O Ministério do Meio Ambiente lançou ontem (21) os dados de emissões das substâncias dioxina e furano, resultantes da queima de resíduos e da produção de metais ferrosos e não ferrosos. O objetivo agora é elaborar um plano de redução dos dois poluentes, cujos componentes causam problemas hormonais, neurológicos e cancerígenos.
Em entrevista coletiva, a ministra Izabella Teixeira ressaltou a necessidade de priorizar a questão das emissões dos poluentes: “É o marco de um novo momento na qualidade ambiental. O tema tem de voltar para a agenda ambiental e dialogar com o setor produtivo”, declarou.
O levantamento revela que as duas substâncias são geradas principalmente pela produção de metais ferrosos e não-ferrosos (38,2%), pela queima a céu aberto (22,8%) e pela produção de químicos e bens de consumo (17,5%).
Por esse motivo, não foi novidade o estado de São Paulo aparecer em primeiro colocado no ranking estadual de emissões dos dois poluentes analisados, responsável por 28,9% das emissões totais. Maior produtor de minério de ferro do país (responde por 35% do total da mineração brasileira), Minas Gerais aparece em segundo, com 12, 9%. O Rio aparece em seguida, com 10,1% da emissão total.
Juntos, os três estados contribuem com mais da metade da liberação total dos compostos tóxicos e é por isso que o inventário apresenta o Sudeste como a principal região de liberação dos componentes químicos: com 58,8% do total. Em segundo lugar vem a região Sul, com 12,4%, seguida pelo Nordeste (10,9%), Centro-Oeste (9,6%) e Norte, com apenas 8,4%.
Dioxinas e Furanos fazem parte de um grupo de substâncias conhecidas como “Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) produzidos não intencionalmente” e, como o próprio nome sugere, não são produzidas intencionalmente para serem utilizados como produto final. “São substâncias produzidas como consequência de outros processos, mas que têm um dos mais altos graus de toxicidade, ou seja, pequenas quantidades dessas substâncias são capazes de produzir grandes estragos”, explicou Letícia Carvalho, diretora de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.
A produção do Inventário Nacional de Fontes e Estimativas de Emissões de Dioxinas e Furanos foi coordenada pelo Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria do Ministério do Meio Ambiente, com a colaboração de outras instituições e será usado como base para a elaboração de regras e acordos para o controle dessas substâncias pelos vários setores da cadeia produtiva.
O Brasil é signatário da Convenção de Estocolmo (ou Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes), que visa eliminar a produção e uso de algumas substâncias tóxicas. A Convenção não prevê o banimento das dioxinas e dos furanos, mas recomenda o controle dessas substâncias.
“Todos os países signatários terão de fazer os inventários e começamos o processo aqui. O caminho está desenhado, a estratégia está definida e os recursos estão alocados. Esse é o primeiro inventário, com toda a identificação de fontes e os outros inventários de outros POPs estão sendo concluídos”, disse Izabella Teixeira.
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