto é uma das espécies contempladas pelo Plano de Ação Nacional (PAN) dos Primatas da Mata Atlântica e da Preguiça-de-Coleira, que visa aumentar o habitat e reduzir o declínio das populações de primatas e da preguiça.
Próximo desafio: Alto Paranapanema
De olho nos próximos 40 anos, o programa tem como seu principal objetivo tirar o mico-leão-preto da lista de espécies ameaçadas de extinção. O primata, que já foi considerado como possivelmente extinto e Criticamente em Perigo (o grau mais alto de risco antes da extinção), hoje é classificado como Em Perigo.
A meta, conta Gabriela Rezende, é baixar a espécie para “Vulnerável” nos próximos anos. “É algo que eu vejo como factível”, afirma. As palavras-chaves nessa missão são claras: restaurar e conectar.
De acordo com a bióloga, hoje o programa trabalha com foco em duas populações viáveis, a do Pontal, no extremo sudoeste de São Paulo, e a do Alto Paranapanema, mais ao leste do estado, próximo de Sorocaba.
“No Pontal já temos uma população viável, mas a ideia é que a partir dos corredores, todas as pequenas populações vão estar conectadas e aí teremos uma grande população. Essa conexão é algo que devemos atingir nos próximos dois anos. Já no Alto Paranapanema o cenário é completamente diferente, inclusive com outros desafios”, explica a coordenadora de projetos do IPÊ.
Os fragmentos são mais numerosos e menores, ainda que com densidades populacionais maiores; o clima é mais úmido e propicia a maior oferta de alimentos; as matas remanescentes estão, em sua maioria, reduzidas às margens dos rios; os fragmentos de floresta estão muito mais próximos aos centros urbanos, o que levanta o alerta para maior risco de transmissão de doenças; e, a principal diferença – e o maior desafio – é que, ao contrário do Pontal, onde as terras estão divididas entre apenas um punhado de grandes proprietários, na região do Alto Paranapanema há centenas deles.
“Para dar uma dimensão, para conectar todos os fragmentos com ocorrência de micos no Pontal são uns 7 mil hectares que estão distribuídos em cerca de 10 propriedades. Já no Alto Paranapanema, para conectar todas as localidades de ocorrência com mico-leão-preto do Médio Paranapanema até o Carlos Botelho [parque estadual] estamos falando de 12 mil hectares de Área de Preservação Permanente [APP], mas que estão em 200 propriedades, o que já torna mais complexo o diálogo”, compara Gabriela.
Em contrapartida, como há muitos rios na região, em teoria bastaria o cumprimento da legislação ambiental, que estabelece as matas ciliares como APPs, ou seja, áreas de preservação da vegetação nativa, para conectar esses fragmentos. “Se olharmos só para recuperação de APP, nós conectamos todas as populações de micos dessa região”, explica a coordenadora do IPÊ.
A bióloga afirma que o desenho dos corredores na região, um novo mapa dos sonhos, já está pronto, “esperamos que ele se concretize”. Mais uma meta a ser conquistada pelo programa de conservação que transformou o macaco que acreditava-se estar extinto num símbolo de esperança.
“Um dos objetivos do evento dos 40 anos foi também olhar para o futuro e pensar onde queremos chegar e como vamos conseguir avançar de forma colaborativa, envolvendo as pessoas que estão unidas por esse objetivo comum, que é salvar o mico-leão-preto da extinção”, conclui Gabriela.
Parte integral dessa história, Claudio Padua complementa. “O segredo do sucesso em quase tudo na nossa área não é nem transpiração nem inspiração, no meu modo de ver, é persistência. Você tem que persistir”, sentencia o biólogo.
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Conheço a “persistência”, compromisso e competência do Cláudio e Suzana Pádua desde 1996. Don Eric, que pároco em Mineiros-GO e grande defensor do Parque Nacional das Emas foi nosso elo comum. A história do IPE é motivadora. Hoje, por meio do IDESA, motivados por essa história, buscamos caminhos similares em prol Bricon Orbignyanus, o peixe piracanjuba.