As emissões de gases de efeito estufa provocadas por desmatamento e agropecuária nos municípios do entorno da rodovia BR-319 tiveram uma alta de 16% em um ano, enquanto a média nacional de crescimento dos dois setores foi de 11%. Os dados, medidos pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), referem-se aos anos de 2018 e 2019, mas só foram divulgados nesta quinta-feira (9).
Segundo a análise do Sistema, entre os anos analisados, as emissões somadas dos 13 municípios da área de influência da estrada saltaram de 54,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente para 63,8 milhões/ton.
Todas as primeiras posições do ranking de maiores altas nas emissões estão em cidades do Amazonas. Em primeiro lugar aparece o município de Borba, cuja poluição climática aumentou 75% entre 2018 e 2018 – saltou de 521 mil toneladas de CO2 equivalentes emitidos para 913 mil toneladas.
Em segundo lugar aparece Humaitá, com 62% de alta, seguido por Autazes, com 59% de alta. Lábrea, no sul amazonense, ficou em quarto lugar. Saiu de 15,4 milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2018 para 23,2 milhões em 2019, um aumento de 50% nas emissões de um ano para o outro. No último ano analisado, Lábrea foi o município que mais emitiu dentre os que estão na área de influência da BR-319.
O município, de fato, tornou-se um dos maiores hotspots de desmatamento da Amazônia nos últimos anos. Em 2022, Lábrea teve a segunda maior área de alertas de desmatamento de todo o bioma, perdendo apenas para Apuí, também no sul do Amazonas.
Licença acelerada X desmatamento em alta
Segundo nova do Observatório do Clima, a alta nas emissões de gases estufa no entorno da BR-319 permite vislumbrar a tendência de ocupação e devastação da região, com o avanço da pavimentação da rodovia.
Em 2022, o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo, conseguiu a licença prévia para o asfaltamento da via que liga Manaus a Porto Velho, o chamado “trecho do meio”.
O licenciamento, que levou a uma corrida por ocupação e fez explodir o desmatamento na região, atropelou diversos pareceres técnicos do próprio órgão que emitiu a licença prévia, o Ibama.
Um estudo do atual diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Raoni Rajão, já havia indicado que o asfaltamento da 319 quadruplicaria o desmatamento.
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