Pelo menos dois Planos de Ação Nacional para a conservação de espécies ameaçadas propõem a criação do Parque Nacional de Albardão, em Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul. A unidade é consenso entre os ambientalistas e interessa a prefeitura local, que pretende promover o ecoturismo na região, mas o processo está há 7 anos sendo analisado pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio). Aproveitando a 8ª edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, organizações ambientalistas se juntaram para lançar uma campanha internacional em prol da criação do parque.
“É uma região com enorme potencial para o ecoturismo e para o turismo de aventura. Tem uma beleza cênica daquela paisagem desértica fantástica. Então, está na hora de conseguirmos esse parque nacional; tirar esse processo das gavetas para que se possa não só proteger essas espécies ameaçadas, mas também gerar emprego e renda”, afirma Truda.
O Divers for Sharks, o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA), o Instituto Augusto Carneiro, em parceria com a Rede Pró Unidades de Conservação, lançou a campanha a tarde desta quarta-feira (23).
Albardão é considerada de alta importância para a preservação de pelo menos 6 espécies. A toninha (Pontoporia blainvillei), o tubarão cação-anjo, Lagartinho-da-praia (Liolaemus occipitalis); o Sapo-boi (Ceratophrys ornata) e sapinho-da-barriga-vermelha (Melanophryniscus montevidensis).
Tanto o Plano de Ação das Espécies de Anfíbios e Repteis Ameaçados de Extinção do Sul do Brasil (Pansul – ICMBio/RAN) quanto o Plano de Ação para a Conservação do Pequeno Cetáceo Toninha propõem a criação da área.
A região é berçário de espécies, como a raia-viola (Rhinobatos horkelli), o cação-martelo (Sphyrna lewini), cações-anjo (Squatina occulta e S. gugenheim), o cação-listrado (Mustelus fasciatus).
Mobilização
O site da Rede Pró UCs lançou uma plataforma de mobilização para que o público ajude a pressionar o governo a criar a unidade. Trata-se de uma ferramenta onde cada assinante preenche um formulário com dados básicos e uma carta pedindo a criação do parque nacional do Albardão é automaticamente enviada para as autoridades do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente.
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Criar UC sem dotação orçamentária pra isso é uma irresponsabilidade. Tem que acabar com essa mania de criar só por criar, depois dá um jeito… Deveria, inclusive, era passar algumas unidades federais com 50, 100 hectares pros municípios e otimizar o recurso existente. E não venham com esse papo de que a criação já inibe o uso da área, pois quem fica com os conflitos não são as ONGs que pedem a criação.
No caso específico, não apenas se trata basicamente de áreas públicas, portanto sem custo de aquisição, como ainda há a excelente estrutura do ICMBio na contígua Estação Ecológica do Taim para dar suporte à implementação da nova UC. Se durante os últimos 40 anos tivéssemos esperado dotação orçamentária prévia pra criar UCs, ademais, não haveria SNUC… Mas há quem preferisse isso.