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O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do estado de Minas Gerais anunciou, na última segunda-feira (13), o fechamento de duas de suas unidades – em Montes Claros e Juiz de Fora – devido ao corte de orçamento que o governo federal impôs às unidades dos Cetas de todo o país no contrato de tratadores. Juntas, as unidades mineiras eram responsáveis por receber, recuperar, reabilitar e destinar cerca 5.500 animais silvestres anualmente.
O anúncio do corte promovido pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) foi feito via ofício, encaminhado aos Cetas no dia 22 de abril pelo Ibama – a quem os Centros de Triagem estão subordinados –, determinando a extinção de 25% dos contratos de tratadores hoje atuantes em todas as Superintendências.
No caso de Minas Gerais, o corte foi de cerca de R$ 130 mil/ano, o que representa menos de R$ 11.000 por mês. Com isso, dos seis tratadores contratados para as três unidades do Estado por meio de empresa terceirizada – número já abaixo do necessário – dois deverão ser desligados.
A ((o))eco, a comunicação do Cetas-MG informou que os animais alojados em Juiz de Fora e Montes Claros serão transferidos para a unidade de Belo Horizonte. O órgão ainda está realizando o levantamento das espécies e número de animais que terão de ser realocados, mas, segundo o Centro, a transferência causará uma superlotação da unidade na capital mineira.
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Em ofício enviado aos Ministérios Públicos federal e estadual e instituições estaduais parceiras, a superintendência do Ibama em Minas alerta para o fato de que o fechamento das unidades poderá aumentar o tráfico de animais silvestres.
“Sabemos do enorme impacto negativo que tal decisão gera, não só para a fauna silvestre do estado, como para toda a biodiversidade brasileira. Entendemos que as perdas são imensuráveis, já que, sem local para destinação, os animais mantidos irregularmente não serão mais apreendidos pelos entes fiscalizadores, o que acaba por incentivar o crime contra a fauna a longo prazo. No entanto, não podemos assumir uma responsabilidade com a vida de animais silvestres sabendo que não podemos dar-lhes os cuidados mínimos para garantir sua sobrevida digna”, diz ofício assinado pela superintendente substituta do Ibama em MG, Polyana Faria Pereira.
Ao anunciar o fechamento das unidades em uma rede social, o Cetas-MG lamentou o fato. “[…] se não podemos garantir integridade física e bem-estar a animais que passam anos sem poder usufruir de um direito tão básico quanto a liberdade, não podemos recebê-los […] Silenciam um pouco mais as poucas e ameaçadas matas mineiras.”
Impacto nacional
O anúncio de mais um corte em um orçamento já insuficiente fez com que a busca das superintendências do Ibama em todo país por acordos de cooperações técnicas com os governos estaduais se tornasse ainda mais urgente e necessária.
Este é o caso do Piauí, onde o número de tratadores é tão pequeno que não é possível nem aplicar a determinação do governo federal. “Nós não temos essa margem, já estamos no limite. Temos só três tratadores, se formos cortar apenas um deles já dá 33% “, disse Adel Monteiro, superintendente substituto do Ibama-PI.
Segundo ele, a superintendência do órgão federal no estado estuda, desde 2017, a fusão dos Cetas federal e estadual, mas essa fusão ainda não foi concretizada. “No momento estamos trabalhando na elaboração do plano de trabalho”, disse.
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Já em Alagoas, que possui um dos Cetas com maior demanda no país – cerca de 8.000 animais/ano – a tentativa é de remanejar o corte orçamentário para serviços menos prioritários. “Precisamos muito de uma reforma, mas enviamos ofício a Brasília pedindo que o corte de 25% seja remanejado [para o orçamento que seria usado em melhorias na unidade], para não comprometer a manutenção dos serviços”, disse Cynira Alves de França, responsável pelo Centro de Triagem do estado.
Segundo ela, a superintendência do Ibama em Alagoas também está em tratativa com o governo do estado para estabelecer acordos de cooperação técnica, a fim de evitar interrupções nos serviços prestados. “[Esse é ] mais um corte em uma situação que já estava precária. Não tem como fechar. Temos macacos-prego que não podemos soltar na natureza porque já estão há 30 anos em cativeiro”, disse.
O Eco entrou em contato com as assessorias de imprensa do Ibama em Brasília e com o ministério do Meio Ambiente, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.
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O PT roubou todos os recursos… .
Não sei se dá em árvore (apesar da relação papel x celulose), mas parece que dinheiro não é muito problema para este governo: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicaberga…
Então faz assim, tire dinheiro do judiciario…lá também está sobrando…
Dinheiro tem. Cadê o dinheiro dos licenciamentos ambientais!
Esses são os reflexos de decisões de um governo que nem se deu o trabalho de conhecer a estrutura do ministério, apenas cortando recursos e sem investimentos em nenhuma ação concreta. Despreparo total.