A primavera chegou no Canadá – ou parece ter chegado, apesar das nevascas que ainda insistem em cair. Mas o sinal da primavera não está só no verde da grama e nas folhas das árvores que lentamente retornam aos galhos vazios. É nesta época do ano que começam as vendas de garagem, quando as pessoas resolvem se desfazer de seus exageros e outras encontram preciosidades por alguns centavos. É quase como uma caça ao tesouro: sábado de manhã, em vários endereços espalhados pela cidade, famílias fazem a “rota” das vendas de garagem, se esbarrando em cada uma delas para procurar algo ainda em condição de uso.
Ecologicamente correto? Mais do que isso, a venda de garagem permite unir útil com agradável, diversão com pechincha, e uma – interessante – forma de manter tudo aquilo fora do aterro sanitário. Hoje de manhã, uma casa reunia os pertences de várias famílias por uma causa: doar todo o dinheiro arrecadado, incluindo doações (e não só vendas de produtos), para pesquisas contra o câncer, já que a moradora é portadora da doença. A pechincha? Dois casacos de inverno para criança, com pouquíssimo uso, por $15 (custariam, novos, na loja, algo como $50 ou $60 cada!). E quatro pares de sapato por $5 (todos eles!).
Outra prática que vem ganhando adeptos por aqui é a troca de roupas entre amigas: junte um grupo de amigas em casa para uma reunião social onde cada uma trará coisas que não usa mais, para trocar. Este formato de reunião social vem ganhando variantes, como criar regras para que só coisas mais caras ou de grife façam parte da troca – é uma forma de você ganhar uma bolsa nova, sem precisar quebrar sua conta bancária para isso…
Existe também várias listas na internet dedicadas ao reuso, como o Freecycle, já comentado aqui, ou o www.craiglist.org. Procureo-s em sua cidade, encontrei pelo menos nove em grandes centros brasileiros. Se não existirem, crie um!. No Freecycle, é proibido trocar ou vender qualquer coisa. Tudo deve ser absolutamente de graça! E funciona. Consegui ótimas coisas para meu escritório, incluindo minha mesa e meu scanner, tudo em perfeitas condições de uso. A única coisa que é recomendado é o cuidado com a sua segurança, pois normalmente a pessoa vem buscar, na sua casa, o que você tem a oferecer.
A favor do vento
No meio de abril, assinei com a Bullfrog Power para que minha casa seja movida a energia eólica. Não. Não instalaram um cata-vento no meu quintal. Na verdade, o processo ainda é “virtual”, apesar de real: o que a Bullfrog faz é neutralizar os gastos em energia “suja” de cada assinante jogando no grid a mesma quantidade de energia “limpa”. O meu provedor de energia continua o mesmo mas, se todo mundo fizesse isso, a fonte da energia é que seria outra – hoje, a maior porcentagem da energia gerada em Alberta (Canadá) vem do carvão e do gás natural.
Pago um pouco mais por este serviço – pouco mesmo, coisa de menos de 10 dólares canadenses por mês -, mas sei que a energia que gasto hoje, e que é bem pouca no verão, aumentando bastante no inverno, quando o dia passa a ter apenas 8 horas de luz, vem toda de uma fonte renovável.
A Bullfrog tem parceria com a Clean Calgary Association, ONG onde trabalho e que tem como objetivo ajudar os moradores de Calgary a resolver os problemas ambientais ligados ao lixo e a água através da educação ambiental, de serviços e de produtos. Assim, toda assinatura de energia renovável que vier através deste contato gerará benefícios para a ONG – ou as ONGs, já que a empresa oferece outras parcerias semelhantes.
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