Controle remoto não funciona

De Wilson CavalcantiSão José dos Campos, SPAo Eduardo Pegurier:Comentário ao que está na sua matéria de 20/12/04 "Controle remoto não funciona", abaixo transcrito:"O ingresso individual em Itatiaia custa R$ 3 por dia. Cerca de um quarto de uma entrada de cinema para passar o dia mergulhado numa das paisagens mais belas do mundo. Na parte alta do parque, o visitante depara-se com vistas raras aos brasileiros. Caminhando a mais de 2 mil metros de altitude, o pulmão aperta um pouco, mas os olhos se espantam quando encontram a grandiosidade das Agulhas Negras e seus 2.787 metros, ou as Prateleiras, para citar apenas duas maravilhas locais."Eduardo: além de esse valor ser uma ninharia, eles não conseguem sequer cobrá-lo. Veja a minha carta que o Manoel Francisco publicou hoje no "Seu Eco". Fui lá recentemente e não me cobraram porque não tinha um funcionário na hora que cheguei para receber...Um abraço,

Por Redação ((o))eco
24 de janeiro de 2005

Propriedade para conservar

De Bernardo Collares ArantesPresidente - FEMERJSenhores, Gostaria de me desculpar pela demora em responder a mensagem abaixo, mas estava escalando nos Andes Argentinos e totalmente incomunicável.Antes de entrarmos nas questões do email do Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva, queremos parabenizá-los pela excelente matéria publicada, pois é muito dificil escreverem sobre tão difícil tema sem ser montanhista. A única ressalva é quanto à manutenção da via de escalada, pois mesmo o conquistador não fazendo a manutenção da mesma, ele não perde o direito sobre ela. Normalmente as vias são doadas ao clubes e eles fazem a manutencao, ou então escaladores individualmente realizam o trabalho... afinal todos "usam" a via e todos devem mantê-la.Vamos ao email do Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva.Não sabemos até que ponto ele está muito mal informado e até que ponto está com muita má-fé.Ética na montanha.Da forma colocada pelo Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva, parece que a FEMERJ inventou essa história de ética, mas na verdade apenas seguimos as éticas mundialmente praticadas e aceitas.Essas éticas recebem o aval da maior entidade de montanhismo mundial, a UIAA (Union Internacionale des Associations D’Alpinisme), que é a federacao mundial do montanhismo, ela está para o montanhismos como a FIFA está para o futebol e da qual a FEMERJ é filiada.Em 1998, a pedido da Comissão de Montanhismo da UIAA, os clubes alpinos da Alemanha e da Áustria, que já estavam discutindo este tópico, criaram um grupo de trabalho para rascunhar um documento balizador. Uma ampla gama de pontos de vista foi considerada pelo grupo. Além disso, informações sobre o uso de grampos no maciço do Mont Blanc foram apresentadas em encontros como o da ENSA (Escola Nacional de Esqui e Alpinismo, da França) em 12-13 de novembro de 1998.O documento foi então apresentado no Encontro e Seminário Internacional de Escalada Invernal de 1999 em Aviemore, Escócia. Este encontro contou com mais de 100 escaladores de 28 países, que por unanimidade endossaram o documento. Ele conclama os escaladores de todo o mundo a considerarem-no detalhadamente, de tal forma que um consenso baseado na boa prática pudesse ser estabelecido e a liberdade para praticarmos nossas atividades protegida.O documento foi finalmente adotado pelo Conselho da UIAA em maio de 2000, durante o encontro de Plas y Brenin, Wales. E ganhou o nome de "to bol or not to be" o qual pode ser encontrado (em português ou inglês) no site da FEMERJ (www.femerj.org).Houve mais um encontro promovido pela UIAA na cidade de Tirol na Itália, onde foi produzida a Declaração do Tirol (cujo doc tambem está no site da FEMERJ no link "ética") sobre a Melhor Prática em Esportes de Montanha, promulgada pela Conferência sobre o Futuro dos Esportes de Montanha em Innsbruck, em 8 de setembro de 2002, contém um conjunto de valores e máximas que proporcionam uma orientação sobre a melhor prática em esportes de montanha. Não são regras ou instruções detalhadas – no lugar disso, elas:Definem os valores fundamentais atuais nos esportes de montanha Contêm princípios e padrões de conduta Formulam os critérios de ética para tomada de decisões em situações incertas Apresentam princípios éticos pelos quais