Análises

Salada Verde

Redação ((o))eco ·
11 de junho de 2008 · 16 anos atrás

De Ernesto Viveiros de Castro
Chefe do PARNA Serra dos Órgãos

Prezados Editores,

Lendo a salada verde de hoje, soube que O Eco visitou o nosso Parque Nacional da Serra dos Órgãos e pôde se maravilhar com a Travessia Petrópolis-Teresópolis.

Sobre as críticas e sugestões sobre acampamento e dejetos, são sempre bem-vindas para aprimorarmos a gestão, mas cabem alguns esclarecimentos:

  • A visitação no PARNASO teve crescimento de 140% desde 2004 (46mil visitantes em 2004 e 113.000 em 2007). Foi o maior crescimento no país. O lado bom é que mais gente teve oportunidade de conhecer este patrimônio natural e (esperamos) se sensibilizar para a importância da preservação. O lado ruim é que as trilhas de montanha atingiram a capacidade de suporte em quase todos os finais de semana do inverno sem que haja um acréscimo significativo na infra-estrutura.

  • Desde 2005, uma equipe do Parque (este chefe incluído) faz a travessia no início da temporada para recuperar a trilha e checar as condições, o que antes não acontecia. Se vocês fizeram a travessia no ano passado devem ter reparado agora algumas ações como a ampliação da escada alpina no “Elevador”, ação decidida na Câmara técnica de Turismo e Montanhismo do Conselho Consultivo e realizada pelo Parque com apoio da FEMERJ e Circuito Terê-Fri, que exigiu até apoio de helicóptero. Ações como essas são constantes.

  • O novo plano de manejo (que está pronto desde 2007 e aguarda publicação) foi amplamente discutido com montanhistas e o setor de turismo e as ações de manutenção e regras na montanha são discutidas na Câmara Técnica (amanhã tem reunião).

  • O PARNASO inova ao permitir a visita sem contratação obrigatória de guia, mas estimulando e capacitando os condutores locais para oferecer uma experiência completa, modelo defendido por André Ilha em entrevista a O Eco esta semana e usado como modelo para instrução normativa em elaboração pelo Instituto Chico Mendes.

  • Para melhorar o apoio ao visitante e o controle da montanha, além de a questão do banheiro, está prevista no novo plano a construção de um abrigo de montanha no Açu.

  • Sobre o camping entre o Açu e o Sino, é justamente o acampamento nestas áreas que aumenta a contaminação de rios e da própria trilha com dejetos humanos. Na discussão para o plano de manejo (com pesquisadores e montanhistas) chegou-se a conclusão de que seria melhor concentrar o acampamento nas áreas em que existe estrutura. O camping selvagem (especialmente no Campo das Antas) coloca em risco algumas das dezenas de espécies endêmicas do campo de altitude e contaminam nascentes como a do rio Soberbo.

  • Os recursos para construção do abrigo do Açu e uma série de outras ações de estruturação para a visitação no PARNASO e em outros parques estão previstos em uma emenda parlamentar da Comissão de Meio Ambiente, que aguarda liberação no Ministério do Meio Ambiente (alô Minc, oportunidade para começar com o pé direito na gestão dos Parques). Outras ações, como a construção dos centros de visitantes de Teresópolis (já em andamento) e Petrópolis estão garantidas com recursos de compensação ambiental.

Aproveito para convidar O Eco a conhecer outras ações do PARNASO, como a gestão da pesquisa – que já resultou em publicação de livro, projetos em áreas remotas e na posição de UC com mais pesquisas no Brasil por 3 anos seguidos.

Um abraço,

Leia também

Reportagens
26 de abril de 2024

Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento

Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental.

Notícias
26 de abril de 2024

Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado

Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds

Notícias
26 de abril de 2024

Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar

Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.