Salada Verde

Divulgado laudo da morte de peixe-boi

Polícia Federal descarta tese de envenenamento, que havia sido aventada pelo próprio Institituto Chico Mendes. Crime, todavia, não está descartado.

Redação ((o))eco ·
15 de março de 2011 · 15 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Fotos tiradas antes da morte dos peixes-boi revelaram más condições no centro gerenciado pelo governo (foto: divulgação/CMA)
Fotos tiradas antes da morte dos peixes-boi revelaram más condições no centro gerenciado pelo governo (foto: divulgação/CMA)

Recife No dia 15 e 16 de agosto, os peixes-boi Noel e Maya morreram dentro do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), em Itamaracá, Pernambuco, sem qualquer causa aparente. Pior: os animais estavam prontos para serem reintroduzidos à natureza e, por esse motivo, estavam clinicamente aptos depois de atestados por uma bateria de exames, conforme reza o protocolo para levar os peixes-boi de volta ao seu habitat natural.

Passados 212 dias, a Polícia Federal divulga o laudo feito no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília. Resultado: “As análises realizadas não revelaram a presença de qualquer substância farmacológica ou toxicologicamente ativa nos materiais biológicos examinados”. Baixe aqui a nota da Polícia Federal.

Em outras palavras, está descartada a hipótese de morte por envenenamento dos animais que deveriam – de acordo com os exames feitos pelo CMA – estar em excelente estado de saúde.

A tese do crime foi feita, inclusive, pelo presidente do ICMBio, Rômulo Mello, em entrevista exclusiva para ((o)) eco. Na época, afirmou, textualmente, que a morte foi ato criminoso. “Praticado ou planejado por gente que quer macular a imagem do centro”.

A chefe do CMA, Fábia Luna, foi procurada para comentar o laudo e preferiu se manifestar através da assessoria de comunicação do Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “O laudo da Polícia Federal não encerra as investigações. Estas continuarão para verificar o que motivou a morte dos animais”, afirma o comunicado. O CMA hoje possui 26 peixes-boi em Itamaracá e, desde agosto de 2009, realizou duas transferências de seis animais de cativeiros de Itamaracá para outros cativeiros do ICMBio.

Peritos da Polícia Federal investigaram material recolhido do estômago dos animais mortos por sete meses e têm certeza que os animais não morreram por ação farmacológica ou tóxica. A delegada segue em busca de um culpado, “já que o resultado apresentado não exclui, necessariamente, que as mortes tenham sido intencionalmente provocadas”, conclui a nota 022-2011 da Superintendência Regional da Polícia Federal em Pernambuco.

O texto divulgado pela assessoria de comunicação da PF também esclarece a razão para a divulgação de um laudo precisar de mais de duas centenas de dias. Em primeiro lugar, os exames eram complexos e, também, a perita responsável priorizou a análise de 600 medicamentos apreendidos em outra ação policial.

A nota também explica que não foi feita a necropsia, exame que estabelece a causa mortis. Preferiu-se um exame químico-toxicológico que, ao final, revelou que nada encontrou. Agora, falta saber porque os animais morreram. (Celso Calheiros)

Leia mais
Dois mortos e algumas suspeitas
O pior momento do projeto peixe-boi
Entrevista com Rômulo Mello

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.