Notícias

O grande tucano-toco apartidário

Sem professar qualquer filiação político-partidária, esta semana ((o))eco homenageia uma ave verdadeiramente brasileira: o tucanuçu.

Rafael Ferreira ·
15 de fevereiro de 2013 · 12 anos atrás
Embora aponte para a direita, este tucano é criatura totalmente apolítica. Foto: Raimundo N. Macedo.
Embora aponte para a direita, este tucano é criatura totalmente apolítica. Foto: Raimundo N. Macedo.

Uma exclusividade das florestas da América do Sul, as aves da família Ramphastidae, os tucanos, são um dos símbolos mais marcantes das aves do Brasil e, não surpreendentemente, adotados inclusive por um certo partido político nacional. O maior dos membros desta extensa família é o Ramphastos toco, mais conhecido como tucano-toco ou tucanuçu ( e também tucanaçu, tucano-grande e tucano-boi), encontrado em toda a parte central do país e em partes da Amazônia. No Pantanal matogrossense, é tão comum que, diferente dos seus “primos”, não se limita às florestas, podendo ser encontrado em ambientes urbanos.

Para manter a figura e o título de maior dos tucanos ─ mede cerca de 56 centímetros de comprimento e pode alcançar 540 gramas ─, sua dieta consiste principalmente de grandes quantidades de frutas, insetos e artrópodes, embora, por vezes também ataque ninhos de outras aves, devorando ovos e filhotes. Seu distintivo bico amarelo-alaranjado é o principal instrumento nesta tarefa: 20 cm de de tecido ósseo esponjoso, que garante leveza e durabilidade, e bordas serrilhadas, que o fazem bem cortante. Com muita habilidade e a força do próprio animal, esta “pinça” captura e/ou despedaça o alimento. Para ingerí-lo, lança-o para trás e para cima, em direção à garganta, enquanto abre o bico para o alto.

O tucanuçu vive em pares ou em bandos de duas dezenas de aves que voam em fila indiana e se comunicam com chamados graves, que lembram um pouco o mugido do gado (e dando origem ao apelido goiano de tucano-boi). São facilmente encontrados voando entre as árvore, ou pulando de um galho a outro, nas matas de galeria, no cerrado e nos capões; sobrevoando os campos abertos e rios largos. Seu ninhos ficam em árvores ocas, buracos em barrancos ou em cupinzeiros.

Sua reprodução ocorre no final da primavera, quando a fêmea bota de dois a quatro ovos, que são incubados por período de 16 a 20 dias. O casal é bem participativo: macho e fêmea se revezam na tarefa de chocar os ovos e apenas após seis semanas de vida dos filhotes, quando estes estão prontos para sair do ninho, deixam de cuidar deles. Neste período, os maiores perigos são os macacos que saqueiam o ninho e os gaviões.

De acordo com a IUCN, o tucano-toco não é uma espécie ameaçada de extinção, está na categoria de “pouco preocupante”, pois sua população ainda é grande. No entanto, a espécie ainda sofre com a captura e tráfico ilegal para outros países. Além das numerosas mortes durante o transporte, esta prática provoca uma diminuição de sua população nas florestas e põe em risco a variabilidade genética da espécie.

Leia também

Podcast
20 de novembro de 2024

Entrando no Clima#39 – Lobistas da carne marcam presença na COP29

Diplomatas brasileiros se empenham em destravar as negociações e a presença de lobistas da indústria da carne nos últimos dias da COP 29.

Reportagens
20 de novembro de 2024

Pelo 2º ano, Brasil é o país com maior número de lobistas da carne na COP

Dados obtidos por ((o))eco sobre levantamento da DesMog mostram que 17,5% dos lobistas do agro presentes na COP29 são brasileiros

Notícias
19 de novembro de 2024

G20: ato cobra defesa da Amazônia na pauta do encontro dos chefes de Estado

A Amazônia está de olho" reuniu mais de 100 ativistas neste domingo (17), no Rio de Janeiro, para pressionar líderes presentes no G20 a tomar ações concretas para conservação da maior floresta tropical do mundo

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.