Aos 28 anos, o engenheiro florestal recém-formado Gustavo da Costa Dantas, traz um currículo de meia página de experiência profissional, que inclui um estágio em consultoria ambiental, ser agente censitário do IBGE e técnico de uma empresa de engenharia há cerca de 2 anos. A pouca rodagem na área ambiental, não impediu, entretanto, que Gustavo fosse indicado ao cargo de superintendente do Ibama da Paraíba, a posição mais alta dentro do órgão ambiental no estado. A indicação, ainda pendente de validação pelo Ministério do Meio Ambiente, foi denunciada pela Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente (ASCEMA), que criticou a inadequabilidade do perfil do jovem, “sem experiência em gestão pública ou conhecimentos profundos sobre a política ambiental” e a motivação política que estaria por trás da indicação.
Com apoio da ASCEMA, a Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Plano Especial de Cargos do MMA na Paraíba (ASIBAMA-PB) protocolou um ofício junto ao Ministério Público Federal (MPF) em que pede intervenção para impedir essa nomeação.
“O IBAMA, órgão essencial para o combate ao desmatamento, queimadas e outras crises ambientais, tem sua eficácia diretamente relacionada à competência e experiência de seus dirigentes. A escolha de pessoas sem o perfil adequado, motivada por interesses políticos, compromete a capacidade de resposta do órgão, especialmente em um momento em que o Brasil enfrenta desafios climáticos sem precedentes”, alerta a nota da ASCEMA publicada na última semana.
A ASIBAMA-PB reforça que o cargo de superintendente deveria ser ocupado por servidores de carreira ou profissionais com experiência comprovada, ao invés de se tornar moeda de troca política, e reforça que o quadro do Ibama no estado conta com quadro técnico altamente qualificado e nomes verdadeiramente aptos a assumir a superintendência.
“O caso reflete o que já ocorreu em outros estados, como no Paraná, onde os servidores também recorreram ao MPF para combater indicações políticas em detrimento de critérios técnicos, experiência e cumprimento de requisitos mínimos”, detalha trecho da nota da ASCEMA.
O cargo de superintendente do Ibama na Paraíba está vago desde março do ano passado. As decisões da chefia do órgão no estado estão atualmente por conta do substituto Geandro Guerreiro Pantoja, analista ambiental desde 2007.
Ainda no ano passado, o Partido dos Trabalhadores (PT) da Paraíba chegou a levantar o nome do professor de Antropologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Márcio Caniello, afiliado ao partido e que chegou a se candidatar, sem sucesso, como deputado federal em 2022. A indicação, entretanto, também foi barrada por protesto dos servidores ambientais.
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