o público pode julgar os esportes de montanha Introduzem a iniciantes os valores e princípios morais de seu esporteDiante do acima exposto está claro qual o caminho temos seguido.Uma vez esclarecido qual ética seguimos, vamos às questoes objetivas colocadas pelo Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva.Costão do Pão de Açúcar.No ano de 2002 dois geologos (montanhistas) alertaram para a possibilidade da parte chamada de "totem" do costão do Pão de Açúcar vir a cair, em torno de 3 toneladas de pedra.Tendo em vista que a FEMERJ não é o orgão para fazer esse tipo de avaliação, enviamos oficial para a GEORIO solicitando um laudo de avaliação. Eles atenderam nosso pedido e enviaram um técnico cujo laudo informando que o local não estava seguro para a prática da escalada e foi assinado pelo Geólogo LUIZ JOSE R.º BRANDAO DA SILVA, que não é montanhista e nunca foi. (Não sabemos de onde o Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva tirou a idéia que o laudo foi feito por montanhista). Inclusive tendo em vista a gravidade da acusação feita de que "inventaram um laudo"... mas essa questão vamos resolver no judiciário. O Laudo está à inteira disposição caso vcs queiram vê-lo.Diante do laudo feito pelo órgão competente para tal, a FEMERJ, apesar de não ter gerência sobre o local, fez uma campanha de alerta para a questão e solicitou que o costão fosse interditado até que fosse encontrada uma solução para o caso.Após alguns meses de debates e sem termos conseguido encontrar qual a melhor solução... um montanhista, de forma isolada, foi lá com um pé de cabra e colocou o "totem" para baixo. Esse montanhista é residente em Minas Gerais há mais de 20 anos e, antes pediu ajuda da FEMERJ para retirar os blocos. Esse pedido foi feito através da nossa lista na internet onde há quase 500 pessoas... e o pedido foi NEGADO (grifo nosso), o que pode ser comprovado lendo o arquivo de mensagens da lista da FEMERJ no mês de dezembro de 2003. Informamos a essa pessoa que somente poderia ser feito algo atraves da GEORIO, órgão competente para tal... ou seja, a acusação do Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva de que foi a FEMERJ quem realizou o trabalho é tambem sem fundamento.Vale lembrar que, em termos de escalada, pouco mudou aquele trecho. O grau de dificuldade anterior era I sup... é após a retirada dos blocos passou para II sup, o que no mundo da escalada é quase nada.Mesmo antes da derrubada dos blocos aquele trecho tinha que ser feito com o uso de técnicas e material de escaladas, nada mudou quanto a isso. Quem disse que era um "simples trepa pedra" não está relatando a realidade.Morro do Babilônia.O Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva nos acusa de somente tomarmos alguma medida após a destruição da vegetação... mas a verdade não é bem assim.A FEMERJ foi fundada em agosto de 2000. O seminário promovido pela FEMERJ que propôs a interrupção das conquistas naquela e em outras paredes da Urca foi realizado em fevereiro de 2001 ou seja, 6 (seis) meses apos a fundação da Federação... Mesmo antes da FEMERJ ser fundada, já havia uma recomendação por parte do "embrião" de formação da FEMERJ a chamada "Interclubes" para que não houvesse conquistas naquela parede. E aquela parede atingiu o atual estágio degradação há mais de 10 anos.O Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva esqueceu de dizer que esse seminário impediu que outras paredes viessem a ter o mesmo destino do Morro do Babilônia, por exemplo a face sul do Pão de Açúcar, onde existem muitas especies endêmicas (não encontradas em nenhum outro lugar do mundo... somente ali)... curiosamente ele não mencionou essa parte.O Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva também esqueceu de mencionar que esse mesmo seminário passou a servir de modelo para todo o Brasil e que outros Estados estão usando o mesmo para preservar suas áreas de escaladas antes que elas fiquem degradadas.O Sr. Pedro P. de Lima-e-Silva esqueceu de mencionar um caminhão de atitudes de propostas feitas pela FEMERJ visando sempre o mínimo impacto sobre ambientes naturais... o que pode ser visto no nosso site.Enfim, são muitas acusações sem nenhum fundamento e estamos à inteira disposição para esclarecer quaisquer fatos porventura ainda obscuros.Grande abraço,

