Salada Verde

Pernambuco faz audiência sobre estaleiro

Projeto que teve licença negada no Ceará quer ser instalar em Suape após receber terreno com manguezal de atual ministro da Integração do governo Dilma.

Redação ((o))eco ·
11 de janeiro de 2011 · 14 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, doou terreno para estaleiro quando era presidente do polo de Suape (foto: Agência Brasil)
Atual ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, doou terreno para estaleiro quando era presidente do polo de Suape (foto: Agência Brasil)

Recife – A CPRH, agência de meio ambiente de Pernambuco, vai realizar uma audiência pública para discutir o relatório EIA/Rima e os impactos ambientais que serão ocasionados com a instalação do Estaleiro Promar, no complexo portuário e industrial de Suape. O empreendimento representa investimento de 300 milhões de reais e nasce com uma carteira de pedidos composta pela construção de oito navios para transporte de gás (gaseiros).

Baixe aqui o EIA/RIMA do Estaleiro Promar

O Promar tentou, por um ano, se instalar em área de 100 hectares na Praia do Titanzinho, Fortaleza. Como não convenceu a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), a conceder a licença ambiental para construção do estaleiro, teve de procurar um novo endereço. Luizianne argumentou que o município tinha uma vocação para o turismo que poderia ser afetada com a construção de navios.

Os executivos da Promar sondaram o governo de Pernambuco e receberam uma área de 80 hectares do então presidente de Suape, Fernando Bezerra Coelho (PSB), hoje ministro da Integração Nacional. Ele teve apoio do governador Eduardo Campos (PSB). A área é a primeira a ser utilizada dentro do desmatamento de 691,31 hectares (508,2 ha de Mangue, 17,05 ha de Mata Atlântica e 166 ha de Restinga) autorizados pela Assembleia Legislativa do estado.

O desmatamento de 691,31 ha de mata nativa foi motivo de diferentes manifestações e ações por parte dos militantes que defendem o meio ambiente. No entanto, a decisão do governo encontrou acolhida entre os deputados, mesmo entre os de oposição. Na mesma época, o Ibama passou por mudanças e técnicos afinados com a sociedade organizada foram afastados dos cargos de chefia. A superintendente do Ibama no Estado, Ana Paula Pontes, negou relação entre as mudanças de cargos dentro do órgão e os desmatamentos.

A nova ação por parte de 82 entidades ambientalistas procura manter viva a defesa pelo verde da Mata Atlântica, Mangue e Restinga ainda não desmatados. Um abaixo-assinado virtual pede à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o afastamento da superintendente Ana Paula Pontes. Entre os três motivos apresentados para o pedido de afastamento, todos tratam da relação próxima entre o Ibama e as novas ações do governo do estado.

Suape é o foco de investimentos em Pernambuco. Além do Promar, a região possui mais cinco empreendimentos navais, a expansão do terminal de containers, um terminal de minérios, o projeto de uma siderúrgica, as obras de uma refinaria de petróleo, de uma petroquímica, área para a montadora de automóveis Fiat e espaço para a Ferrovia Transnordestina – para citar apenas os maiores empreendimentos.

A audiência pública para discutir os impactos do Estaleiro Promar será às 9h da sexta-feira, dia 14, na Rua Subida do Clube, s/n, em Ipojuca, Pernambuco. (Celso Calheiros)

Leia também
Unidos pelo mangue
Estaleiro a toque de caixa

Leia também

Salada Verde
30 de maio de 2025

Sociedade civil protesta contra PL que quer acabar com o licenciamento

Mobilização ocorre em ao menos 12 capitais. Protestos estão marcados para ocorrer neste domingo e marcam o início da semana do meio ambiente

Salada Verde
30 de maio de 2025

Chance de aquecimento da Terra ultrapassar 1,5°C aumentou, mostra estudo

Países caminham para que a principal meta do Acordo de Paris seja descumprida. Chance de que o aquecimento fique entre 1,5ºC e 1,9ºC em pelo menos um dos próximo cinco anos é de 86%, diz ONU

Reportagens
30 de maio de 2025

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano

Há 300 anos vivendo no bioma, modo de vida fecheiro envolve a criação de gado para subsistência e a proteção da vegetação nativa

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.