Recife – Um projeto polêmico para o tratamento do lixo produzido no Recife ganhou novo revés. A ideia dos executivos do consórcio Recife Energia é criar uma usina de cogeração de energia e de vapor a partir do uso dos resíduos sólidos como combustível. Nem bem saiu do papel ou recebeu a chancela da agência de meio ambiente de Pernambuco, o empreendimento se tornou alvo de defensores de uma reserva de Mata Atlântica, entrou na mira do Ministério Público estadual e, por fim, ganhou um veto da Prefeitura do Cabo – que tornou pública sua decisão de não conceder licença para o funcionamento da usina.
A história, ainda sem fim, começou com o anúncio, pela Prefeitura do Recife, do pré-acordo feito com a Recife Energia para o recebimento das 1.350 toneladas diárias de resíduos sólidos que a cidade produz. Com o lixo, a unidade 1 da Recife Energia iria separar a parte orgânica, possibilitar, em esteiras, que os catadores selecionassem o que fosse reciclável e retirar o lixo que pudesse ser tóxico (como pilhas e canos em PVC). O volume orgânico seria matéria prima de biogestores que transformariam o lixo em gás natural e fertilizante. O problema estava no local onde seria instalada da unidade 1: em parte de uma reserva de Mata Atlântica, a Mata do Engenho Uchoa.
A parte não orgânica, não tóxica e nem reciclável seria transformada em combustível para a usina de cogeração de energia e vapor no município do Cabo de Santo Agostinho. O Cabo é também a cidade onde está parte do Complexo Industrial e Portuário de Suape. O porto e seu entorno industrial está em parte no Cabo e em parte no município de Ipojuca. A prefeitura do Cabo negou licenciamento para a unidade 2 do Recife Energia alegando que o movimento de veículos está saturado.
Parte da viabilidade econômica do empreendimento está em vender o vapor que será gerado na usina para uma das várias indústrias instaladas em Suape. Com o veto da prefeitura do Cabo, executivos da Recife Energia procuram, agora, um novo local para a instalação da unidade 2. (Celso Calheiros)
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