Jurandir Lima, 39 anos, pós-graduado pela Universidade de São Paulo na área de Engenharia da Qualidade Ambiental, encontrou na fotografia a sua grande aptidão.
Fotógrafo da temática sócio-cultural e ambiental há 17 anos, já percorreu cerca de 125 mil quilômetros em expedições pelo interior do Brasil, tirando mais de 85 mil fotografias. Suas imagens já foram expostas em países como Alemanha, Chile, Estados Unidos e publicadas em vários meios de comunicação. Atualmente dedica-se entre administrar sua operadora de ecoturismo, a Trilhas & Trilhas, e atividades de educação ambiental como palestras, cursos e workshops de fotografia em ambientes naturais, além de escrever para sites e revistas especializadas.
Em 1998, realizou a “Expedição Chuiapoquens”, com o objetivo principal de percorrer 30 parques nacionais de todas as regiões brasileiras a bordo de um veículo 4×4 para pesquisar e divulgar informações sobre preservação ambiental e, sobretudo, conscientização ecológica. O título da expedição foi uma homenagem aos limites extremos acessíveis por terra no Brasil, ou seja, do Chuí ao Oiapoque (“n” de Norte e “s” de Sul). Entre as maiores dificuldades da aventura, Jurandir quase chegou a naufragar o jipe quando realizava a travessia pela praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, a mais extensa do Brasil, com 237 quilômetros.
Em 2000, percorreu o rio São Francisco da nascente à foz no Atlântico. Nessa expedição, contou com a parceria da médica Tatiana Silveira e, juntos, proferiram palestras educativas sobre higiene bucal para a população infantil e saúde da mulher. Às margens do São Francisco, Jurandir entendeu melhor do que é formada a identidade cultural brasileira.
Em 2002, era vez da expedição “Nos Caminhos de Guimarães Rosa”, em que passou pelas 10 fazendas que o escritor pernoitou quando fez a viagem da boiada, em 1952 – inspiração para escrever o romance Grande Sertão: Veredas, eleito pelo jornal inglês The Guardian uma das maiores obras literárias de todos os tempos. Na sua viagem, Guimarães Rosa acompanhou uma boiada tocando 600 cabeças de gado e mantinha pendurada, no pescoço, uma cadernetinha para anotar tudo que via e ouvia mesclando a realidade geográfica do sertão mineiro e a interação homem-natureza.
Durante suas viagens, Jurandir chegou a ficar dias sem banho, noites mal dormidas esquecendo-se, literalmente, do conforto das grandes cidades. Muitas vezes, passava o dia inteiro sem comer; apenas bebendo água para não se desidratar. Mas para ele, todos os esforços valeram a pena. Como Jurandir costuma dizer, ninguém preserva o que não conhece.
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