Números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indicam que as porções de floresta da Amazônia atingidas pelo fogo em 2024 já chegam a 4,6 milhões de hectares, área maior do que a Dinamarca. Entre 1º de janeiro e 31 de outubro de 2024, foram registrados 120.821 focos de incêndio no bioma, a mais alta cifra em 17 anos para o período.
O número de focos representa um aumento de 51% em comparação ao mesmo período em 2023 (79.998 focos) e é o maior registrado desde 2007, ano em que o país também sofreu forte estiagem, assim como a resgistrada atualmente.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, até o dia 20 de outubro, data corte de análise do último boletim divulgado pelo órgão, em toda a Amazônia foram queimados 13 milhões de hectares.
Segundo Cláudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento BiomasBR do INPE, a diferença entre os números do Instituto e do MMA é devido aos tipos de satélites e metodologias utilizadas pelos órgãos responsáveis pela análise.
Os dados divulgados pelo MMA são do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) e consideram toda superfície do bioma amazônico, diferente das medidas de cicatrizes de fogo do Deter/INPE, que considera apenas áreas de floresta nativa. Isto é, florestas que deveriam ser mantidas em pé, mas foram queimadas.
No ranking das áreas protegidas com maior número de focos, estão: Floresta Nacional do Jamanxim (PA), com 1.759 focos, Parque Nacional do Araguaia (TO), com 1.570 focos, Área de Proteção Ambiental do Tapajós (PA), com 882 focos, Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba (MA/PI/TO), com 781 focos, e Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), com 745 focos.
Entre as Terras Indígenas da Amazônia ou em áreas de transição de biomas com maior número de focos de incêndio estão: TI Kayapó (PA), com 3.259 focos, TI Parque do Araguaia (TO), com 2.412 focos, e TI Utiarití (MT), com 1.017 focos.
Até o momento, a Polícia Federal já instaurou 37 inquéritos no Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. O único estado fora da Amazônia Legal em que há investigação da polícia sobre queimadas criminosas é o Mato Grosso do Sul, devido à situação do Pantanal.
Além dos inquéritos instaurados, ICMBio e Ibama já realizaram, em todo o Brasil, 237 ações de fiscalização, 7.610 notificações, 193 autos de infração e 89 termos de embargo. Mais de R$ 770 milhões já foram lavrados em multas e 55,3 mil hectares embargados.
Nos 10 primeiros meses do ano, apenas 20 municípios concentraram 85% dos focos de calor na Amazônia: São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA), Novo Progresso (PA), Apuí (AM), Lábrea (AM), Itaituba (PA), Porto Velho (RO), Colniza (MT), Novo Aripuanã (AM), Boca do Acre (AM), Manicoré (AM), Feijó (AC), Jacareacanga (PA), Ourilândia do Norte (PA), Peixoto de Azevedo (MT), Humaitá (AM), Cumaru do Norte (PA), Marcelândia (MT), Candeias do Jamari (RO) e Santana do Araguaia (PA).
“A devastação causada pelas queimadas não apenas compromete a rica biodiversidade que temos, mas também agrava as mudanças climáticas ao liberar quantidades significativas de gases de efeito estufa na atmosfera”, afirma Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.
De acordo a WWF o aumento dos incêndios é um dos resultados da pressão extrema sobre os biomas, produzida pela ação humana.
“Somente com ações coordenadas e efetivas poderemos mitigar os impactos das queimadas e garantir um futuro mais saudável e equilibrado para o nosso planeta. A COP29, em Baku, deve ser um marco nesse processo, possibilitando diálogos e decisões de acordos financeiros que viabilizem ações efetivas de preservação da natureza”, diz Prado.
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Eu passei em muitas dessas cidades em setembro, mencionadas por essa matéria e vi o estrago com meus próprios olhos. Respirei muito gás carbônico. Era inacreditável o que estava acontecendo. O ser humano perdeu mesmo a noção.