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Newsletter O Eco+ | Edição #128, Dezembro/2022

O desafio da implementação, zogue-zogues encurralados e o clima de fim de festa

Newsletter O Eco+ | Edição #128, Dezembro/2022

18 de dezembro de 2022

A Lei de Proteção da Vegetação Nativa, mais conhecida como Código Florestal, completou 10 anos em 2022. Apesar de sua implementação ter sido um processo contínuo desde sua publicação, ela ainda é desigualmente aplicada entre os estados. Apenas 12% de todas as propriedades rurais cadastradas no país têm monitorados os avanços na recuperação ou compensação de passivos ambientais. Em uma radiografia inédita e atualizada da última década de implementação da lei, a organização Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio) chegou à conclusão de que, se realmente quiser tirar do papel suas propostas de reconstrução da agenda ambiental no país, o próximo governo terá que encarar o desafio – ou abraçar a oportunidade – de pactuar com os estados a construção de um plano nacional para cobrir esta enorme lacuna. A reportagem de Cristiane Prizibisczki traz os detalhes do estudo divulgado na última quarta-feira (14).

Primata reconhecido pela ciência em 2018, o zogue-zogue de Mato Grosso já é uma espécie ameaçada de extinção. Sua distribuição limitada ao norte do estado, sofre a infeliz sobreposição com o Arco do Desmatamento, área por onde avançam historicamente as principais pressões que põem abaixo a floresta. Quem sobrevoa o norte mato-grossense vê ilhas de floresta, recortadas em diferentes formatos e tamanhos, isoladas em meio a vastas plantações e pastos. A depender da época do ano, a paisagem onde predomina a soja, o milho, o algodão e o gado ainda é tomada pela fumaça de incêndios florestais. O texto de Duda Menegassi revela como pesquisadores correm contra a destruição da Amazônia para garantir a sobrevivência da espécie, encurralada pelo desmatamento.

Em novembro, no Panamá, a 19ª conferência da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites) decidiu que as exportações de madeira de ipê e de cumaru precisam de autorizações que atestem extração dentro da lei e com baixo impacto ambiental. Essa medida levará a revisões nas concessões para exploração madeireira na Amazônia. Aldem Bourscheit traz as reações – desfavoráveis – do setor exportador às alterações e também as novas regras de proteção de animais da floresta equatorial e de outros biomas. 

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

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Conclusão está expressa em estudo do CPI/PUC-RJ divulgado esta semana. Trabalho traz radiografia da implementação da norma e orientações ao novo governo

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· Conservação no Mundo ·

Quantas formigas? Elas arejam o solo, transportam sementes para o subsolo e são uma fonte vital de alimento para muitos organismos: formigas são fundamentais para a vida no planeta Terra. Como as formigas são vitais para a saúde de nossos ecossistemas, os pesquisadores enfatizam a importância de aprender mais sobre sua abundância e sua resposta às mudanças ambientais. Um estudo recente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) estima quantas delas estão ao nosso redor: impressionantes 20 quatrilhões, cerca de 2,5 milhões de formigas para cada ser humano. Biólogos vasculharam centenas de estudos de populações de formigas em todo o mundo para chegar a essa estimativa surpreendente e, mesmo assim, afirmam que ela é baixa, pois não leva em conta as formigas que vivem no subsolo, e não há muitos dados do norte da Ásia e da África Central. [Mongabay]

 


 

Contraintuitivo. Animais de grande porte, especialmente herbívoros, como os elefantes, são frequentemente vistos como destrutivos da vegetação, portanto são descartados como uma solução climática baseada na natureza. Mas em um estudo publicado na revista Current Biology, uma equipe de ecologistas prova o contrário. Ao remover plantas vivas e mortas, grandes animais descartam materiais que podem alimentar incêndios florestais – que adicionam grandes quantidades de carbono à atmosfera; ao consumir a vegetação e excretar estrume, os animais de grande porte melhoram a disponibilidade de nutrientes para as plantas e apoiam o armazenamento de carbono na vegetação e no solo. Ao criar lacunas na vegetação e dispersar sementes, os animais de grande porte criam diversos ecossistemas com muitas oportunidades para o crescimento de uma variedade de plantas, tornando os ecossistemas mais resilientes e mais capazes de lidar com as mudanças climáticas. Ao mastigar os arbustos da região polar e pisotear a neve, animais de grande porte ajudam a manter o permafrost, ajudando a prevenir a liberação de carbono na atmosfera. [Mongabay]

 

· Dicas Culturais ·

• Pra ler •

Sob os tempos do equinócio: Oito mil anos de história na Amazônia central (2022) | Eduardo Góes Neves

O arqueólogo Eduardo Neves realiza aqui, com base em décadas de pesquisa, uma reconstituição de oito mil anos de história da ocupação humana da Amazônia central – de 10 mil anos atrás até os primeiros momentos da colonização europeia, no século XVI.

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• Pra assistir •

Enigmas do Universo (2022) | Netflix

Com narração de Morgan Freeman, esta impressionante série documental conta a incrível história do universo ao longo de bilhões de anos e sua relação direta com a vida na Terra.

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Como o mundo pode ficar mais sustentável? Confira as dicas de Rosana Jatobá.

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