No mar, em dezembro, um nadador atento pode observar diferentes organismos marinhos no litoral da zona sul do Rio de Janeiro. A monotonia imposta pela brancura dos azulejos de uma piscina, no vaivém de cada 50 metros, pode ser quebrada pela ausência de raias e bordas, pela profundidade variada e pela escolha de se nadar contra ou a favor da corrente. Que tipo de óculos usar: o de natação ou máscara de mergulho? A diferença entre eles pode definir uma travessia cheia de novidades ou uma incômoda, embaçada e apertada visão do fundo do mar.
Ao contrário dos óculos de natação, as máscaras de mergulho evoluíram muito e tornaram-se pequenas. Vestem e moldam-se perfeitamente a diferentes tamanhos e formatos de rosto. Diminuíram, acentuadamente, o volume de ar da câmera ocular. Com menos ar, a pressão interna da máscara, no rosto, ficou menor, como também ficou a possibilidade de desencaixe que resultava em inundação. Com os movimentos ritmados, o nadador que vira a cabeça de um lado para o outro, para a pegada do ar, vai continuar com ela firme, presa ao rosto e com a vantagem de ter uma visão tão nítida como a de um mergulhador de caça.
Um nadador de longas distâncias pode diminuir o fastio observando, com atenção, os eventuais animais que planam ou caminham abaixo, sobre o fundo de areia. Pode também se antecipar, desviando-se dos perigosos e compridos filamentos das medusas. Quem já levou uma “queimada” de uma caravela, jamais esquece. Eu mesmo já levei, e posso dizer que a sensação é parecida com a de um fósforo sendo riscado sobre a pele. As medusas, graciosas e delicadas criaturas, podem ou não ter mecanismos que reagem ao toque de nossas extremidades. É aconselhável se afastar delas e, dependendo da quantidade dessa estrutura gelatinosa flutuante, até sair da água.
A maioria dos seres marinhos que percebemos ou os que eventualmente nos seguem, é indefesa e inofensiva. Mesmo as grandes arraias borboletas e violas, que nessa época do ano chegam para desovar no raso, se assustam com o som de nossas braçadas. Algumas espécies menos, porque permanecem semi-enterradas, como é o caso dos linguados, peixes – lagarto e siris. São mais perceptíveis aos olhos do nadador atento quando elas se mexem e trocam de posição, saindo daqui e indo se enterrar, adiante.
No entanto, peixes como o papa-terra, o canguá, o filhote de marimbá e o galhudo, só para citar alguns comuns do bairro de Ipanema, preferem nadar embolados com as areias suspensas pelas ondas quebradas. São visíveis também na faixa rasa onde as ondas levantam, e por onde, também, muitos nadadores preferem passar.
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