Após dezessete dias empurrando o corpo do seu filhote morto pelas águas do Canadá aos Estados Unidos, a orca Tahlequah, também identificada pelos cientistas por J35, deixou o corpo de seu bebê morto descansar nas águas do Oceano Pacífico.
A história de partir o coração começou no dia 24 de julho, quando J35 deu à luz ao seu bebê que viveu apenas por algumas horas. Desolada, a mamãe orca decidiu empurrar seu filhote morto, de Victoria, no Canadá, em direção à Ilha de San Juan, em Washington, Estados Unidos. Foram 1.600 quilômetros, fazendo o que os cientistas chamam de vivenciar o luto. No sábado (11), Tahlequah foi observada nadando sem o corpo.
Para os cientistas, a causa da morte do bebê não é um mistério, já que os humanos capturam o salmão das baleias, arrastaram os navios por suas rotas de caça e poluem suas águas, a ponto de os pesquisadores temerem que a geração de Tahlequah seja a última de sua família. A ausência do salmão chinook, que é a principal fonte de alimentação das orcas, faz com que os recém-nascidos adoeçam e morram.
Os cientistas acompanharam o sofrimento de Tahlequah e estavam preocupados que ela pudesse ficar doente por carregar o corpo do filhote, gastando energia e se alimentando mal durante esse período.
Pesquisadores do Center for Whale Research (CWR – Centro de Pesquisa de Baleias), entidade que monitora a população de orcas na região, afirmam que o estado físico de J35 aparenta estar em boas condições, pois Tahlequah não apresenta evidências do que os cientistas chamam de “cabeça de amendoim”, uma condição que indica que a baleia está desnutrida, através dos ossos da cabeça. Mas o estado emocional da baleia de 20 anos é desconhecido. Perder seu filhote “pode ter sido emocionalmente duro para ela”, disse Ken Balcomb, diretor fundador do Center for Whale Research, em entrevista ao jornal Seattle Times.
O luto de Tahlequah surpreendeu os cientistas. Embora esse comportamento seja habitual entre golfinhos, orcas e outros mamíferos marinhos, até então não se conhecia nenhum caso em que o luto tivesse durado tanto tempo.
Assista ao vídeo de Tahlequah
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