Organizações argentinas aguardam uma decisão da Suprema Corte sobre o aceite de uma ação contra o governo nacional e a província [estado] de Santiago del Estero. A denúncia alega que o Canal de la Patria, reformado com investimentos equivalentes a R$ 160 milhões, causa graves danos à fauna silvestre do Chaco.
Projetada para abastecer pessoas e agropecuária, a obra corta por 250 km o segundo maior sistema florestal contínuo da América do Sul, atrás apenas da Amazônia. No entanto, o revestimento em concreto escorregadio e íngreme transformou o canal numa armadilha mortal para a vida selvagem.
Segundo levantamentos científicos, ao menos 250 animais de 40 espécies diferentes – incluindo ameaçadas de extinção – morreram afogados no canal em apenas seis meses. O caso foi descrito no especial Massacre Invisível, publicado por ((o))eco em fevereiro deste ano.
As ongs Fundación Ambiente y Recursos Naturales, Aves Argentinas e Fundación Vida Silvestre acusam os governos de omissão e exigem medidas urgentes para conter a matança, como instalar rampas de escape, revisar o traçado e entubar trechos mais críticos do canal. Elas também acusaram a falta de licenciamento rigoroso e de transparência na execução da obra.
O caso pode se tornar um marco no ambientalismo argentino, ao buscar responsabilizar judicialmente os governos nacional e provincial por impactos ambientais de uma grande obra pública, além de levantar um debate inédito sobre deveres compartilhados na proteção da biodiversidade.
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