Notícias

Morre Guma, a onça-pintada que viveu 17 anos no Museu Goeldi

Idoso, com aproximadamente 19 anos, Guma viveu os primeiros dois anos de vida como animal doméstico, o que o tornou incapaz de viver na natureza

Daniele Bragança ·
9 de abril de 2020 · 5 anos atrás
Guma tinha 19 anos e se recuperava de uma cirurgia. Foto: Paula Sampaio/Museu Goeldi.

Faleceu na terça-feira (07) a onça-pintada (Panthera onca) Guma, um dos moradores mais famosos do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, Pará. O animal era idoso, tinha 19 anos sendo 17 como morador do parque e se recuperava de uma cirurgia. Morreu sem deixar descendentes. 

A história de Guma é a repetição de uma tragédia conhecida. Privado ainda bebê dos cuidados da mãe, passou os primeiros dois anos de vida como um animal doméstico em uma casa em Macapá, capital do Amapá. O animal foi resgatado pelo Ibama e levado para o Parque Zoobotânico, que já cuidou de 6 filhotes de onças-pintadas antes de reintroduzi-las na natureza, mas Guma passou tempo demais sendo tratado como animal de estimação e perdeu suas habilidades para viver em seu habitat natural.

“[Guma] Perdera a sua identidade biológica como felino, não gastava suas unhas, masturbava-se sem parar e miava como gato”, explica o veterinário Messias Costa, curador da fauna do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, quando perguntamos se ele morreu virgem. 

Não é não 

Foto: Messias Costa.

Houve uma tentativa para que ele acasalasse. O Parque tentou uni-lo com Luakã, uma fêmea também resgatada pelo Ibama e que tem 6 anos de idade. Não deu certo. Dócil, Guma até que ficou bem com a nova companhia, mas não gostou das investidas sexuais de Luakã. O cortejo terminou quando Guma deu uma patada no rosto dela. Os tratadores resolveram, então, separá-los. O não era claro. 

A verdade é que Guma não se via como onça. Era um gato doméstico grande que precisava de cuidados e, por 17 anos, os teve, até chegar na velhice. 

Há alguns meses, se submeteu a uma cirurgia para a retirada do baço esquerdo. Faleceu essa semana, deixando tratadores, médicos veterinários e milhares de visitantes saudosos. 

 

Leia Também 

Vida e morte da primeira onça monitorada na Caatinga

Viraliza vídeo que mostra 3 onças-pintadas mortas; Polícia investiga caso

Animais domésticos matam bilhões de silvestres e levam espécies à extinção

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Reportagens
6 de abril de 2020

Animais domésticos matam bilhões de silvestres e levam espécies à extinção

Em seu novo livro – Unnatural Companions – Peter Christie aborda a magnitude dos impactos que animais domésticos têm sobre a conservação no mundo todo

Salada Verde
12 de novembro de 2019

Viraliza vídeo que mostra 3 onças-pintadas mortas; Polícia investiga caso

Polícia Civil de Cocalinho, em Mato Grosso, de onde teriam partido as imagens, informa que não há registro do caso, mas que iniciou as investigações

Reportagens
24 de junho de 2018

Vida e morte da primeira onça monitorada na Caatinga

Por dez meses, uma jovem suçuarana (Puma concolor) foi acompanhada por pesquisadores na região do Boqueirão da Onça, na Bahia, até ser abatida a tiros

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.