Amanhã (24), Willian Cruz vai se casar. Paulistano, analista de sistemas, há seis anos ele abandonou o carro e, desde então, usa a bicicleta como meio de transportes na capital paulista. A mudança deu tão certo que Willian até criou um blog, o Vá de bike, para difundir a idéia. Segundo ele, dá para fazer pedalando, até levar a noiva para o cartório. Quem quiser acompanhar a pedalada, está convidado. Mas só se for de bicicleta!
Às vésperas do casamento, o site O Eco conversou por e-mail com Willian sobre sua iniciativa. Confira abaixo.
O Eco – Porque você e sua noiva resolveram ir até o cartório de bicicleta? Qual o objetivo da iniciativa?
Willian Cruz – Por que eu uso a bicicleta como meio de transporte, todo dia, para tudo, então resolvemos mostrar que dá pra fazer tudo de bicicleta: até casar. Nada do estereótipo da noiva chegar em um carrão: vai de bicicleta mesmo. E como temos muitos amigos que pedalam – e outros tantos que têm vontade, mas não coragem – resolvemos fazer essa ida ao cartório de bicicleta, para poder chamar todo mundo. Na verdade começou sem muitas pretensões, meio na brincadeira. A gente vai até a Praça do Ciclista (Avenida Paulista com rua Consolação), que já é um tradicional ponto de encontro, encontramos alguns amigos e, de lá, vamos ao cartório. Mas decidimos fazer a coisa aberta, chamar quem quiser vir e transformar tudo em uma grande festa.
Sua noiva topou numa boa ir de bicicleta e vestido de noiva até o cartório?
Willian – Sim, a idéia inclusive foi dela.
O vestido tem alguma adaptação?
Willian – Sim, o vestido não pode ser longo ou com cauda para não enroscar nas rodas da bicicleta.
Vocês pedalam há muito tempo?
Willian – Eu pedalo desde 2000. Uso [a bicicleta] como meio de transporte desde 2003, mais ou menos. Ela pedala desde o ano passado, mas a lazer e como esporte.
Vocês serão acompanhados por um grupo de bikers no sábado. Que grupo é esse?
Willian – Não é nenhum grupo em especial. Tem muita gente da Bicicletada (Movimento que, no Brasil e em Portugal, reúne ciclistas em torno da reivindicação seu espaço nas ruas), mas não só. Tem gente da família, tem amigos que não são ciclistas habituais, amigos de grupos de passeios noturnos de bike, amigos do trabalho e até gente que nem bicicleta tem e vai alugar na hora. Até você, que também está convidada! Mas tem que ir pedalando, hein?
O que você acha da mobilidade paulistana? Existe solução para os problemas?
Willian – Essa pergunta é muito profunda, dá muito pano pra manga. Dá uma bela redação ou até tese de mestrado. Mas em resumo, a mobilidade na cidade atende principalmente quem se locomove com o automóvel, o que sabemos ser apenas cerca de 1/3 da população. Os demais – pedestres, ciclistas, usuários de transporte público – vivem de sobras. Existe solução, sim, para os problemas, mas ela começa por uma mudança de paradigma na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo), que é voltada quase totalmente ao fluxo de veículos motorizados de transporte individual e só considera a fluidez dos automóveis ao planejar e readequar a mobilidade na cidade. E essa mudança não me parece que virá tão cedo. É preciso um prefeito de pulso firme e um secretário de transportes de mente aberta para colocar em prática essa mudança.
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