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Quentinhas do Clima #1 – Representação indígena recorde

Cerca de trezentos indígenas de diferentes etnias estão participando da 28º Conferência do Clima, em Dubai. Quase cem são brasileiros

Cristiane Prizibisczki ·
5 de dezembro de 2023
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Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

No sexto dia de Conferência do Clima, ficamos sabendo que a empresa petrolífera dos Emirados Árabes tem planos megalomaníacos de expansão da exploração, que o número de representantes indígenas é recorde na história das COPs e que os avanços continuam, ainda que a passos lentos.

ADNOC

Um relatório especial da organização Urgewald e parceiros mostrou que a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), a maior empresa de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos e umas das mais poderosas do mundo, tem grandes planos de expansão para os próximos anos, a despeito dos apelos de cientistas e da comunidade internacional pelo fim da exploração de petróleo no mundo. O petróleo, junto com o carvão e o gás, são os principais causadores do efeito estufa na Terra.

Segundo o relatório da Urgewald, mais de 92% destes planos são incompatíveis com o cenário de emissões líquidas zero necessário para conter as mudanças climáticas.

Presença Indigena na COP

Pela primeira vez, uma indigena é a chefe da delegação brasileira. Com a saída de Lula da Conferência do Clima, Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas do Brasil, assumiu o comando. Segundo dados divulgados pela ministra nesta terça-feira (5), cerca de 100 indígenas de diferentes etnias e partes do Brasil compõem a delegação brasileira. No total, cerca de 300 indígenas de todo mundo atendem a Cúpula do Clima este ano, um número recorde.

Só cresce

O número de brasileiros na COP só aumenta. Segundo dados divulgados pela UNFCCC no início das discussões, éramos 2.400. Um levantamento feito por coalizão internacional de organizações pelo clima mostrou que já somos 3.081.

Piorando cada vez mais

A fala de Sultan Al-Jaber, resgatada pelo The Guardian na segunda-feira e que mostrava que o presidente da COP negou que haja base científica para a eliminação dos combustíveis fósseis  – o que é mentira – continua pegando mal. Em conversa com jornalistas na tarde de ontem, Al Jaber mostrou que anda descontente com a imprensa. Segundo ele, os profissionais de mídia tem feito “um esforço constante e repetido para minar o trabalho dele à frente da Conferência do Cima”.

Recursos para Amazônia

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, nos últimos dias, investimentos de R$75 milhões em fundo de investimento para pequenas e médias empresas da Amazônia. Com isso, sobe para R$ 235 milhões o valor que o banco e outros investidores pretendem investir em negócios na floresta tropical por meio do fundo de capital de risco Amazon Biodiversity Fund Brazil (ABF FIP).

Renováveis

O presidente da COP 28, Sultan Al-Jaber, anunciou no final de semana um conjunto de promessas para investimentos em energia renovável. O principal compromisso, apoiado por 116 países, incluindo o Brasil, é triplicar a capacidade instalada de energias renováveis no mundo até 2030, alcançando cerca de 11 mil gigawatts. Além disso, os países prometem dobrar a eficiência energética no mesmo período. O acordo, no entanto, não inclui o fim dos combustíveis fósseis.

Negociações

Nas portas fechadas dos prédios da COP 28 continuam as negociações. Saiu nesta terça-feira o primeiro rascunho do texto sobre o Balanço global de Carbono, conhecido como Global Stocktake. Ainda é uma versão bem primária, com muitas pontas soltas, mas já se sabe que o Brasil tenta fazer com que o documento não seja somente sobre o passado – só um balanço do que foi feito até agora, como o nome sugere – mas que também inclua ações concretas para alcançar melhores resultados nos próximos anos.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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