Após um breve descanso, a Conferência do Clima da ONU retomou suas atividades em Dubai, nos Emirados Árabes, nesta sexta-feira (8). Restam poucos dias para o fim da Cúpula, mas, apesar dos seus avanços iniciais, o encontro não dá mostras de que os resultados esperados serão alcançados com facilidade.
Um dos pontos principais em debate é a definição de um acordo global para o fim do uso de combustíveis fósseis. A queima de petróleo, gás e carvão é a principal causadora do aquecimento global, mas, em 28 anos de Conferências, os países membros da ONU nunca mencionaram sua eliminação nos acordos firmados até o momento.
Com o aumento da frequência e intensidade nos eventos climáticos extremos, causados pela alteração do clima da terra, o tema entrou para o centro dos debates e a expectativa era que o documento final da Cúpula deste ano incluísse essa menção.
O que se viu, até o momento, no entanto, é uma repetição das disputas entre países ricos e pobres pela forma como a citação será feita.
Até a noite de quarta-feira – antes do recesso – o rascunho do documento, conhecido como Balanço Global de Carbono (Global Stocktake), trazia três sugestões de textos. Nesta sexta-feira, o número aumentou para cinco sugestões, entre elas a de retirar qualquer menção à eliminação dos fósseis.
“Novembro foi o sexto mês seguido de quebra de recordes de temperatura global, alerta o serviço europeu de meteorologia Copernicus. O clima está se aproximando perigosamente de seu ponto de não retorno, assim como esta COP. Anúncios impressionantes injetaram alguma energia no início da conferência, mas o rascunho do Global Stocktake (GST), o documento de fechamento para esta cúpula e que faz um balanço da ação climática até aqui, continua pobre em objetividade e ambição”, disse a organização Climainfo, sobre os desdobramentos da Cúpula.
O receio é tanto de que a COP 28 falhe em seus propósitos que mais de 1.000 líderes de várias áreas, em todo o mundo, lançaram um manifesto nesta sexta-feira cobrando que os países participantes da Cúpula e sua presidência entreguem progressos na agenda do clima.
As decisões que serão tomadas devem estar de acordo com a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, dizem os líderes.
A média global de aquecimento nas últimas décadas foi de 1,1ºC, mas as temperaturas atingidas em 2023 mudaram esse cenário: este ano foi o mais quente dos últimos séculos, com temperaturas 1,4ºC acima da era pré-industrial.
“Os sinais de transformação e oportunidade em todos os setores e na sociedade estão à nossa volta. Ao mesmo tempo, a emergência climática tem nos afetado mais do que nunca. Cabe a nós aproveitar esta oportunidade – porque o que for alcançado aqui no Dubai deve marcar um momento legado que determinará o destino das nossas gerações futuras”, dizem os líderes.
A 28ª Conferência do Clima da ONU acontece até o próximo dia 12. O presidente da Cúpula, Sultan Al Jaber, disse que pretende encerrar o evento às 11h deste dia, mas, considerando o andar das negociações, organizações da sociedade civil e observadores acreditam que ela deve se estender até o dia 13 ou 14.
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