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Após 17 dias de luto, orca mãe deixa o corpo do seu filhote partir

Tahlequah transportou o seu filhote morto por mais de mil quilômetros da costa do Canadá aos Estados Unidos, num ato que os cientistas chamam de vivenciar a dor da morte

Sabrina Rodrigues ·
14 de agosto de 2018 · 6 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Tahlequah carregou o seu filhote morto durante 17 dias pelas águas do Canadá aos Estados Unidos. Foto: Center for Whale Research/Facebook.

 

Após dezessete dias empurrando o corpo do seu filhote morto pelas águas do Canadá aos Estados Unidos, a orca Tahlequah, também identificada pelos cientistas por J35, deixou o corpo de seu bebê morto descansar nas águas do Oceano Pacífico.

A história de partir o coração começou no dia 24 de julho, quando J35 deu à luz ao seu bebê que viveu apenas por algumas horas. Desolada, a mamãe orca decidiu empurrar seu filhote morto, de Victoria, no Canadá, em direção à Ilha de San Juan, em Washington, Estados Unidos. Foram 1.600 quilômetros, fazendo o que os cientistas chamam de vivenciar o luto. No sábado (11), Tahlequah foi observada nadando sem o corpo.

Para os cientistas, a causa da morte do bebê não é um mistério, já que os humanos capturam o salmão das baleias, arrastaram os navios por suas rotas de caça e poluem suas águas, a ponto de os pesquisadores temerem que a geração de Tahlequah seja a última de sua família. A ausência do salmão chinook, que é a principal fonte de alimentação das orcas, faz com que os recém-nascidos adoeçam e morram.

Os cientistas acompanharam o sofrimento de Tahlequah e estavam preocupados que ela pudesse ficar doente por carregar o corpo do filhote, gastando energia e se alimentando mal durante esse período.

Pesquisadores do Center for Whale Research (CWR – Centro de Pesquisa de Baleias), entidade que monitora a população de orcas na região, afirmam que o estado físico de J35 aparenta estar em boas condições, pois Tahlequah não apresenta evidências do que os cientistas chamam de “cabeça de amendoim”, uma condição que indica que a baleia está desnutrida, através dos ossos da cabeça. Mas o estado emocional da baleia de 20 anos é desconhecido. Perder seu filhote “pode ​​ter sido emocionalmente duro para ela”, disse Ken Balcomb, diretor fundador do Center for Whale Research, em entrevista ao jornal Seattle Times.

O luto de Tahlequah surpreendeu os cientistas. Embora esse comportamento seja habitual entre golfinhos, orcas e outros mamíferos marinhos, até então não se conhecia nenhum caso em que o luto tivesse durado tanto tempo.

 

Assista ao vídeo de Tahlequah

 

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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