Newsletter O Eco+ | Edição #156, Julho/2023
16 de julho de 2023
A região conhecida como Serra da Chapadinha, na Bahia, possui atributos equiparáveis ao do vizinho, o Parque Nacional da Chapada Diamantina: presença de espécies ameaçadas, importância hídrica e beleza cênica. A serra, entretanto, não conta com a proteção da unidade de conservação e segue vulnerável à mineração, especulação imobiliária, desmatamento e caça. Pesquisas minerais em andamento próximo a rios e nascentes acenderam o alerta de moradores, preocupados com o abastecimento de água da região. Duda Menegassi foi até lá para não só trazer belas imagens, mas também para conhecer o movimento “Salve a Serra da Chapadinha” e a corrida que trava contra o tempo para criar uma unidade de conservação que proteja o local.
Aldem Bourscheit escreve sobre a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para integrar as polícias e o controle do tráfego aéreo na Amazônia, feita durante um encontro entre líderes de países amazônicos reunidos esta semana em Letícia, na Colômbia. A ideia é combater crimes que cruzam fronteiras. A recomendação do presidente brasileiro, neste encontro prévio à Cúpula da Amazônia, em agosto, chega em boa hora: quadrilhas ganharam força e terreno no país graças ao esfacelamento da fiscalização no governo Jair Bolsonaro.“
China e Estados Unidos são responsáveis por 39% das emissões globais de gases efeito estufa e continuam sem trabalhar conjuntamente em função de distensões geopolíticas. Mitigar as causas do aquecimento global certamente passará pelo protagonismo colaborativo desses gigantes econômicos.” A coluna de Carlos Bocuhy mostra como EUA e China sofrem na pele a ineficiência na política ambiental: o centro-oeste americano está literalmente fritando de calor e na última semana, tempestades afetaram 460 mil pessoas ao redor de Sichuam e 85 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Contra mineração, movimento luta para proteger a Serra da Chapadinha
Criminalidade emperra o avanço de economias que preservam a Amazônia
EUA e China sofrem na pele a ineficiência na política ambiental
· Conservação no Mundo ·
Ciência no poder. Em 2022, a renomada cientista climática Maisa Rojas deixou sua zona de conforto acadêmica e assumiu o cargo de ministra do Meio Ambiente do Chile, no governo progressista de esquerda de Gabriel Boric. A professora adjunta de Física, com doutorado em Oxford, foi uma das muitas nomeações ousadas em um gabinete que prometia promover valores ecológicos e feministas, justiça social e retribuição. Com o Chile sofrendo incêndios prolongados, secas e ondas de calor, ela ajudou o país a aprovar uma lei climática e uma lei da natureza para proteger a biodiversidade. Em entrevista ao The Guardian, a ministra falou sobre a reconciliação dos objetivos ecológicos e as realidades do governo, e por que ela quer que seu país em desenvolvimento seja um pioneiro climático global. [The Guardian]
Ressurreições. Por quase cinco séculos, os herbários ajudaram os botânicos a identificar, nomear e classificar a diversidade floral do mundo. Agora, essas vastas bibliotecas botânicas estão sendo exploradas para tentar criar um novo capítulo na história de 500 milhões de anos da vida vegetal terrestre da Terra. Na edição de dezembro da revista Nature Plants, um grupo internacional de biólogos publicou a primeira lista de plantas globalmente extintas que eles acreditam que podem ser recuperadas. Armados com novas tecnologias, os botânicos propõem o que antes era considerado impraticável: reviver espécies de plantas há muito perdidas usando sementes de espécimes secos em coleções. [Yale Environment360]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é o cutia-vermelha!
Roedor de pequeno porte, a cutia-vermelha (Dasyprocta leporina) tem o hábito de fazer buraco para esconder as sementes que coleta das árvores, o que faz do animal um grande dispersor de sementes.
Vivem em habitats úmidos apropriados, em baixas altitudes, em florestas secas decíduas e verdes. A distribuição geográfica da cutia-vermelha vai do México, passando pela América Central, até o norte da Argentina, Paraguai, Uruguai e todo território brasileiro.
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
A terra dá, a terra quer (2023) | Antonio Bispo dos Santos
Contracolonização é o conceito-chave desta obra, que contrapõe de forma desconcertante o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem própria, o autor oferece um olhar urgente e provocador sobre os modos de viver, habitar e se relacionar com os demais viventes e com a terra.
• Pra ler •
Antropoceno ou Capitaloceno? Natureza, história e a crise do capitalismo (2022) | Jason W. Moore, Antônio Xerxenesky (tradução) & Fernando Silva e Silva (tradução)
Em sete ensaios, este livro demonstra que a ideia de Antropoceno — preferida do catastrofismo anódino dos meios de comunicação e da comunidade científica — não está isenta de politização. Ao considerar indistintamente a humanidade como responsável pelos impactos geológicos causados pelas atividades econômicas, os proponentes do Antropoceno pecam por uma enorme falta de consistência histórica.