Oito organizações ambientais lançaram, nesta segunda-feira (13), na COP23, em Bonn, Alemanha, o relatório “Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá”. O documento é resultado do estudo de um Grupo de Trabalho (GT) formado pelas ONGs Greenpeace, Instituto Centro de Vida, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, IPAM, TNC e WWF e indica os caminhos para eliminar, no curto prazo, o desmatamento na Amazônia, com benefícios ambientais, econômicos e sociais para todos.
O estudo afirma que não é impossível alcançar o desmatamento zero e que o país já demonstrou capacidade para atingir metas eficazes em relação a esse feito, como as medidas implementadas nos últimos anos (2005-2012) que derrubaram as taxas de desmatamento na Amazônia em cerca de 70%. “O caminho existe, mas é preciso que governos e empresas se comprometam seriamente em transformar as ações propostas no documento em realidade, eliminando qualquer forma de desmatamento no curto prazo”, afirma Cristiane Mazzetti, especialista em Amazônia do Greenpeace Brasil.
O relatório indica os meios de como alcançar o desmatamento zero, como mudanças no sistema de produção agropecuária, combate à grilagem de terras públicas, atuação do mercado e estímulo à economia florestal. Tais políticas, várias delas abordadas no documento, se aplicadas não somente à Amazônia, mas também a outros biomas, seriam capazes de produzir, bem antes de 2030, o fim do desmatamento no país.
“O Brasil já sabe o caminho para chegar ao desmatamento zero, mas tem seguido na direção oposta. Temer e o Congresso vêm discutindo e aprovando medidas que incentivam ainda mais desmatamento, grilagem e violência no campo. Caso ações não sejam tomadas urgentemente, o cenário é de permanência de altas taxas de desmatamento na Amazônia”, comenta Cristiane Mazzetti.
4 caminhos para o desmatamento
A trilha para o desmatamento zero, de acordo com as organizações, envolve diversos setores e passa, necessariamente, por quatro eixos de atuação:
1) implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes;
2) apoio a usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias;
3) restrição drástica do mercado para produtos associados a novos desmatamentos;
4) engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o desmatamento.
O estudo também chama a atenção para a importância da mobilização da sociedade contra as tentativas recentes de enfraquecer a proteção florestal, como a flexibilização do licenciamento ambiental, a redução da proteção de Unidades de Conservação, a paralisação dos processos de demarcação de Terras Indígenas e a anistia de grilagem de terras públicas – gerando um lucro de R$ 19 bilhões para grileiros.
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“Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá”
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Tudo pode quando se está disposto a fazer.
O governo sabe, de todas estas recomendações, de trás para frente e vice versa. Mas não quer fazê-lo e ponto final.
Isso é verdade. As condições para o desmatamento zero estavam alinhadas depois de 2005, mas faltou fôlego ao governo. A idéia central de desmatamento zero via paisagens sustentáveis foi lançada em 2005 com amplo apoio da comunidade cientifica e ambientalista. O artigo base está disponivel aqui: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/1007…