Crime, segregação e cidadania em São Paulo Editora Edusp O livro apresenta reflexões e dados sobre a segregação espacial em curso em São Paulo e retrata o processo de desuminação da cidade. A autora, a antropologa Teresa Pires do Rio Caldeira, relaciona medo e desrespeito a direitos básicos da população com alterações físicas na cidade. A convivência nas ruas é suprimida por avenidas que conectam enclaves fortificados e o espaço público acaba fragmentado. Aponta, apoiada em uma pesquisa consistente e um texto bem construído, como a cidadania é atropelada no processo e a fragilidade de um ordenamento urbano assim estabelecido. Dá para folhear o livro aqui, comprá-lo direto na editora aqui, ou ler aqui o artigo que a professora de sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Maria Helena Oliva Augusto, escreveu a respeito.
“Na São Paulo contemporânea, o espaço público é o mais vazio e o uso das ruas, calçadas e praças é mais raro exatamente onde há mais enclaves fortificados, especialmente os residenciais. Em bairros como o Morumbi, as ruas são espaços vazios e a qualidade material dos espaços públicos é simplesmente ruim. Devido à orientação interna dos enclaves fortificados, muitas ruas têm calçadas não-pavimentadas ou mesmo não as têm, e várias ruas atrás dos condomínios não são asfaltadas. As distâncias entre os prédios são grandes. Os muros são muito altos, sem proporção com o corpo humano, e grande parte deles ainda têm arames eletrificados. As ruas são para os automóveis e a circulação de pedestres torna-se uma experiência desagradável. Na verdade, os espaços psão construídos intencionalmente para produzir esse efeito. Andar no Morumbi é um estigma – o pedestre é pobre e suspeito.” Trecho do livro, página 314
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