Por Redação ((o))eco
24 de janeiro de 2005

Como entender o Brasil?

De Flávio José ComandolliTenho 51 anos e desde que me vejo por gente informada, após 10 anos, já ouvia que a transposição era uma importante solução para o Nordeste. Dizer que nesse tempo todo o(s) projeto(s) não foi discutido ???....Francamente. Não será fácil ficar sempre o tempo todo contra qualquer idéia ???Prá que ter energia em casa ou na indústria ? Prá que viver e construir? Prá que distribuir água ? Prá que fabricar papel higiênico ? SERÁ QUE NÃO É POSSÍVEL O USO RACIONAL E INTELIGENTE DOS RECURSOS NATURAIS ? Aceito de bom grado indicação de matéria mais técnica e abrangente do assunto transposição...Seguramente a luta ecológica está entre as mais importantes e imprescindíveis da mundo, ao lado da justiça social, educação e outros. Mas não podemos, simplesmente agir para arrecadar apoio pelo apoio. Isso é a refeita dos políticos mais corruptos e viciados.Não sou nenhuma autoridade, no assunto. Por isso pergunto. Existe possibilidade da transposição ser naturalmente correta?

Por Redação ((o))eco
24 de janeiro de 2005

Lula na Amazônia

De Fábio Villela SerfatyMuito apropriada sua crítica, infelizmente devido aos problemas sociais pelos quais nosso país passa esquecemos muitas vezes que os elementos naturais e os seres vivos precisam ter sua dignidade respeitada, a ética depende fundamentalmente de conhecimento. O teatro de horrores no qual nossos animais silvestres são protagonistas entristece a todos os brasileiros. Com toda certeza nosso presidente teve um comportamento inadequado em Tabatinga. Espero que seu texto possa chegar a Presidência da República e que Lula no fundo de sua alma compreenda seu erro. Além disso o Ibama deveria tomar todas as providências legais para acabar com nossos zoológicos e proteger o que resta das áreas naturais. Espero que de alguma forma eu ainda possa ser útil nesse processo.Atenciosamente,

Por Lorenzo Aldé
21 de janeiro de 2005

Escalar e conservar

De Fábio Villela SerfatyFala Eduardo. Estou acompanhando sua coluna. Achei muito interessante a matéria sobre os parque nacionais. Aliás esse site cumpre um papel importante de denunciar as agressões contra o meio ambiente. Também gostei da sua explicação e da discussão em torno do direito autoral e da conservação das paredes de escalada. Eu mesmo não me permito derrubar da parede nenhum gravatá que seja e tomo um cuidado extremo ao escalar. Sobre o costão tenho a dizer que a derrubada da pedra já causou acidentes sérios e que o bloco arrancado não iria cair sem a ação de seres humanos portadores de uma alavanca potente e um ponto de apoio sólido. É muito importante debater essas questões e criar um conjunto de normas e princípios éticos no esporte que sejam compreendidos por todos. Agora, pagar pra fazer costão não é idéia que se apresente. E escalar não é como comer pipoca! Grande abraço.

