Notícias

Mato Grosso aumenta produção de soja sem desmatar

Pesquisa revela que aumento na produção no estado, a partir de 2005, ocorreu por melhora de produtividade, sem avanço sobre a floresta.

Vandré Fonseca ·
12 de janeiro de 2012 · 13 anos atrás
Desmatamento no Mato Grosso. O gráfico demonstra a relação entre a produção de soja (em verde), número de cabeças de gado (em azul) e desmatamento (em vermelho) entre 2001 e 2010. O aumento da produção corresponde a incremento de 3 milhões de hectares para a soja e 10 milhões de hectares de pastos (considerando uma cabeça por hectare). Crédito: divulgação
Desmatamento no Mato Grosso. O gráfico demonstra a relação entre a produção de soja (em verde), número de cabeças de gado (em azul) e desmatamento (em vermelho) entre 2001 e 2010. O aumento da produção corresponde a incremento de 3 milhões de hectares para a soja e 10 milhões de hectares de pastos (considerando uma cabeça por hectare). Crédito: divulgação
Manaus, AM – A expansão da soja não provocou aumento significativo no desmatamento no Mato Grosso entre os anos de 2006 e 2010, segundo estudo publicado esta semana na revista científica americana PNAS – Proccedings of the National Academy of Science. “Nestes período, a soja parou de entrar em áreas de floresta e começou a usar áreas que já haviam sido desmatadas, como pastagens de baixa produtividade”, afirma a ecóloga Márcia Macedo, autora principal do artigo.

Os pesquisadores da Universidade de Columbia, Estados Unidos, da Agência Espacial Americana (Nasa), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) combinaram imagens do satélite MODIS com estatísticas de desmatamento para fazer uma análise das mudanças no uso da terra. Os resultados foram comparados com estudos realizados anteriormente, que demonstravam a relação entre a expansão da soja e o aumento da derrubada de florestas no estado.

Segundo o estudo, na segunda metade da década de 2000, o desmatamento diminuiu no Mato Grosso, mesmo quando a rentabilidade favorecia a produção da soja, como em 2008. Além disso, os pesquisadores verificaram que esta redução do desmatamento na floresta não resultou na migração da soja para outras paisagens, como o cerrado, ou outros estados, como Pará ou Rondônia.

Uma conclusão importante dos pesquisadores é que a restauração de áreas degradadas e o uso de melhor tecnologia pode aumentar a produtividade das pastagens e liberar terras suficientes para acomodar o crescimento da soja previsto até 2030.

A redução da derrubada de floresta ocorreu em um momento em que foram adotadas políticas que restringiram o crédito e o acesso ao mercado externo aos desmatadores, como a Moratória da Soja. Mas o estudo ressalta que estas medidas podem não ter sido o principal fator na redução. Na mesma época, também houve condições de mercado desfavoráveis ao desmate.

O texto destaca também que diminuir o desmatamento não é suficiente para preservar as florestas remanescentes, que podem ser afetadas pela exploração madeireira e pelo fogo.


Saiba Mais

Artigo original – “Decoupling of deforestation and soy production in the southern Amazon during the late 2000s“, by Marcia N. Macedo, Ruth S. DeFries, Douglas C. Morton, Claudia M. Stickler, Gillian L. Galford, and Yosio E. Shimabukuro

Leia também

Reportagens
16 de maio de 2025

Petroleiras aproveitam disputas entre indígenas e ocupam papel de Estado enquanto exploram territórios no Equador

Nos últimos 30 anos, as três empresas que operaram o bloco 10 adotaram estratégias para fragmentar as comunidades e torná-las dependentes de suas atividades. Mas organizações indígenas resistem a essa pressão

Notícias
16 de maio de 2025

Desmatamento em Unidades de Conservação cai 42,5% em 2024

Número é do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, feito pelo MapBiomas. Em Terras Indígenas, a redução foi de 24% no ano passado, em comparação com 2023

Salada Verde
16 de maio de 2025

Deputado quer colocar parques nacionais de volta à lista de concessões do governo

Decreto legislativo tenta suspender norma que retirou 17 parques e duas florestas nacionais de programa de desestatização. Lençóis Maranhenses e Jericoacoara estão na lista

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.