Salada Verde

Em carta aberta, grupo Coalizão Brasil pede veto presidencial às MPs 756 e 758

O movimento formado por representantes da sociedade civil, empresarial e acadêmica pede que Temer faça o veto integral às Medidas Provisórias que recortam unidades de conservação

Duda Menegassi ·
25 de maio de 2017 · 8 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Foto: Ascom/IBAMA.
Foto: Ascom/IBAMA.

Nesta quinta-feira (25), o movimento Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura publicou uma carta aberta direcionada ao presidente Michel Temer na qual solicita o seu veto às Medidas Provisórias  756/2016 e 758/2016. O documento vem somar na pilha de manifestações públicas contrárias às propostas que vulnerabilizam mais de 600 mil hectares de áreas protegidas. Ontem, o próprio Ministério do Meio Ambiente divulgou em nota oficial a solicitação pelo veto presidencial.

De acordo com a carta, “a aprovação dessas MPs vai na direção contrária à proteção do meio ambiente e ao combate ao desmatamento crescente nos biomas brasileiros e compromete a credibilidade das necessárias iniciativas de desenvolvimento econômico no País”. No texto do documento, o grupo, que é formado por representantes da sociedade civil, da academia e mais de 150 empresas, reforça ainda que esta é uma decisão que beneficiará “alguns poucos indivíduos em detrimento do interesse nacional” (leia na íntegra).

As MPs reduzem a área de três UCs: a Floresta Nacional do Jamanxim e o Parque Nacional do Jamanxim, ambas no Pará, e o Parque Nacional de São Joaquim, em Santa Catarina. Além disso, criam duas novas Áreas de Proteção Ambiental (APA): Jamanxim e Rio Branco. APAs são as unidades de conservação de categoria mais permissiva prevista pelo SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), que permitem tanto a presença de propriedades privadas quanto a exploração econômica.

No texto da carta, o movimento pontua ainda que, caso sejam sancionadas, as MPs promoverão “a retirada da proteção de 588,5 mil hectares de florestas na Amazônia e a redução em 20% do Parna de São Joaquim, um dos principais refúgios da biodiversidade da Mata Atlântica”. E ainda que essas “desafetações, recategorizações e alterações de limites de unidades de conservação em curso no governo descumprem claramente um compromisso brasileiro” pela conservação e proteção dos recursos feito, inclusive, em nível internacional.

As MPs foram aprovadas pelo Senado nesta terça (23) e agora dependem apenas da sanção presidencial para serem instituídas. Além de afetar a proteção de mais de 600 mil hectares na Amazônia, as propostas diminuem em 10 mil hectares o Parque Nacional de São Joaquim, um dos mais antigos do Brasil. O gestor do parque, Paulo Santi, explicou que a redução proposta provocaria a “exclusão de áreas importantíssimas para a biodiversidade, como a região dos Alagados e de grande beleza cênica, como o cânion do funil”. Além disso, Paulo declarou que a iniciativa de fragilizar o instrumento normativo que cria o parque é “temerária, porque este método pode abrir precedente a outras UCs”.

 

Leia Também 

MMA defende vetos contra MPs que recortam áreas protegidas na Amazônia

Senado aprova Medidas Provisórias que recortam UCs na Amazônia

Câmara aprova MP que recortou a Floresta Nacional Jamanxim

 

 

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Notícias
17 de maio de 2017

Câmara aprova MP que recortou a Floresta Nacional Jamanxim

Destaque proposto pelo PT conseguiu retirar a Reserva Biológica Serra do Cachimbo do balaio de reduções. Parque Nacional em Santa Catarina não teve a mesma sorte

Notícias
23 de maio de 2017

Senado aprova Medidas Provisórias que recortam UCs na Amazônia

As MPs 756 e 758, que alteram os limites de três áreas protegidas no Pará e uma em Santa Catarina, vão à sanção presidencial

Salada Verde
24 de maio de 2017

MMA defende vetos contra MPs que recortam áreas protegidas na Amazônia

Por meio de nota, ministro afirma que textos aprovados descaracterizam propósito original das MPs e sinalizam esforços contrários em conter desmatamento na Amazônia

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.