Por Lorenzo Aldé
21 de janeiro de 2005

Parque Nacional de Itatiaia

De Wilson CavalcantiSão José dos Campos, SPEstive no final do ano em Itatiaia, no Parque Nacional, para a passagem de ano. Hospedei-me no Hotel Simon, como faço sempre que vou àquele lugar. Faço isto praticamente todos os anos, pois adoro aquele Parque! É um dos lugares mais bonitos que já visitei em minha vida. Mas, cada ano ele parece cada vez mais abandonado. As estradas no seu interior estão em petição de miséria tudo parece se deteriorar. À nossa entrada, não nos cobraram o ingresso (carro e passageiros) pois não havia funcionário para receber o dinheiro... A única novidade (boa) que vimos foram alguns seguranças junto às cachoeiras, para prevenir os turistas dos riscos das cabeças d’água que podem se formar nesta época do ano, de muitas chuvas. Nada mais. Há trinta anos, estive na Argentina, fui de carro até à Terra do Fogo! Naquela viagem, visitei alguns parques nacionais argentinos. Já àquela época, talvez porque tenham um patrimônio florestal infinitamente inferior ao nosso, os nossos "hermanos" já tratavam com muito mais zelo que nós as suas riquezas naturais. O cuidado que os argentinos têm com seus parques florestais poderia servir de modelo para nós. O Parque de Itatiaia é belíssimo e tem a vantagem, para os turistas do sudeste brasileiro, de estar ao seu alcance com poucos quilômetros de viagem. Há dentro desse Parque uma infraestrutura hoteleira razoável. O Ibama poderia se aproveitar disso para cuidar melhor dele. Acho que se houvesse alguma liderança responsável no Ibama e no Estado do Rio, esse lugar maravilhoso poderia ser devidamente cuidado, alavancando a atividade turística no estado, fazendo retornar rapidamente os eventuais investimentos que se fizerem...Um abraço,

Por Redação ((o))eco
21 de janeiro de 2005

O amianto é nosso II

De Fernanda Giannasi Senhor EditorReferente à carta publicada em O ECO, na seção "Seu Eco", de autoria do Presidente e Diretor de Relação com Investidores da Eternit, Élio Martins, onde sou citada nominalmente, venho esclarecer que, contrária e erroneamente ao que é mencionado, não referendei declarações da professora da Fiocruz, "segundo a qual as empresas dificultam as inspeções em suas fábricas", que não foi assim apresentado no excelente e minucioso texto de Lorenzo Aldé de 9.1.2005 intitulado "O amianto é nosso". Uma leitura acurada, se tivesse sido feita pelo Presidente da Eternit, perceberia, como o leitor atento, que o texto cita "Para Fernanda Giannasi, isto gera um problema a mais: a “invisibilidade epidemiológica” da exposição ao amianto", já que o que é afirmado pela técnica da Fiocruz é grave, sob o ponto de vista epidemiológico, já que estão sendo negadas informações importantes a um órgão público, como é a Fiocruz do Ministério da Saúde.Portanto, a afirmação é de uma profissional respeitada e de uma instituição pública e conceituada, mas não é minha, que em nenhum momento disse que fui impedida de fiscalizar em 23 anos de Ministério do Trabalho e Emprego as empresas do amianto, como pretende o autor da carta fazer crer para confundir o leitor, pinçando frases de um e atribuindo a outros.Não entendi a "surpresa" mencionada ao fato de "eu ter (supostamente) recusado repetidamente os inúmeros convites que me foram feitos para visitar uma das unidades produtivas da Eternit ou mesmo a mineradora SAMA". Em primeiro lugar, eu não preciso de convites para entrar numa empresa, pois como fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego tenho prerrogativas legais para fiscalizá-las e livre acesso, como fiz na unidade da Eternit de Simões Filho, na Bahia, em novembro de 2003, que como é mencionado é minha obrigação, para o qual fui aprovada em concurso público.Por outro lado, quero deixar patente e reiterar que é inverídica tal afirmação, já que estive na SAMA em Minaçu a convite da empresa anos atrás, por duas vezes, acompanhada de colegas da área médica, sindicalistas e outros interessados no tema, o que não condiz em absoluto com o afirmado.Atenciosamente,

