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Carros ou pessoas? A escolha é simples

Rio de Janeiro sedia conferência sobre mobilidade. Para ex-prefeito de Bogotá,  tirar carros das ruas é decisão política e ideológica, não técnica.

Redação ((o))eco ·
26 de novembro de 2009 · 15 anos atrás
Palestra de Peñalosa no Rio de Janeiro

Uma cidade democrática prioriza a vida quando pensa em espaço urbano, e não os automóveis. Foi esta a mensagem que Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotã e consultor internacional do Institute for Transportation and Development Policy (ITDP), quis passar em palestra proferida na tarde desta quinta-feira, durante a Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana. Logo na entrada do Sofitel, hotel na Zona Sul carioca em que foi realizado o evento, porém, foi possível notar que o Rio de Janeiro está a anos-luz de se tornar um exemplo no tema.

Embora a direção do encontro tenha disponibilizado um ônibus gigante, ainda em fase de testes, para levar os seus convidados, ela não parece ter checado se havia um estacionamento de bicicletas. A reportagem, por exemplo, precisou prender a sua “magrela” em um poste, na calçada. “É impossível desenvolver um sistema de transporte sem saber a cidade que queremos”, disse o ex-prefeito de Bogotá, responsável por uma verdadeira revolução social e ambiental na capital colombiana.

Segundo ele, decidir se as ruas serão destinadas às pessoas, e não a automóveis particulares, é uma decisão política e ideológica, não técnica. “Sei que, em qualquer constituição, os cidadãos são iguais perante a lei. Isso significa que um ônibus com 70 lugares deveria ter 70 vezes mais espaço nas vias do que os carros”, afirmou. Recheado de bons exemplos vindos da Europa ou da cidade que comandou – dona da maior malha cicloviária da América Latina e de uma rodovia de 24 quilômetros de extensão onde não entra qualquer veículo movido a motor – Peñalosa assegurou que o metrô não é a resposta. Na verdade, é o sistema de Bus Rapid Traffic (BRT), no qual faixas de rodovias são destinadas apenas a ônibus eficientes, o responsável por uma parte da solução.

“O que é preferível construir: 50 quilômetros de metrô ou 500 de BRT?”, indaga. Antes de sua apresentação, o arquiteto e urbanista Jaime Lerner subiu ao palco para mostrar as mudanças estruturais que fez em Curitiba, sua cidade natal e da qual foi prefeito por três vezes. Ele também acredita que a mobilidade na superfície deve ser prioridade e garantiu que um sistema bem feito de BRT pode carregar mais passageiros do que os trens embaixo da terra. Defensor de parques, praças e ruas largas para as crianças, Peñalosa terminou com bonita analogia para explicar o seu trabalho. “As calçadas devem ter o tamanho do coração”. (Felipe Lobo é repórter no Rio e editor do Oikos Já)

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