Análises
A reeleição da ministra II
De Helton P. F. LeiteEng. Agr. - Lorena (SP)Marcos,Li a crítica do Sr. Maurício Mercadante(seria parente do Senador?), achei agressivo o uso de termos como "artigo tão disparatado". Gostaria de relatar uma experiência minha quando participei em 10.11.2005, em São José dos Campos (SP), da I Conferência Regional do Meio Ambiente do Vale do Paraíba. Com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política ambiental do Ministério do Meio Ambiente, tais reuniões ocorreram em escala municipal, regional (caso de São José dos Campos), estadual e nacional. A cada nível seriam discutidas as propostas apresentadas pelo Governo Federal, sendo permitida a inclusão de novas e a modificação ou exclusão das originais.Citou-se que no ciclo de conferências de 2003 foram mobilizadas 65.000 pessoas, esperava-se que no atual esta quantidade fosse muito maior. Na prática esta "consulta popular" funciona como um referendo daquilo que foi proposto/aprovado. Tornando quase impossível qualquer tipo de contestação futura.Na Conferência de São José dos Campos estimou-se um público perto de 500 pessoas, fomos divididos em 4 sub-grupos e discutimos as propostas em sub-temas: Biodiversidade, Recursos Hídricos, Mudanças Climáticas e Uso e Ocupação do Solo.Participei do grupo de Biodiversidade junto a cerca de 70 pessoas, devíamos discutir 55 propostas, algumas delas muito técnicas ou específicas (havia várias propostas sobre a amazônia que eu consegui excluir da discussão por achar que não estávamos preparados para julgá-las). Nos perdemos no gerenciamento do tempo e optamos por apresentar algumas propostas novas sem julgarmos as originais (ficamos muito tempo discutindo detalhes). Pareceu-me que em geral fomos usados para corroborar a política ambiental do governo federal, com quase nenhuma possibilidade real de alteração.Cito toda essa história acima para situá-lo quanto a um aspecto que eu apenas suspeito: a falsa participação popular, a falsa consulta democrática. Tudo aquilo aconteceu em apenas um dia, algumas pessoas palestraram no início, restando cerca de 2 horas para o estudo das propostas dos sub-temas (após a redação final deveria haver uma plenária com um resumo do proposto por cada grupo).Imagine um grupo de 70 pessoas com formação acadêmica diversa (estudantes, técnicos ambientais, profissionais liberais, membros de ong's, policiais ambientais, etc.) que nunca tinham se reunido, discutindo 55 propostas com tempo limitado em cerca de 2 horas para sugerir alterações (ou aprovação). Uma belíssima confusão com propostas lindas mas irreais, grandes sonhos ambientais.Não sei como acontece com as outras ações do Governo Federal, nesta que acompanhei senti que não há a possibilidade de influir na decisão final, ela vem pronta de Brasília. Posso estar enganado, mas ...Abraços