Por Lorenzo Aldé
20 de janeiro de 2005

Sobre Barra Grande

De Leonan BernardiniBiólogo, Consultor em Meio Ambiente e Segurança IndustrialPrezados Senhores,Tenho lido quase todas as notícias que têm circulado sobre as picaretagensenvolvendo IBAMA e ENGEVIX, na fraude que inicia nos estudos ambientais e termina no acordo canalha feito pelo Ministério Público, empresa e IBAMA.Porém, ficam uma série de dúvidas que até o momento não vi em nenhumanotícia, são elas:Quem foram os técnicos "responsáveis" pelos "estudos?Houve denúncia junto aos orgãos fiscalizadores das respectivas profissões?O IBAMA exclui estes técnicos do cadastro nacional de profissionais queatuam na área?Quem foram os "analistas ambientais" do IBAMA que referendaram os "estudos"e "avaliaram" a área?Há inquérito correndo no MP levantando as responsabilidades pelos "erros" noprocesso ou o MP resolveu anistiar os envolvidos públicos e privados emfunção do "acordo"?O IBAMA fez ou está fazendo alguma sindicância sobre o problema dos técnicosque não "enxergaram" alguns milhares de hectares de áreas nativas emexcelente estado de conservação e que "desconheciam" que a área eraconsiderada prioritária para a conservação pelo próprio órgão?Sds.PS. Estou esperando um artigo do José Truda para complementar o que ele escreveu sobre a Dilma.

