Belém (PA) – Enquanto as negociações seguem com as dificuldades que lhes são inerentes, o calor continua a judiar dos participantes da COP30. Na área dos pavilhões, os termômetros bateram inacreditáveis 48 graus nesta sexta-feira, temperatura impossível para a sobrevivência humana.
E foi justamente o calor excessivo um dos motivos que levaram a UNFCCC a cobrar medidas da presidência da Conferência do Clima de Belém. Na carta, enviada no final da quarta-feira (12) e vazada para a imprensa na quinta (13), cobra providências para o problema das “Altas temperaturas e ar condicionado inadequado nas áreas da Conferência”.
Em coletiva de imprensa no final da tarde de quinta-feira, o presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, disse que este problema já teria sido resolvido, mas a temperatura beirando os 50ºC foi registrada nesta sexta, segundo Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.
A carta também cobra respostas do Brasil sobre falhas de segurança, alagamentos e vazamentos de água nos espaços da COP e más condições estruturais nos pavilhões e escritórios dos países.
NDCs subindo
A Presidência da COP anunciou nesta sexta-feira que 150 das 195 partes do Acordo de Paris já apresentaram suas NDCs – até final de outubro apenas 64 haviam apresentado. Agora, a presidência da COP30 conversa com o secretariado da UNFCCC para ver a possibilidade do lançamento de um novo relatório, dizendo o quanto essas metas climáticas representam em redução de emissões de gases de efeito estufa.
O último relatório, publicado no dia 28 de outubro pelo secretariado da UNFCCC, indicava que as metas climáticas apresentadas até então representam um corte de apenas 17% das emissões, levando o mundo a uma rota de aquecimento de 2,5ºC até 2100. A Ciência diz ser necessário cortar 60% das emissões de gases até 2035.

Saúde na COP30
O tema da saúde ganhou destaque nesta sexta-feira novamente, com o lançamento de um relatório do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde que indica que 1 em cada 12 hospitais do mundo tem risco de paralisação por causas relacionadas ao clima.
O Relatório, intitulado “Saúde e Mudanças Climáticas: Implementando o Plano de Ação em Saúde de Belém”, faz um apelo por ações imediatas e coordenadas para proteger a saúde em um planeta que aquece rapidamente. O documento dá sequência ao lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, iniciativa do Ministério da Saúde do Brasil, apresentado na quinta-feira É o primeiro plano internacional de adaptação climática dedicado exclusivamente à saúde. O documento já conta com adesão de mais de 80 países e instituições.
“A adaptação dos sistemas de saúde é fundamental para salvar vidas hoje”, disse o ministro de Saúde do Brasil, Alexandre Padilha.
Na quinta-feira, uma coalizão de instituições filantrópicas anunciou a destinação de US$ 300 milhões para ações integradas que enfrentem tanto as causas das mudanças climáticas quanto as suas consequências para a saúde, de forma a acelerar soluções onde elas são necessárias.
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