Dois homens que participaram do atentado à equipe de fiscalização do Ibama, em Placas, no oeste do Pará, em julho do ano passado, foram denunciados pelo Ministério Público Federal à Justiça por dupla tentativa de homicídio. Ao todo, os procuradores denunciaram seis pessoas que participaram do atentado. O grupo ateou fogo em uma viatura do Ibama e perseguiu um caminhão do Exército, na tentativa de tirá-lo da estrada e forçar um acidente.
Cristiano de Sousa Paiva, vulgo Metralha, e Wesley Pádua de Oliveira, conhecido como Ceguinho, foram denunciados por dupla tentativa de homicídio qualificado, com emprego de fogo, mediante emboscada e para assegurar a ocultação de outro crime. Eles também foram acusados por associação criminosa, e por dificultar fiscalização ambiental. A madeireira de Wesley era o alvo da operação do Ibama.
Em 2016, o Ibama embargou a Madeireira Nova Aliança LTDA, por possuir em depósito 1.985,31m³ de madeira em toras e 371,16m³ de madeira serrada, sem licença válida. Segundo o Ibama, a madeira vinha sendo extraída da Terra Indígena Cachoeira Seca do Iriri, do povo Arara, localizada em Altamira, Placas e Uruará. Na ocasião, o dono da empresa, Wesley Pádua de Oliveira, denunciado no processo, alegou que a madeireira estaria no nome de sua esposa dele, Edileuza Pereira de Oliveira, mas essa alegação se mostrou falsa. Havia provas de que ele estava à frente da empresa.
Três anos depois, em 15 de julho de 2019, fiscais do Ibama detectaram que a Madeireira Nova Aliança LTDA havia voltado a operar sem autorização, desrespeitando o embargo. Durante a fiscalização, os agentes foram acuados por um grupo que se encontrava no local. Dois servidores conseguiram sair em busca pela ajuda do Exército, mas uma viatura do Ibama foi perseguida pelo grupo, que estava com motocicletas e um caminhão dirigido por Cristiano de Sousa Paiva, conhecido como Metralha e figura carimbada pelos agentes da autarquia federal por liderar recorrentes tumultos contra fiscalizações ambientais na região.
Perseguição e atentado
O caminhão da madeireira conseguiu alcançar as viaturas do Ibama, fechando o caminho e impedindo a passagem. Com o caminho bloqueado, o acusado Cristiano Paiva desceu, pegou galões de combustível e pneus velhos na carroceria do caminhão e derramou líquido no veículo do órgão ambiental, que só não pegou fogo porque os fiscais conseguiram manobrar a viatura e fugir.
Mesmo conseguindo ajuda do Exército, isso não foi o bastante para inibir as ações do grupo. Segundo informações dos militares ouvidos nas investigações, Cristiano Paiva jogou o caminhão carregado de madeira para cima do caminhão do Exército na tentativa de fazer com que o veículo militar saísse da rodovia.
Ainda assim, as equipes do Exército e do Ibama conseguiram chegar à delegacia da Polícia Federal, sob o comando do delegado Gecivaldo Vasconcelos Ferreira. A delegacia acabou sendo cercada pelo grupo, que ameaçou atear fogo no veículo do Exército e do Ibama. Após 12 horas de conflito, com os agentes do Ibama sitiados na delegacia, o tumulto acabou após os militares ameaçarem atirar contra quem se aproximasse.
Foi preciso uma negociação com uma comissão de moradores para que os agentes pudessem sair, em segurança, da delegacia.
Em setembro de 2019, a Justiça decretou a prisão de dois envolvidos. Wesley foi preso na operação de cumprimento de mandados de prisão. Cristiano não foi encontrado e é considerado foragido.
No início de junho de 2020, os procuradores denunciaram seis pessoas à Justiça, além de Wesley e Cristiano. Dhavid Rafael Oliveira Vieira, Mezaque Conceição de Jesus e Gedelson Viana foram denunciados por associação criminosa e por dificultar a fiscalização ambiental. Já Edileuza Pereira de Oliveira, ex esposa de Wesley, foi denunciada por associação criminosa.
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Pois é ,metralha e ceguinho. Gente de boa índole.
Bagaçada.