Por Lorenzo Aldé
19 de janeiro de 2005

O amianto é nosso

De Élio MartinsPresidente e Diretor de Relação com Investidores da EternitAo Sr.Lorenzo AldéChefe de RedaçãoO EcoPrezado jornalista,Gostaríamos de fornecer algumas informações adicionais e de retificar outros pontos relativos à reportagem "O amianto é nosso", veiculada pelo site “O Eco” no último dia 09 de janeiro.Em primeiro lugar, não concordamos com a afirmação de que “o Brasil entra em 2005 cada vez mais isolado na defesa do amianto branco (crisotila)”, uma vez que o mercado mundial dessa matéria-prima cresce a cada ano e fechou o ano passado com um volume total de 2,1 milhões de toneladas da fibra. Além disso, as exportações da Sama Mineração de Amianto Ltda. – de propriedade do Grupo Eternit – vêm apresentando aumentos consecutivos ao longo dos últimos anos e já representam 60% da produção de 240 mil toneladas anuais da mineradora. O mercado é tão importante que vem sendo disputado por outros grandes produtores, como Rússia, Canadá, China e Zimbábue.O tema amianto, por sua vez, não está paralisado no Brasil, o que pode ser comprovado pela própria reportagem do site O Eco e outras publicadas pela imprensa em todo o país. O próprio governo criou uma Comissão Interministerial que tem por objetivo estabelecer uma política nacional para a utilização da fibra e deverá apresentar um parecer até o próximo mês de abril.O debate sobre esse assunto, aliás, não é novo. O projeto de lei de autoria do deputado federal Ronaldo Caiado, por exemplo, mencionado pela reportagem, é fruto de um extenso trabalho e de uma longa discussão promovida pela Câmara dos Deputados, por meio de uma Comissão Especial. Foram ouvidos especialistas, médicos, empresários, trabalhadores e representantes do governo, com posições favoráveis e contrárias ao uso do amianto.O resultado desse trabalho foi a elaboração de um projeto substitutivo, que consolida a possibilidade do uso controlado e responsável do amianto, que já era previsto na legislação que regulamenta a extração, o uso, a comercialização e o transporte do amianto crisotila no Brasil (Lei n.º 9055/95, Decreto nº. 2.350/97 e Anexo 12 da Norma Regulamentadora nº.15 do Ministério do Trabalho e Emprego). Não há como se falar, portanto, em retrocesso na legislação.Também vale lembrar que, em função do uso de equipamentos mais modernos, técnicas de fabricação avançadas e rigorosos controles internos, o contato dos funcionários com as fibras foi eliminado no processo de produção.Ainda assim, nada comprova melhor a possibilidade de uso do amianto crisotila de forma responsável e segura do que o fato da indústria de fibrocimento não ter nenhum caso constatado de doenças relacionadas ao amianto entre os trabalhadores admitidos a partir de 1980. Também não há registro, na literatura médica e científica, nem mesmo na Organização Mundial da Saúde (OMS), de que a população brasileira tenha contraído qualquer doença em função do uso de telhas e caixas d’água de fibrocimento com amianto.Também fomos surpreendidos com a declaração da professora da Fiocruz, referendada pela fiscal do Ministério do Trabalho, segundo a qual as empresas dificultam as inspeções em suas fábricas. A surpresa vem do fato da sra. Fernanda Giannasi ter recusado repetidamente os inúmeros convites que lhe foram feitos para visitar uma das unidades produtivas da Eternit ou mesmo a mineradora Sama, o que, em última análise, nada mais é do que a sua obrigação como fiscal do Ministério do Trabalho.Outro aspecto que necessita ser esclarecido é que a Eternit nunca reconheceu na Justiça a existência de 2,5 mil vítimas do amianto entre seus funcionários. Tanto assim que está recorrendo da decisão contrária em primeira instância. A sentença, no entanto, pode ser considerada boa, porque ratifica e consolida a aceitação, pelo Judiciário, de acordo já existente entre a empresa e seus ex-trabalhadores desde 1997. Restam, apenas, alguns pontos que estão sendo discutidos em apelação.Quanto a um eventual “passivo ambiental” existente em Poções, na Bahia, esclarecemos que o encerramento das atividades na antiga mina seguiu rigorosamente o que determinava a legislação ambiental da época. Esse tipo de conduta é condizente com a atuação da Sama, sempre dentro de rígidos critérios de segurança, saúde ocupacional e respeito ao meio ambiente. A empresa é considerada modelo de ponta pela comunidade internacional especializada e é a primeira e única mineradora de amianto crisotila do mundo a contar com a certificação ambiental ISO 14001. Também é importante lembrar que várias empresas desenvolveram atividades de mineração na área de Poções, após o encerramento das atividades por parte da Sama.Além disso, a Eternit não teve suas ações rejeitadas pelo Índice de Responsabilidade Social da Bolsa de Valores de São Paulo. Tanto assim que a empresa está passando por um processo para ser incluída, juntamente com outras 150 companhias, no Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa e está em negociações para aderir, dentro em breve, ao Nível 2 de Governança Corporativa da instituição. Esses fatos somados demonstram cabalmente o projeto da empresa de estabelecer um diálogo cada vez mais aberto e transparente com a sociedade, o mercado e os acionistas.Com todos esses motivos, não há razão para afirmar que a Justiça tem nos ajudado a reverter a legislações estaduais e municipais que proíbem o amianto. Essas legislações locais estão sendo julgadas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, com base na Constituição Federal, que determina que a competência para legislar sobre a área de mineração no Brasil é de exclusividade da União.Assim, também não concordamos com o deputado Fernando Gabeira que diz que “é necessário aprovar uma lei federal”, uma vez que essa legislação, como destacado acima, já existe. É curioso notar, além disso, que um produto como o amianto, um mineral inerte, presente em 2/3 da crosta terrestre, seja considerado “não-renovável” pelo parlamentar, ao mesmo tempo em que a reportagem coloca como “alternativas viáveis” o PVA e o polipropileno – cujos riscos à saúde são ainda desconhecidos e têm como base o petróleo – e a lã de vidro, que pode, comprovadamente, provocar sérios danos à saúde.Na expectativa de termos contribuído com informações adicionais à reportagem de “O Eco”, permanecemos à disposição e aproveitamos para convidá-lo a participar do Programa Portas Abertas que a Eternit está implantando a partir desta semana. Dentro desse Programa, teremos o maior prazer em recebê-lo em uma de nossas cinco unidades produtivas – uma delas no Rio de Janeiro – e na mineradora Sama, onde poderá comprovar pessoalmente todos os pontos destacados nesta carta.Cordialmente,

Por Lorenzo Aldé
18 de janeiro de 2005