O que era pra ser um encontro para formalizar o Conselho Gestor do Monumento Natural das Ilhas Cagarras (RJ) tornou-se uma atuação antecipada deste conselho. Em pauta, a dragagem de sedimentos no entorno da Baía de Guanabara. Mas a principal preocupação dos membros da sociedade civil e de instituições de pesquisa e pesca é o local de descarte destes resíduos que estão sendo levados até o Monumento Natural.
A mobilização sobre o assunto começou na internet num grupo de discussão do qual fazem parte os futuros conselheiros e continuou na manhã desta quinta-feira, 14 de outubro, no Clube Marimbás, em Copacabana. Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) estiveram no local e junto com a Coppe, da UFRJ, e a equipe de apoio a fiscalização da Secretária dos Portos, explicaram que o processo de dragagem está sendo feito com monitoramento via satélite e sem prejudicar o ambiente do local de descarte. “O comportamento do ambiente antes da dragagem é o mesmo desde o início. Em nossos relatórios constatamos que não houve mudança na qualidade da água, na qualidade dos sedimentos e nas condições gerais”, afirma Cristina Randazzo, Engenheira Civil Ambiental da Coppe/UFRJ.
Mergulhador há mais de trinta anos, Luiz Augusto de Araujo conhece a realidade das Ilhas Cagarras e junto com outros participantes discorda do local escolhido para a dispersão dos sedimentos. “O descarte está sendo feito corretamente, com o monitoramento adequado, mas o ponto escolhido para esta atividade é ruim porque está em paralelo ao Monumento Natural. Ou seja, se bate um vento leste esses sedimentos facilmente vão chegar às ilhas. O posicionamento ideal seria o descarte por fora da Ilha Rasa”, aponta ele.
A preocupação com a conservação do monumento natural adiou a oficialização do Conselho Gestor, mas segundo Sylvia Chada, do Instituto Nacional Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o encontro já demonstra a disposição dos conselheiros para o trabalho. “Nós só poderíamos tratar de assuntos como este depois que o conselho estivesse formado, mas de uma certa forma já estamos fazendo a gestão da área. E é importante que esta iniciativa venha dos atores envolvidos com a unidade de conservação, afinal o ICMBio só coordena esses encontros, quem vai cuidar mesmo do local é essa sociedade civil organizada”, comemora ela.
Ao final do encontro um grupo de trabalho, com membros do futuro conselho, foi constituído para apresentar soluções para o descarte de sedimentos junto ao Inea, que por sua vez colocou-se à disposição para encontrar uma melhor solução para o Monumento Natural. (Thiago Camara)
Leia também
Ambientalistas acusam multinacional japonesa de lobby contra a criação do Parna do Albardão
A denúncia foi levada ao MPF no Rio Grande do Sul com pedido de providências. Empresa de energias renováveis nega acusações e afirma não ser contra a proteção ambiental da área →
Plásticos são encontrados em corpos de botos-cinzas mortos
Estudo identifica microplásticos em todas as doze amostras de botos-cinzas mortos encontrados no Espírito Santo. Um resíduo de 19,22 cm foi retirado de um deles →
Para salvar baleias, socorristas de México e EUA arriscam a própria vida
Registros de baleias presas em equipamentos de pesca estão crescendo na costa oeste do México, no Atlântico Norte e no resto do mundo — assim como os esforços para libertá-las →