Análises
Enquanto é tempo
De Pieter M. van der Meer Olá Juliana! Meu nome é Pieter, sou Biólogo, e sobre sua reportagem do dia 18.09.2005, "Enquanto é tempo", gostaria de fazer alguns comentários, principalmente a respeito do seguinte parágrafo: Enquanto isso, o adeus acontece lentamente. Madeireiros e proprietários de áreas com floresta vêm desmatando incessantemente nos últimos seis meses, transformando as áreas em lavoura ou plantação de pinus. Ainda assim, o desenho das oito unidades desconsidera qualquer propriedade produtiva, incluindo apenas as florestas onde ainda restam araucárias. Conheço a região em questão (Principalmente as UCs na regiao dos Campos Gerais no Paraná), e posso afirmar que lá não houve desmatamentos, como ocorreu nos municípios de Palmas e no Estado de Santa Catarina. Os proprietários nessa região fizeram corretamente seu dever de casa, preservaram as matas ciliares, fazem uso de uma agricultura que protege o solo através do plantio direto e respeitam os 20% de reserva legal! Então peço a você Juliana, que evite generalizar! Não são todos os produtores rurais que são crápulas com sede de desmatamento. Nos Campos Gerais há anos não se implantam novas lavouras nem plantios de Pinus, ou seja, é utilizada apenas a área onde já se pratica a agropecuária! Outro comentário diz respeito à afirmação de que o desenho das UCs desconsidera áreas produtivas, o que não procede. No próprio site do MMA/Ibama e Rede Pro-UCs, existem mapas e dados que demonstram a inclusão de áreas produtivas. Inicialmente constavam para o Parque Nacional dos Campos Gerais (PNCG), quase 4.000 hectares de áreas agrícolas. Mais tarde, o MMA reviu os dados e concluiu que seriam quase 6.000 hectares, e apresentou esse número em uma mesa redonda no UnicenP em Curitiba. Já um os grupos de trabalhos das prefeituras falam em mais de 7.000 hectares! Ou seja, de qualquer forma, estamos falando no mínimo de 25% da área total (22.000 hectares) do PNCG, o que não é pouca coisa, concorda? Se possível peço a correção destas informações, pois de forma transparente o processo de criação das UCs tem chances maiores de vingar e ser implantado o quanto antes. Os produtores da região sugeriram a exclusão das áreas produtivas, e como compensação a criação de RPPNs. Parecem ser alternativas mais viáveis e com um apoio maior! Talvez fosse interessante também divulgar no site, que existem produtores preocupados com o meio ambiente, e não apenas maus exemplos! Mostrar os bons exemplos valoriza essas iniciativas, e faz com que elas se multipliquem! Agradeço a atenção, e aguardo um retorno,