Em reunião realizada nesta segunda-feira (29) com integrantes do Parlamento Europeu, em São Paulo, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, colocou questões sobre a preservação da Amazônia como um dos principais temas debatidos.
O petista afirmou que, caso retorne ao Palácio do Planalto, fortalecerá as relações do Brasil com a União Europeia com vistas a desenvolver ações para a proteção da Floresta Amazônica.
Para Lula, o país tem um papel de liderança nas discussões sobre o enfrentamento às mudanças climáticas. Esse protagonismo passaria, necessariamente, pela preservação da floresta. Lula também afirmou que o Brasil não abre mão de sua soberania sobre o território da Amazônia, mas que precisa da cooperação internacional para protegê-la.
“Eu quero dizer a vocês que se nós ganharmos as eleições, vai ficar muito bem claro que o Brasil precisa da União Europeia. Nós precisamos de ajuda, nós precisamos de parceria, seja do ponto de vista de investimentos, de troca de ciência e tecnologia, seja do ponto de vista da participação na construção de um mundo efetivamente limpo, sem a emissão de gás carbonico”, disse o petista.
Ao destacar que, apesar de a Floresta Amazônica estar inserida no território brasileiros e dos países vizinhos da América do Sul, a sua preservação é de interesse global.
“O Brasil pretende construir parcerias com muitos países para que a gente possa dizer que, embora o Brasil seja o dono do território da Amazônia, a Amazônia é de interesse de sobrevivência da humanidade e, portanto, têm responsabilidade para ajudar a cuidar da Amazônia”, ressaltou.
O presidenciável afirmou ainda que seu governo não vai transformar o bioma num santuário. De acordo com Lula, o Brasil pode extrair riquezas da Amazônia, a partir de sua biodiversidade, capaz de sustentar os 30 milhões de moradores da região.
Por mais de uma vez, o candidato afirmou o compromisso de fortalecer a relação do Brasil com a União Europeia se for eleito presidente. O relacionamento do país com o bloco europeu ficou comprometido, justamente, por questões da desconstrução das políticas de proteção da Floresta Amazônica, iniciada após a posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República, em 2019. De lá pra cá, as taxas de desmatamento e queimadas dispararam.
As cenas de devastação do bioma, mais a não reação do governo para combater os crimes ambientais, chamaram a atenção do mundo, o que provocou a reação de líderes europeus.
A Noruega, por exemplo, principal financiador do Fundo Amazônia, deixou de enviar recursos. A não aprovação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia também é vista como consequência da desastrosa política de meio ambiente do governo Jair Bolsonaro.
Energias renováveis
Ainda durante o encontro, o presidenciável do PT defendeu a necessidade de um pacto global no enfrentamento às mudanças do clima no qual os países de fato cumpram o que for acordado.
“A gente não resolve a questão climática se não houver uma governança internacional que decida e que todos tenham que cumprir.” Lula criticou o fato de muitos países assumirem compromissos de redução da emissão de gases poluentes nas conferências do clima da ONU, mas ao voltar para casa nada cumprem.
Para o candidato, enquanto o petróleo for um combustível de baixo custo, os países não farão esforços por mudanças em suas matrizes energéticas. Lula definiu o Brasil como um dos países com as maiores fontes de energia limpa do mundo, com destaque para a geração hídrica, eólica e solar.
Apesar de ser apresentada como uma fonte de energia limpa, as usinas hidrelétricas causam grandes impactos ambientais e sociais nas áreas onde são construídas. Foram durante os 14 anos de governos do PT que se construíram grandes hidrelétricas na Amazônia como Belo Monte, na bacia do Xingu, no Pará, e as de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia.
Além de toda a alteração do ecossistema nos mananciais e nos territórios ao redor, as obras provocaram o deslocamento de um grande número de populações tradicionais que há séculos ali viviam. As consequências sociais e ambientais destes empreendimentos são sensíveis até hoje.
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