A onça-pintada é o maior felino das Américas e, como predador de topo de cadeia em um mundo cada vez mais desmatado, está ameaçada. Esse gatão consta nas listas de espécies ameaçadas de extinção do ICMBio como Vulnerável, mas seu status de conservação varia em diferentes biomas. Na Caatinga e Mata Atlântica, por exemplo. a espécie se encontra Criticamente Ameaçada de extinção.
Considerando que trabalhar a coexistência entre gente e onças é crucial para a sobrevivência da espécie (aliás, isso vale para todos os grandes gatos), umas das estratégias de quem trabalha com a conservação da espécie é tentar mudar a percepção que as pessoas têm das onças.
Ao invés de um animal “nocivo” e necessariamente perigoso, buscar fazer as pessoas enxergarem este gato magnífico com outros olhos, de admiração, de amor e cuidado. Mas para isso é preciso falar sobre onças. E falar muito. Envolver, informar, conectar.
Muito do medo que as pessoas têm da onça-pintada vem da falta de informação. A informação “mata” o medo, e abre espaço para que o encantamento possa entrar. Parece piegas, né? Mas é verdadeiro.
Em uma das atividades do Projeto Onças do Iguaçu, chamada “Papo de Onça” — que são conversas com comunidades lindeiras ao Parque Nacional do Iguaçu (geralmente adultos) sobre onças-pintadas, prevenção e boas práticas no manejo de gado para evitar a predação –, temos percebido que há uma mudança na percepção que os moradores têm das onças antes e depois da atividade. Os Papos de Onça são feitos à noite, geralmente com a comunidade rural, e associam informação e integração (sempre tem cachorro quente depois, assim criamos um ambiente informal de troca de saberes).
Laurie Bennet, da Comissão de Comunicação e Educação da IUCN, reconhece que a forma como nos comunicamos é essencial para a conservação da biodiversidade e há alguns anos a IUCN lançou a campanha “Love, not Loss” (Amor, não perca em tradução livre). A base da campanha é que a melhor maneira de reacender um amor perdido é não falar apenas sobre o que deu errado, como extinção, perda de habitat ou escassez de recursos. Mas também lembrar o que amamos em primeiro lugar. Contar histórias de amor pela natureza.
Falar de amor é necessário para salvar espécies, para salvar o que resta de biodiversidade.
Com isso em mente, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio) e o Projeto Onças do Iguaçu se uniram ao Ministério do Meio Ambiente para criar o Dia Nacional da Onça-Pintada.
Dia da Onça
Através da Portaria MMA N°8, de 16 de outubro de 2018, a onça-pintada foi reconhecida como símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade. A portaria também institui o dia 29 de novembro como o Dia Nacional da Onça-Pintada.
Bacaninha ou muito bacaninha?
Foi criado um concurso nacional de desenhos sobre o tema, e o autor do desenho vencedor irá a Foz do Iguaçu para o evento de assinatura da portaria (Veja o link com as informações para concorrer). O vencedor será anunciado dia 20 de novembro. A ideia, que ainda depende de uma articulação com os correios, é que os melhores desenhos virem uma série de selos para comemorar a data.
Vários materiais como vídeos, cartilhas, folhetos e adesivos estão sendo preparados para celebrar a data e permitir que o tema seja trabalhado em todo o país. Zoos no Brasil todo também estão se preparando para celebrar o Dia Nacional da Onça-Pintada.
A ideia da criação da data é para que possa ser feita, todos os anos, uma reflexão e discussão sobre a conservação da onça-pintada no país. Para que escolas, zoológicos, unidades de conservação e projetos de conservação discutam o assunto e encontrem formas de conectar as pessoas com estes felinos.
Engajar as pessoas com os esforços de conservação da espécie, para que não sejamos o país do “já teve onça, não tem mais”.
Vamos juntos cuidar das nossas onças?
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