Brasília – Os investimentos necessários em energia no país para o período de 2010 a 2019 devem alcançar cerca de R$ 214 bilhões em energia elétrica e R$ 672 bilhões em petróleo e gás. Além disso, R$ 66 bilhões serão investidos em energia proveniente de biocombustíveis líquidos.
Os dados foram compilados em publicação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta terça-feira (15), em Brasília. O documento revela ainda que os gastos previstos para a energia até 2017 são da ordem de R$ 767 bilhões, enquanto o orçamento ambiental para o mesmo período foi calculado em R$ 83 bilhões, quase nove vezes menor. Para Gesmar Santos, um dos autores do estudo “uma coordenação de gestão dos recursos naturais e energia combinada com a gestão do meio ambiente poderia fazer um equilíbrio destes orçamentos”.
Este é o primeiro documento da série intitulada “Eixos do Desenvolvimento Brasileiro”, dedicada ao meio ambiente. O comunicado n° 77, sobre o tema “Energia e Meio Ambiente”, traz a análise da matriz energética, os percentuais de energia renovável e não renovável, o perfil do consumo energético, além de projeções do consumo e investimentos futuros em energia.
Apresentado pelos técnicos de Planejamento e Pesquisa do instituto, Gesmar Rosa Santos e Antenor Lopes Filho, o estudo demonstrou as diferentes fontes de oferta interna de energia. O petróleo e seus derivados, fontes poluentes de energia, respondem por cerca de 50% da oferta interna no Brasil.
O estudo é dividido em três blocos de análise: diagnóstico de potenciais nacionais, políticas públicas e negociações internacionais. Segundo o assessor técnico da presidência do Ipea, Albino Alvarez, “A posição básica que pauta esse relatório é de que a sustentabilidade ambiental não pode ser vista como um obstáculo para o desenvolvimento. Ela se mostra mais como uma oportunidade do que como uma restrição.”
Setor agropecuário
Segundo o comunicado, o consumo energético no setor agropecuário, entre 2004 e 2030, deverá passar de 7% para 9% da demanda final de energia, sendo que o óleo diesel, a gasolina, o álcool e o querosene respondem por 95,7% desse consumo na agropecuária, devendo assim se manter até 2030, com pequena oscilação.
Tal perfil, de acordo com o estudo, sinaliza que o padrão de emissões também se manterá. Uma alternativa apontada para redução dos gases de efeito estufa é “o consumo de energia proveniente de fontes alternativas e por diferentes formas de transporte, inclusive considerando usos e tecnologias regionais”.
Este balanço tende a ser ainda mais positivo, seguindo o aumento da produção e a possibilidade de que o setor consuma a própria energia gerada – diesel, álcool, palhas e lenha. “Resolver os problemas causados ao meio ambiente, reduzir a externalização dos impactos e enfrentar os conflitos por terra e água são os desafios centrais que podem motivar a integração dos setores governamentais de agricultura e de energia”, diz a pesquisa.
Energia eólica e solar
Antenor Lopes destacou a energia eólica no Brasil como um tipo de geração que tem crescido muito no país. “Há dez anos, a energia eólica era uma coisa fora da realidade, considerada muito cara e pouco eficiente. Porém, nos últimos anos, estamos vendo o surgimento de parques eólicos no Ceará e há projetos no Rio Grande do Sul e Bahia”, disse.
Em relação à energia solar, o técnico diz que seu uso é praticamente desprezível no Brasil, por conta dos altos custos de instalação. Mas ele defende também que, a exemplo da energia eólica, a tendência é que essa tecnologia seja mais utilizada com o passar do tempo. (Nathalia Clark)
Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 77: Energia e meio ambiente no Brasil
Veja os gráficos da apresentação do Comunicado do Ipea nº 77
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