O governo oficializou ontem a nomeação de duas indicações políticas para a chefia das Coordenações Regionais do ICMBio, autarquia do Ministério do Meio Ambiente que cuida das Unidades de Conservação Federais. Com elas, passou para quatro o número de cargos de livre nomeação não ocupadas por servidores públicos do órgão.
Os loteamentos de cargos de chefia são comuns no Ibama, mas até pouco tempo atrás as coordenadorias regionais (CRs) do ICMBio estavam imunes. As chamadas CRs se encarregam das multas por infrações ambientais dentro de Unidades de Conservação e análise de licenciamento de empreendimentos que podem provocar danos nessas áreas protegidas.
Para a CR-8, que abarca 33 Unidades de Conservação do Rio de Janeiro, de São Paulo e sul de Minas Gerais, foi nomeado Ricardo Raposo, empresário ligado ao DEM que ocupava o cargo de gestor das áreas protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
Já para a CR-6, que abrange 32 Unidades de Conservação no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Bahia, Sergipe, Paraíba e Pernambuco, foi nomeado José Carlos de Oliveira, ex-vereador de Bonito de Santa Fé, na Paraíba, do PDT.
As recentes nomeações se juntam a outras duas nas coordenações do ICMBio, uma delas na Coordenação Regional 5 (CR-5), que abrange unidades do Maranhão, Piauí e Tocantins, e outra na CR-4, que tem sede em Belém e compreende uma parte das unidades localizadas no Estado do Pará e do Amapá.
Os servidores pretendem seguir com os protestos contra as nomeações no Seminário Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social (SAPIS), que começou nesta quarta-feira (18) em Niterói, no estado do Rio de Janeiro e prometem ficar atentos para qualquer indício de desvio de finalidade do cargo.
Nota de Raposo
A reportagem de ((o))eco entrou em contato com Ricardo Raposo, que enviou a seguinte nota:
“Sobre a nomeação e a possíveis descontentamentos de funcionários públicos da casa, com o mundo de hoje, eu entendo perfeitamente as motivações que os levariam a isso, e é um direito deles, e até defendo isso, tenho muitos amigos no órgão e também já participei de resistências pela causa ambiental quando era mais jovem. Mas tudo tem que ser, pela causa, e de forma respeitosa com o indivíduo, com o cidadão.
O que posso dizer agora, apenas com esse convite e com a nomeação, é que fiquei muito contente pelo reconhecimento de um trabalho de mais de 4 anos no Instituto Estadual do Ambiente – INEA, à frente da gestão das Unidades de Conservação, inclusive as RPPNs, com uma grande equipe ao meu lado, inclusive com muitos servidores da casa com os quais formamos um grande time aos quais tenho muita gratidão.
Temos avanços reconhecidos, dentro e fora do Brasil, apesar de algumas dificuldades, aprendendo a construir sobre o construído, no amplo combate aos ilícitos e com muito respeito aos servidores da casa quando, em momento algum, interferimos em pareceres e/ou em processos de licenciamento. Isso é um fato que nos credencia a pedir um voto de confiança a todos, sem preconceitos, e acho que isso pesou na escolha do meu nome.
Podemos ser complementares uns aos outros pela causa ambiental [o Inea e o ICMBio]. Veja, recentemente, quando combatemos, juntos, um grande incêndio florestal e fizemos grandes operações policias, não ficamos medindo a jurisdição daquelas árvores ou daqueles animais abatidos, somos todos pela mesma causa e acho que essa é a chave para avançarmos para ganharmos o respeito aos olhos da população com muito trabalho sério”.
Raposo ainda está se desligando do antigo cargo e tem até 30 dias para tomar posse no ICMBio.
Leia Também
Servidores se mobilizam contra loteamento político na área ambiental
Leia também
Ministro não vê problema em nomeações políticas no Ibama
Casos como o da superintendência da Bahia só serão revistos se indicado não estiver apto a desempenhar função, afirmou Sarney Filho. →
Servidores do ICMBio revertem substituição de coordenadora
Único órgão da pasta ambiental federal que ainda não sofreu com o loteamento político de quase todos seus cargos de confiança luta para não perder postos chaves →
Servidores se mobilizam contra loteamento político na área ambiental
Ibama e ICMBio lutam para não perder postos chaves. Uma campanha no avaaz foi aberta para fazer pressão contra os pedidos por cargos da Casa Civil →
https://www.jb.com.br/colunistas/informe_jb/2018/…
http://www.jb.com.br/index.php?id=/acervo/materia…
http://www.jb.com.br/index.php?id=/acervo/materia…
Depois de uma carta com mais de 200 assinaturas de servidores do ICMBio contra sua nomeação o Sr. Ricardo Raposo cita amigos no instituto. Em 10 anos de existência, até o momento não localizamos um sequer. Em fotos das assembleias e atos lotados de servidores do Rio de Janeiro os rostos deixam bem claro o estranhamento. Mesmo no INEA, de onde o Sr. Raposo acaba de sair, não se tem notícias de reconhecimento de qualidade técnica em seu trabalho, quem dirá amigos… Meritocracia, privilégio ou apadrinhamento, que os leitores escolham o termo que mais se enquadra.
Parabéns aos servidores pela militância.
Infelizmente em Mato Grosso, o Governo de Pedro Taques MINOU a secretaria de meio ambiente colocando Carlos Fávaro, vice governador e Secretário de Meio Ambiente. Fávaro, pior do que um empresário num posto de comando de um órgão ambiental, é um dos maiores sojeiros de Mato Grosso, tendo inclusive sido presidente da APROSOJA em anos anteriores.
Ou seja, em um dos estados mais biodiversos do Brasil, o Secretário de Meio Ambiente é plantador de soja! e Dos grandes!!