Rio da Dúvida. Um novo primata. Sete pessoas e muita, muita disposição. Este são os ingredientes da mais nova expedição pela Amazônia organizada pelo WWF-Brasil e a qual fui incumbido de fotografar. Uma história que começou em 2010, na expedição Guariba-Roosevelt e proporcionou a descoberta de uma nova espécie de primata pelo mastozoólogo Julio Dalponte. Na época, enquanto o pesquisador trabalhava com levantamento de mamíferos, vasculhou extensas áreas ao longo do Rio Roosevelt até se deparar com um pequeno macaco do gênero Callicebus, conhecido popularmente por Zogue-Zogue. Este tinha uma longa cauda avermelhada, e foi nomeado Zogue-Zogue-Rabo-de-Fogo. Um espécime do macaco foi coletado e levado ao Museu Emilio Goeldi, em Belém, onde o primatólogo José de Souza Lima Junior – o Cazuza, reconheceu se tratar realmente de uma nova espécie, dando início ao trabalho de identificação do animal.
Nesta nova expedição que durará 16 dias, viajaremos por áreas da Amazônia que abrange justamente o interflúvio do Rio Roosevelt e Rio Aripuanã. Percorreremos estradas esquecidas nos Estados de Rondônia, Mato Grosso, Amazonas e Pará. Navegaremos nas águas do Rio da Dúvida (atual Rio Roosevelt), onde em 1914 o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt e o Marechal Rondon e aventuraram e desafiaram os mistérios. Aquela foi uma das mais importantes ações expedicionárias de mapeamento em pleno coração da floresta amazônica.
A intenção desta expedição moderna é buscar mais informações que complementem questões ecológicas da espécie; qual sua área de abrangência, habitat e limites de ocupação; as barreiras geográficas que definem sua área de vida e se as mesmas sofrem algum tipo de ameaça em termos de conservação.
Segundo Julio Dalponte: “O que buscamos hoje é saber a localização geográfica precisa deste Zogue Zogue. Com esta informação, poderemos definir os limites mais exatos de onde ele ocorre e assim permitir que os tomadores de decisão possam criar políticas públicas que ajudem na conservação do macaco”, explicou.
E é justamente nesta etapa que o WWF-Brasil entra com seu maior expertise: articular ações de conservação de grandes áreas nos diversos biomas brasileiros. Um dos integrantes da equipe, o analista de conservação Samuel Tararan, descreve um pouco as intenções da Instituição:
“Temos como meta percorrermos o interflúvio Roosevelt-Aripuanã e seu entorno, ampliando o conhecimento sobre a nova espécie de Zogue-Zogue e identificando oportunidades de conservação nesta área, uma das menos estudadas na Amazônia. Ao final da expedição, teremos o levantamento do estado de conservação e das pressões dos ambientes limítrofes do Mosaico da Amazônia Meridional”.
Ao longo das próximas duas semanas compartilharemos um pouco de nossas atividades. Usaremos tecnologia de localização e comunicação via satélite, tecnologia sob responsabilidade de Ayslaner Gallo, da empresa MapsMut, que cuidará da logística da viagem. Para completar a equipe, temos Rosalvo Rosa, Francisco Neres e Jamylle de Souza.
Enviaremos periodicamente nossa localização, que poderá ser acompanhada nos seguinte mapas:
- Mapa o trajeto completo da expedição
- Acompanhe o dia-a-dia da equipe
- Acompanhe as principais ocorrências da equipe. Mensagens do andamento da expedição, problemas eminentes, registro de ocorrência do Zogue-Zogue
Mais do que isto, mandaremos informações a cada vez em que o pequeno Zogue-Zogue for localizado. Sempre que a internet permitir, mandaremos fotos, vídeos e todo tipo de informação que pudermos desvendar, seja das águas misteriosas do Rio da Dúvida ou do comportamento arredio de um macaco (ainda) desconhecido. Embarque conosco nesta fantástica experiência.
*Atualizado em 03/11/2022: adaptação de fotos e artes as atualizações do wordpress
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