Após a abertura do ano legislativo, nesta segunda (5), a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), também conhecida como bancada ruralista, elegeu suas pautas prioritárias para o ano de 2024. Sem surpresas, o bloco promete lutar por pautas que privilegiam o agronegócio, muitas vezes em detrimento do meio ambiente e de povos indígenas. Maior bancada temática no Congresso, com 324 integrantes na Câmara e outros 50 no Senado, segundo listagem em seu site, a bancada tem inegável peso nas votações.
A primeira pauta citada pelos ruralistas é a derrubada dos vetos do presidente Lula à Lei dos Agrotóxicos (PL 14785/23), resultado do chamado PL do Veneno, aprovado em novembro. Originalmente, o projeto previa que a aprovação de novos agrotóxicos passasse apenas pelo Ministério da Agricultura, não mais pelo Ibama e pela Anvisa – o que foi vetado por Lula. “Temos uma batalha árdua para fazer funcionar esse sistema que quer modernizar, desburocratizar e fazer com que tenhamos acesso a moléculas mais modernas e produtos melhores para o agro brasileiro”, frisou o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR).
Outro ponto importante destacado pelos ruralistas é o Marco Temporal. Após veto presidencial aos principais pontos do texto, o Congresso reverteu a medida e manteve a proibição de existência de Terras Indígenas não ocupadas até a data da promulgação da Constituição de 1988. Tramitam, hoje, três ações diretas de inconstitucionalidade contra a nova lei no STF, que já havia declarado a tese inconstitucional em julgamento anterior.
Falando sobre o assunto, Lupion fez referência direta ao recente assassinato de uma indígena da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe na Bahia, mês passado. Um grupo chamado “Invasão Zero”, formado por fazendeiros, é investigado pelo crime. O deputado entende que o projeto, que reduz as reservas indígenas em áreas cobiçadas pelo agronegócio, é a forma de “trazer paz a conflitos”. “Mas não são nossas mãos que vão ficar sujas de sangue, e sim as daqueles que relativizam o direito de propriedade”, disparou.
A FPA citou ainda os recursos destinados no orçamento ao Seguro Rural, política destinada a produtores que tenham sofrido perdas resultantes de eventos climáticos adversos. Mesmo que alguns dos projetos defendidos pela bancada ruralista sejam prejudiciais ao meio ambiente, agravem as mudanças climáticas e aumentem exatamente o número desses eventos adversos, os parlamentares ligados ao agro demonstram preocupação com o valor destinado ao programa.
“As consultorias preveem entre 160 milhões e 130 milhões de toneladas [na safra 2024/2025], enquanto o país está acostumado a colheitas superiores a 200 milhões de toneladas”, alertou Lupion. “Precisamos reconsiderar esse modelo de seguro, pois a atual quebra de safra mostra que se não dermos apoio ao produtor diante dos riscos que ele corre, ele vai parar de produzir, o que impactará a economia de forma geral”, reforçou o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), coordenador nacional de Política Agrícola da bancada.
Leia também
Ruralistas listam projetos prioritários para serem votados neste segundo semestre
Bancada quer votar projetos de Leis sobre mudança do marco dos agrotóxicos, licenciamento ambiental e regularização fundiária ainda este ano. Projetos estão tramitando no Senado →
Bancada ruralista vê bom momento para flexibilizar legislação ambiental
Frente Parlamentar da Agropecuária empossa novo comando e define suas pautas prioritárias: mudança no licenciamento ambiental, regularização fundiária e revisão da demarcação de terras indígenas →
As novas (velhas) pautas da bancada ruralista
Definidos os novos líderes do Congresso, parlamentares se voltam para trabalhar em projetos que afetam a legislação ambiental, como a PEC 215. →
Seria um bom estudo esse: se o Agronegócio parasse de produzir, o que aconteceria? Quase nada. Pararíamos de exportar COMODITIES que só enriquessem eles próprios. Nao geram muitos empregos. Não contribuem para alimentar a população COM QUALIDADE .. ou seja SEM AGROTÓXICOS. Enfim só serão números do PIB.
Concordo com você em tudo. Adorei a fala. Continue sempre.