Salada Verde

Guerra da sacolinha plástica aliena consumidor

Lei que deveria banir sacolas do supermercados paulistas deveria passar a valer no dia 01 de janeiro de 2012. Mas ações judiciais e campanhas deixam o cenário nebuloso.

Gustavo Faleiros ·
28 de dezembro de 2011 · 12 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Sacola plástica nos supermercados virou objeto de guerra de informação (foto: supermalnutra)
Sacola plástica nos supermercados virou objeto de guerra de informação (foto: supermalnutra)
A cidade de São Paulo está vivendo uma verdadeira guerra de informação sobre a sustentabilidade das sacolinhas de plástico utilizadas nos supermercados. De um lado os produtores, representados pelo Instituto Nacional do Plástico e outras entidades do setor. Do outro, as associações varejistas e o próprio governo, incluindo a prefeitura de SP e o Ministério do Meio Ambiente.

Tudo começou após o prefeito Gilberto Kassab ter sancionado em maio a Lei Municipal 15.374/11, que proíbe a distribuição gratuita do produto pelos varejistas. A lei deveria começar a valer agora no dia 01 de janeiro, mas uma ação do Sindicado da Indústria de Material Plástico conseguiu liminar que suspende os efeitos da lei. A ação foi julgada no dia 24 de novembro pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, pelo desembargador Luiz Pantaleão

Junto às medidas judiciais, a indústria lançou uma campanha nos jornais e rádios em que sustenta a mensagem de que as sacolas plásticas na verdade são benéficas ao meio ambiente. Toda a campanha gira em torno do conceito de que as sacolas não são descartáveis e sim reutilizáveis. “Se elas fossem proíbidas, você (consumidor) teria que comprar muito mais sacolas de lixo, e isso não faria diferença nenhuma para o meio ambiente, só para o seu bolso”, diz o spot de rádio que foi veículado na capital paulista através da BandNews FM.

Para os supermercados, mesmo que a lei não entre em vigor, a estratégia de banir as sacolinhas já está montada. A Associação Paulista de Supermercado (APAS), junto com a entidade nacional do setor – ABRAS – e o governo, lançou uma campanha de estimulo ao uso de ecobags nas lojas de São Paulo. Batizado de “Vamos tirar o Planeta do Sufoco”, o programa começou com um convênio com o governo do Estado de São Paulo e agora vai ganhar escala nacional, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

Tanto as entidades do setor quanto as associações supermecadistas clamam defender a sustentabilidade em primeiro lugar. Até segunda ordem distribuir sacolas plásticas de graça, em São Paulo não é crime. E até que os supermercados cumpram a promessa de sumir com elas, as sacolinhas serão utilizadas de acordo com a consciência de cada um. Atrativas, as campanhas jogam no consumidor informações sem mostrar dados de produção e consumo. Vejam abaixo.

 

Campanha da Associação Brasileira de Supermecados com apoio do Ministério do Meio Ambiente

Campanha de rádio do Instituto Sócio-Ambiental do Plástico (Plastivida)

  • Gustavo Faleiros

    Editor da Rainforest Investigations Network (RIN). Co-fundador do InfoAmazonia e entusiasta do geojornalismo. Baterista dos Eventos Extremos

Leia também

Notícias
30 de abril de 2024

Plásticos são encontrados em corpos de botos-cinzas mortos

Estudo identifica microplásticos em todas as doze amostras de botos-cinzas mortos encontrados no Espírito Santo. Um resíduo de 19,22 cm foi retirado de um deles

Reportagens
30 de abril de 2024

Para salvar baleias, socorristas de México e EUA arriscam a própria vida

Registros de baleias presas em equipamentos de pesca estão crescendo na costa oeste do México, no Atlântico Norte e no resto do mundo — assim como os esforços para libertá-las

Notícias
30 de abril de 2024

Mudanças na paisagem afetam vespas e abelhas, diz estudo

Estudo buscou identificar os “efeitos de borda” dos ecossistemas em vespas e abelhas e fornecer bases científicas para mudanças no manejo agrícola

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.