Recife – A CPRH, agência de meio ambiente de Pernambuco, vai realizar uma audiência pública para discutir o relatório EIA/Rima e os impactos ambientais que serão ocasionados com a instalação do Estaleiro Promar, no complexo portuário e industrial de Suape. O empreendimento representa investimento de 300 milhões de reais e nasce com uma carteira de pedidos composta pela construção de oito navios para transporte de gás (gaseiros).
Baixe aqui o EIA/RIMA do Estaleiro Promar
O Promar tentou, por um ano, se instalar em área de 100 hectares na Praia do Titanzinho, Fortaleza. Como não convenceu a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), a conceder a licença ambiental para construção do estaleiro, teve de procurar um novo endereço. Luizianne argumentou que o município tinha uma vocação para o turismo que poderia ser afetada com a construção de navios.
Os executivos da Promar sondaram o governo de Pernambuco e receberam uma área de 80 hectares do então presidente de Suape, Fernando Bezerra Coelho (PSB), hoje ministro da Integração Nacional. Ele teve apoio do governador Eduardo Campos (PSB). A área é a primeira a ser utilizada dentro do desmatamento de 691,31 hectares (508,2 ha de Mangue, 17,05 ha de Mata Atlântica e 166 ha de Restinga) autorizados pela Assembleia Legislativa do estado.
O desmatamento de 691,31 ha de mata nativa foi motivo de diferentes manifestações e ações por parte dos militantes que defendem o meio ambiente. No entanto, a decisão do governo encontrou acolhida entre os deputados, mesmo entre os de oposição. Na mesma época, o Ibama passou por mudanças e técnicos afinados com a sociedade organizada foram afastados dos cargos de chefia. A superintendente do Ibama no Estado, Ana Paula Pontes, negou relação entre as mudanças de cargos dentro do órgão e os desmatamentos.
A nova ação por parte de 82 entidades ambientalistas procura manter viva a defesa pelo verde da Mata Atlântica, Mangue e Restinga ainda não desmatados. Um abaixo-assinado virtual pede à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o afastamento da superintendente Ana Paula Pontes. Entre os três motivos apresentados para o pedido de afastamento, todos tratam da relação próxima entre o Ibama e as novas ações do governo do estado.
Suape é o foco de investimentos em Pernambuco. Além do Promar, a região possui mais cinco empreendimentos navais, a expansão do terminal de containers, um terminal de minérios, o projeto de uma siderúrgica, as obras de uma refinaria de petróleo, de uma petroquímica, área para a montadora de automóveis Fiat e espaço para a Ferrovia Transnordestina – para citar apenas os maiores empreendimentos.
A audiência pública para discutir os impactos do Estaleiro Promar será às 9h da sexta-feira, dia 14, na Rua Subida do Clube, s/n, em Ipojuca, Pernambuco. (Celso Calheiros)
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